Brasil: um país de analfabetos alfabetizados

Domingo, 05 de junho de 2011 Livros distribuídos pelo MEC apresentavam erros de matemática e de português Uma criança aprende desd...

Domingo, 05 de junho de 2011

Livros distribuídos pelo MEC apresentavam erros de matemática e de português

Uma criança aprende desde pequena que ela tem que ir pra escola, para aprender a ler e a escrever, ou seja, se alfabetizar, para quando crescer poder trabalhar e ter uma vida melhor. Mas, aparentemente pode estar ocorrendo o contrário. O Guia 4 de Matemática – o Escola Ativa –, um livro distribuído com erros pelo Ministério da Educação (MEC) a alunos da zona rural das séries primárias (1ª a 4ª série) dizia que 10-7 era igual 4, e não 3; que 16-8 era igual a 6, e não 8. E que 16-7 era 5, e não 9, conforme reportagem publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo”, neste sábado (4/6). No mês passado, foi a vez do livro de português Por uma vida melhor apresentar erro gramatical: “nós pega o peixe”, e não “nós pegamos o peixe”, cujo verbo deveria concordar com o pronome, respeitando a norma culta da Língua Portuguesa”. Pode-se dizer que no Brasil é possível alfabetizar um indivíduo para que seja analfabeto.

Provavelmente, Pitágoras deve estar se remoendo no túmulo neste momento, pelo simples fato de terem transformado a matemática, que até então era tida como uma ciência universal e exata, numa matéria alternativa, ou seja, com mais de uma resposta para uma mesma operação fundamental.

Somente no segundo semestre do ano passado, cerca de 200 mil exemplares do livro de matemática teriam sido distribuídos. Ao todo teriam sido impressos sete milhões. O custo aos cofres públicos foi de R$ 13,6 milhões. Com esse desperdício de dinheiro será muito difícil o governo federal conseguir economizar R$ 50 bilhões, para que o Brasil consiga um superávit de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

No ano passado, 33 mil cópias do caderno de respostas da prova amarela do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também tinham apresentado erro, pois os cabeçalhos estavam invertidos. No entanto, a gráfica responsável teria substituído cerca de 21 mil desses cadernos. Os estudantes que se sentiram prejudicados puderam fazer nova prova em dezembro do mesmo ano.

Em 2007, por exemplo, a Prefeitura do Rio barrou a utilização do livro Geografia, Sociedade e Cotidiano – recomendado pelo MEC – nas escolas municipais, porque mostrava um mapa do tráfico de drogas na região.

Os recentes episódios só ressaltam a má qualidade da educação no País, uma vez que os constantes erros vêm de “cima”, ou seja, de quem não deveria cometê-los. Portanto, tornando o Ministério da Educação mais desacreditado, especialmente, quando vem à memória o esquema de venda de provas denunciado pelo “Estado de São Paulo”, em 2009, no qual dois homens tentaram vender uma cópia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a uma repórter do diário por R$ 500 mil, conseqüentemente provocando a anulação das mesmas e o atraso, até que novas provas estivessem prontas. Deste modo, revelando a fragilidade na segurança do mesmo.