Brasil caminha rumo à “Copa da Corrupção”

Terça-feira, 27 de março de 2012 Dois serviços de infraestrutura poderiam afetar aos jogos: segurança e transportes. “Brasileiros, ...

Terça-feira, 27 de março de 2012

Dois serviços de infraestrutura poderiam afetar aos jogos: segurança e transportes.

“Brasileiros, continuem cobrando e se manifestando, porque essa palhaçada vai piorar quando tiver a 1 ano e meio da copa [2014]. O pior ainda está por vir, porque o governo deixará que aconteçam as obras emergenciais, as que não precisam de licitações. Aí vai acontecer o maior roubo da história do Brasil. Aí eu quero ver se as pessoas que apareceram sorrindo na foto durante a reunião de ontem vão querer aparecer. Esse Brasil é um circo e os palhaços vocês sabem bem quem são”. Essas foram as recentes declarações do ex-jogador de futebol Romário, e, atualmente, deputado federal.

Esses atrasos já tinham sido criticados pelo “rei” do futebol, Pelé, e, recentemente, pelo secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, que disse que o país deveria levar um “chute no traseiro”.

É vergonhoso que, o Brasil – sexta maior economia mundial e líder na América Latina – não possa servir de bom exemplo no quesito honestidade aos vizinhos. Nota-se pelas afirmações do ex-jogador, que teme que o país esteja caminhando rumo à “Copa da Corrupção”, como já foi mencionado pela imprensa brasileira, devido aos gastos excessivos para a preparação da Copa do Mundo. Para Romário, os atrasos seriam propositais, já que pelas leis daqui as obras emergenciais não precisam de licitações. Portanto, se poderia escolher qualquer empresa sem a preocupação do menor preço, o que supostamente poderia favorecer às empresas de amigos, familiares e de patrocinadores eleitorais.

Os supostos golpes de corrupção poderiam ser bem maiores do que o “Escândalo do Mensalão”, ocorrido entre 2005 e 2006 durante o governo Lula e, que jamais houve esforços reais para provar que os suspeitos tinham culpa no que foi considerado um dos maiores assaltos aos cofres públicos da história do país.

Pra dizer a verdade, a Copa de 2014 é criticada e rejeitada por muitos brasileiros, que a vêem como um desperdício de dinheiro, que poderia ser utilizado para melhorar os serviços de infraestrutura, como: saúde, segurança e transportes. Muitos doentes sofrem nas intermináveis filas dos hospitais públicos em busca de atendimento e, em certos casos, só conseguem uma consulta médica dois ou três meses depois de marcada. No entanto, os que afetam diretamente ao evento são segurança e transportes. No primeiro caso, as autoridades já estariam tentando minimizar a violência urbana com a implantação das Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs), na retomada das favelas ocupadas pelo tráfico de drogas, por exemplo, a Rocinha, no dia 13 de novembro passado por militares. Porém, no último dia 19 de março teria ocorrido um confronto entre policiais e bandidos; o sistema de transportes é outro pesadelo para a população deste país: constantes engarrafamentos em regiões como Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital carioca, os ônibus estão sempre lotados, insuficientes pra atender a demanda e ainda por cima nem todos têm ar condicionado. Já os trens, são precários, é algo inenarrável, além de não suportar a demanda, do mesmo modo que o metrô. Já existem planos na “Cidade Maravilhosa” para pôr em prática um sistema de rodízio de veículos, cuja circulação variaria com o final da placa, como tem em São Paulo.

Todavia, o Brasil tem outro problema particular: a revenda ilegal de ingressos. Muitos cambistas os compram legalmente para vendê-los pelo dobro ou triplo, se aproveitando da falta de fiscalização e/ou de leis que punam a prática. Dessa maneira, prejudicando quem realmente quer assistir às competições.

A corrupção já está na filosofia do brasileiro

No último dia 18 de março, o programa “Fantástico”, da Rede Globo, denunciou um suposto esquema de corrupção no Hospital do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos maiores hospitais públicos do país. Os proprietários e funcionários de quatro empresas prestadoras de serviço “maquiavam” as licitações. Na matéria, eles contavam em detalhes e com certa normalidade e deboche como obtinham vantagens em contratos: os empresários já escolhiam as falsas rivais, que colocariam os preços mais caros, favorecendo a uma em especial, como uma troca de favores. Além disso, ofereciam de 10 a 30 por cento de comissão a altos funcionários públicos depois de concretizarem a negociação. Em alguns casos, a propina era entregue em caixas de vinhos, para não despertar suspeitas.

Depois da veiculação da reportagem, todos os envolvidos teriam negado tudo. Mas, a mesma serviu para mostrar que, a corrupção, supostamente, já estaria entranhada na filosofia do brasileiro, que vê com certa naturalidade, inclusive, com certa piada, sem se preocupar que o dinheiro roubado poderia ser usado para melhorar a infraestrutura do país ou que estariam cometendo um crime. É decepcionante!!!

Talvez, seja possível afirmar que, após a denúncia da TV Globo, que essas empresas teriam sido prejudicadas para disputar licitações em serviços para a Copa. Só falta realmente saber se isso vai acontecer, uma vez que os brasileiros têm a péssima mania de esquecer das coisas com facilidade e, aparentemente, se importarem com o que não tem importância. As pessoas adoram protestar contra o maltrato aos animais, mas não contra o fato de estarem sendo roubadas.