Estados Unidos: uma nação vulnerável

País falhou em garantir a própria segurança. Chega-se à conclusão de que os Estados Unidos nunca mais foram os mesmos após o “11 de setembr...

País falhou em garantir a própria segurança.

Chega-se à conclusão de que os Estados Unidos nunca mais foram os mesmos após o “11 de setembro de 2001”, no qual milhares de pessoas morreram, por causa de um ataque terrorista. As famosas torres gêmeas do edifício comercial Word Trade Center, de 110 andares, desabaram. O capitalismo americano foi ferido e a imagem de segurança que o país passava ao mundo, abalada. No entanto, não é preciso entrar nestes detalhes, até porque o objetivo não é denegrir ou exaltar a imagem deste povo, e sim fazer uma abordagem sobre os recentes fatos.

Em outubro deste ano, o site Wikileaks divulgou uma série de relatórios secretos do governo americano a respeito da “Guerra no Iraque” sobre supostos abusos cometidos a civis.

O mais recente episódio manchando a boa reputação da diplomacia norte-americana foi a divulgação de mais de 250 mil documentos – datados de 1966 ao início de 2010 – nos quais o governo estadunidense supostamente estaria investigando e interferindo na política de diversos países. Neste domingo (28/11) e segunda-feira (29), o mesmo portal Wikileaks compartilhou os conteúdos obtidos a cinco veículos de comunicação, sendo um americano (The New York Times) mais quatro europeus (El País, na Espanha; Le Monde, na França; The Guardian, no Reino Unido e Der Spiegel, na Alemanha).

De acordo com o Wikileaks, o Brasil combateria de forma oculta o terrorismo. Além disso teria prendido, em maio do ano passado, em São Paulo, um alto escalão da rede Al Qaeda. Contudo, o governo brasileiro nega que aqui haja terroristas. Os Estados Unidos temeriam que grupos criminosos entrassem em solo sul-americano pela Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), devido à falta de vigilância na região.

Até o ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi envolvido nesse “disse-me-disse”: de acordo com um telegrama, de 2008, o ministro teria dito ao embaixador estadunidense, Clifford Sobel, que o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Exteriores (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães, odiaria os Estados Unidos. Contudo, Jobim nega.

Já a presidenta argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, teria sua saúde mental investigada, inclusive como fazia para combater o stress do trabalho. Além disso, a mandatária só seria um fantoche nas mãos do falecido marido, Nestor Kirchner, quem realmente governava a Argentina. Até a publicação desta notícia, a Casa Rosada, sede do governo, não havia se pronunciado publicamente sobre o caso.

Os americanos estariam tentando deixar “ilhado” o presidente venezuelano, Hugo Chávez, do restante da América Latina, fazendo com que acreditassem que ele estaria “louco”, segundo as publicações. Para o líder dessa nação, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deveria renunciar o cargo, como uma resposta ao mundo.

A chanceler alemã, Ângela Merkel, por exemplo, seria uma mulher sem criatividade e que evita correr riscos. Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, uma pessoa “delicada” e autoritária. Vários chefes de estado foram investigados.

Nem o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, teria escapado da mira norte-americana. No entanto, ele reafirmou sua “transparência” e disse não estar em condições de comentar sobre os documentos.

Sobrou até para a administração do presidente americano, Barack Obama, a responsabilidade no golpe de estado que arrancou do poder o hondurenho José Manuel Zelaya, no dia 28 de junho do ano passado.

O Ministério das Relações Exteriores do Equador havia informado que, convidaria o dono de Wikileaks, Julian Assange, para que relatasse tudo o que sabia sobre as investigações dos Estados Unidos na América Latina, inclusive, que desse aulas para formar novos investigadores. E, pra completar, poderia dar um status de residente, caso Assange desejasse.

O governo colombiano manifestou apoio aos americanos, e disse que tais informações poderiam comprometer a segurança de seus cidadãos e funcionários.

Tais revelações aclaram a falta de segurança que há no governo americano quanto à proteção de dados sigilosos, uma vez que diversas informações teriam sido obtidas através da confiança. Com isto, não só os Estados Unidos ficam expostos ao mundo como também seus colaboradores que atuaram em segredo.

Mais do que a vergonha diante da comunidade internacional é a sensação que todos devem estar sentido por serem vigiados. Certamente, um jeito de minimizar a situação e evitar mais estragos nas relações internacionais é descobrir como o Wikileaks estaria conseguindo tais informações, até porque, talvez o que mais surpreendente não é o fato de um país investigar o outro, mas sua incapacidade se proteger de si mesmo.

Tais descobertas invertem um jogo: transformam vilões em mocinhos, e vice-versa: como é o caso do governo de Hugo Chávez, conhecido por supostamente violar as liberdades de imprensa e civis, por exemplo, que está usando da situação para ressaltar ao mundo que seria vítima de perseguição do “império”, como o próprio mandatário gosta de dizer. Enquanto isso, os EUA, uma nação livre e democrática passa a ocupar uma posição contrária a que costuma pregar.