Segunda-feira, 18 de outubro de 2010 Diferente de eleições anteriores, este segundo turno para presidente da República está fugindo do foco...
Segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Diferente de eleições anteriores, este segundo turno para presidente da República está fugindo do foco político para entrar em um debate religioso. Diversos jornais nacionais e estrangeiros têm noticiado uma acirrada competição pelo apoio divino por parte dos atuais candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O diário argentino “Clarín”, por exemplo, citou neste domingo (17/10) uma matéria publicada pelo paulistano “Folha de São Paulo”, na qual ambos os políticos tentam provar à sociedade que são contra o aborto.
A ambição pelo Planalto chegou a um nível em que candidatos – da noite para o dia – se tornaram religiosos desde criancinhas. Inclusive, foi divulgado na mídia de que a esposa do tucano, Mônica Serra, supostamente já teria feito um aborto na época da ditadura militar.
No último sábado (16/10), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Edir Macedo, teria criticado em seu blog o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, por ter deixado de apoiar Marina Silva (PV) para fazê-lo ao peessedebista sob o pretexto de que o Partido Verde apoiava o aborto, e que também não escolheria a candidata petista por esta mesma razão. O texto “Cuidado com o profeta velho” questiona as razões pelas quais Malafaia teria optado por José Serra, uma vez que este seria favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo (igual ao PT), indo contra os princípios da Assembleia. Até a publicação desta notícia, o artigo já tinha recebido 946 comentários.
Em um vídeo divulgado sexta-feira (15), o pastor Malafaia justifica o apoio dado ao tucano. ‘Você não acha que pega mal uma pessoa dizer que é religiosa agora? Quem é religioso não precisa fazer força pra mostrar. A mulher [Dilma] diz que é devota de Nossa Senhora de Aparecida, e nunca apareceu lá!’, disse o líder evangélico. 'Quem é que está preparado para conduzir este país, já foi governador, já foi prefeito, tem liderança, está acima do partido? É o Serra, gente!’, concluiu.
Ontem (17), a Polícia Federal teria apreendido cerca de um milhão de panfletos, supostamente encomendados por um membro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no qual recomendava o voto anti-Dilma, por causa do tema aborto, segundo a Folha de São Paulo. Em nota, a regional 1 da CNBB – de São Paulo – declarou que seus bispos “não indicam nem vetam candidatos ou partidos e respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor”, e que também a instituição “não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos”.
De acordo com o Artigo 19 da Constituição Federal de 1988, o Estado é laico, ou seja, oficialmente não tem religião. Mas, parece que a sociedade se esqueceu disso. Tem um velho ditado que diz que “política e religião não se misturam”. No entanto, o apoio de certas denominações religiosas está tão explícito, que chega a ser uma interferência no pensamento coletivo, em um retrocesso iluminista.
Temas como o aborto e casamento gay devem ser discutidos por toda a nação, e não apenas em determinados grupos, por ser uma questão que diz respeito a todos, uma vez que sua regularização ou rejeição não poderia ser submetida apenas a um “clube” de pensadores e intelectuais.
No dia 31/10 saberemos quem vai herdar o “reino dos Céus” pelos próximos quatro anos, e quem perderá a disputa por ter se “comportado” mal.
Diferente de eleições anteriores, este segundo turno para presidente da República está fugindo do foco político para entrar em um debate religioso. Diversos jornais nacionais e estrangeiros têm noticiado uma acirrada competição pelo apoio divino por parte dos atuais candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O diário argentino “Clarín”, por exemplo, citou neste domingo (17/10) uma matéria publicada pelo paulistano “Folha de São Paulo”, na qual ambos os políticos tentam provar à sociedade que são contra o aborto.
A ambição pelo Planalto chegou a um nível em que candidatos – da noite para o dia – se tornaram religiosos desde criancinhas. Inclusive, foi divulgado na mídia de que a esposa do tucano, Mônica Serra, supostamente já teria feito um aborto na época da ditadura militar.
No último sábado (16/10), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Edir Macedo, teria criticado em seu blog o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, por ter deixado de apoiar Marina Silva (PV) para fazê-lo ao peessedebista sob o pretexto de que o Partido Verde apoiava o aborto, e que também não escolheria a candidata petista por esta mesma razão. O texto “Cuidado com o profeta velho” questiona as razões pelas quais Malafaia teria optado por José Serra, uma vez que este seria favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo (igual ao PT), indo contra os princípios da Assembleia. Até a publicação desta notícia, o artigo já tinha recebido 946 comentários.
Em um vídeo divulgado sexta-feira (15), o pastor Malafaia justifica o apoio dado ao tucano. ‘Você não acha que pega mal uma pessoa dizer que é religiosa agora? Quem é religioso não precisa fazer força pra mostrar. A mulher [Dilma] diz que é devota de Nossa Senhora de Aparecida, e nunca apareceu lá!’, disse o líder evangélico. 'Quem é que está preparado para conduzir este país, já foi governador, já foi prefeito, tem liderança, está acima do partido? É o Serra, gente!’, concluiu.
Ontem (17), a Polícia Federal teria apreendido cerca de um milhão de panfletos, supostamente encomendados por um membro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no qual recomendava o voto anti-Dilma, por causa do tema aborto, segundo a Folha de São Paulo. Em nota, a regional 1 da CNBB – de São Paulo – declarou que seus bispos “não indicam nem vetam candidatos ou partidos e respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor”, e que também a instituição “não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos”.
De acordo com o Artigo 19 da Constituição Federal de 1988, o Estado é laico, ou seja, oficialmente não tem religião. Mas, parece que a sociedade se esqueceu disso. Tem um velho ditado que diz que “política e religião não se misturam”. No entanto, o apoio de certas denominações religiosas está tão explícito, que chega a ser uma interferência no pensamento coletivo, em um retrocesso iluminista.
Temas como o aborto e casamento gay devem ser discutidos por toda a nação, e não apenas em determinados grupos, por ser uma questão que diz respeito a todos, uma vez que sua regularização ou rejeição não poderia ser submetida apenas a um “clube” de pensadores e intelectuais.
No dia 31/10 saberemos quem vai herdar o “reino dos Céus” pelos próximos quatro anos, e quem perderá a disputa por ter se “comportado” mal.
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