Galileo Educacional envia comunicado aos professores, pedindo-lhes desculpas pelo atraso no salário de março e, sem nenhuma previsão de paga...
Galileo Educacional envia comunicado aos professores, pedindo-lhes desculpas pelo atraso no salário de março e, sem nenhuma previsão de pagamento os convida a voltarem a trabalhar.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Novos cartazes foram colados na fachada |
Por volta das 19h desta segunda-feira (21), um novo grupo de alunos voltou a conversar com o novo reitor, Fernando Braga, quem teria, supostamente, dito aos presentes que não poderia, por enquanto, fazer nenhum tipo de promessa, mas que a faculdade tentaria realizar um novo pagamento aos professores até a próxima quarta-feira (23), quando ocorrerá uma assembléia no sindicato da categoria (Sinpro-Rio). Além disso, o reitor teria dito que iria tentar enviar – sem fazer promessas – a essa assembléia um representante, para que pudesse esclarecer as dificuldades de pagamento. Quanto à recuperação do semestre, teria dito que este primeiro se estenderia até agosto, aproximadamente. Um novo calendário só seria divulgado, quando as aulas recomeçassem.
O senhor Braga teria dito aos alunos que se sentiu desrespeitado, pelo fato de um grupo o terem seguido até o estacionamento, na última sexta-feira (18), sob vaias e xingamentos. A conversa durou quase três horas.
Algum tempo depois que a reunião acabou, o reitor desceu e foi falar com os demais alunos por mais ou menos uns 20 minutos. Com uma voz bem baixinha, disse que o momento era de união e que o principal objetivo era a volta às aulas.
Galileo Educacional assume que está devendo aos professores
O grupo gestor enviou e-mails aos professores, nesta segunda-feira (21), se desculpando com eles e com os estudantes e reconhecendo publicamente, em nota, que está devendo o pagamento de março e a alguns fornecedores. A única coisa estranha é que a mesma, embora esteja no site, não tem até o momento nenhum atalho na primeira página, para que se pudesse ser visto. Quanto ao salário de abril, que estava sendo parcelado, não se sabe se todos os docentes já teriam recebido. Segue o comunicado na íntegra:
“COMUNICADO À COMUNIDADE ACADÊMICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE
Considerando os acontecimentos do primeiro trimestre de 2012, que culminou com a falta de pagamento do salário de março e de alguns fornecedores, informamos:
Foram revistos os processos de gestão que redundaram numa sequência de fatos negativos ao projeto GALILEO EDUCACIONAL. No início de maio, o Professor Ms. Marcio André Mendes Costa se desligou das funções executivas e educacionais que passaram a ser geridas por um Colegiado composto por quatro diretorias, a saber: Diretoria Financeira, Diretoria de Relações com Investidores, Diretoria de Operações e Diretoria de Regulação e Controle, assumindo a presidência do Colegiado o novo diretor financeiro, o Sr. Carlos Peregrino, e na área educacional foi nomeado pelo Colegiado o novo Reitor, o Professor Doutor Fernando Vieira Braga.
A principal missão do Colegiado é restabelecer a ordem financeira no menor tempo possível, de forma a resgatar a credibilidade e confiança de todos, seja funcionário direto ou indireto, assim como o corpo docente e discente.
Como primeira medida, o Colegiado estruturou um novo plano de contas, priorizando o pagamento de salários e despesas com infraestrutura, para que não mais ocorram os problemas vividos nos primeiros cinco meses do ano.
Sabemos do pouco tempo para resolver essas questões e que medidas saneadoras Precisam ser implementadas. Nesse sentido, o Colegiado está determinado e coeso em sua missão de restabelecer a ordem financeira e de buscar novas soluções de mercado que permitam a capitalização da UniverCidade, nos mesmos moldes realizados no ano passado.
Vale lembrar que, no início de 2011, a GALILEO iniciou um processo bem sucedido de captação de recursos em parceria com a Universidade Gama Filho junto ao mercado financeiro e reverteu esse recurso na implementação de um novo processo de gestão naquela Universidade.
Por sua vez, no segundo semestre do mesmo ano, com novo apoio financeiro, a GALILEO alavancou recursos de menor monta junto a parceiros financeiros para proporcionar um ajuste inicial no fluxo de caixa da UniverCidade.
Em ambos os casos, os recursos aportados permitiram colocar em dia as obrigações operacionais e financeiras. No tocante a área educacional, como não podia deixar de ser, um novo plano de ensino foi elaborado para poder ajustar as duas instituições à nova realidade de sustentabilidade, tendo como alvo a melhoria em infraestrutura e na qualidade do ensino.
Como resultado de todo esse esforço, o ano de 2011 trouxe muita esperança a todos, mas os acontecimentos dos últimos meses geraram uma expectativa reversa, redundando na deflagração de uma paralisação dos professores, demonstrando a insatisfação com a mudança de rumo e a falta de perspectiva sobre o futuro da UniverCidade.
Essa falta de perspectiva permitiu que se especulasse sobre diversos temas e, nesse aspecto, temos a informar que o momento vivido foi reflexo de elevada demanda de investimento em infraestrutura no curtíssimo prazo, em razão de muitos cursos apresentarem instalações defasadas e os boatos decorrentes desse aperto no fluxo de caixa, quaisquer que sejam, são improcedentes ou mesmo inconsistentes, basta observar todo o esforço feito desde o ano passado para nivelar as duas instituições em prol da unificação em futuro próximo.
Vale esclarecer que esse esforço de nivelamento não esteve restrito a questões de infraestrutura, também se estendeu à área educacional e até de pessoal, com a estruturação de um novo plano de cargos e salários a ser implantado no momento oportuno.
Sabemos também que decisões foram tomadas e que algumas geraram grande descontentamento, mas esse é um tempo sem retorno. Agora, resta-nos aprender com os erros do passado. Hoje vivemos uma crise de confiança, com certeza a pior de todas as crises, pois supera as questões materiais e, sobretudo, nos faz perder a esperança de um futuro melhor.
Neste aspecto, a criação do Colegiado prima pelo resgate desse estado de confiança com uma abordagem equilibrada e apurada na busca de soluções que recuperem a ordem financeira no curto prazo e, por meio de ações concretas, restabelecer o elo de entendimento com os coordenadores e professores.
Este é um tempo de trabalho árduo, porque estamos chegando ao final do semestre tendo de saldar duas folhas de pagamento do corpo docente e, ao mesmo tempo, temos que restabelecer junto ao nosso corpo discente a confiança de que tudo será restabelecido com máxima urgência possível, de forma que não faltem mais insumos e segurança em nossos Campi, dentre outras providências de cunho organizacional.
Para isso, optamos por restringir a terceirização de serviço, de forma a resgatar a qualidade necessária e ao mesmo tempo privilegiar nossos professores e dar oportunidade de trabalho aos nossos alunos por meio do fomento de nossas empresas juniores, uma vez que temos cursos nas diversas áreas do conhecimento capazes de dar o apoio técnico e operacional necessário às nossas atividades.
Outras medidas na área educacional também serão implementadas a curto prazo, no sentido de restabelecer a ordem institucional e isso será feito em conjunto com todas as instâncias da área acadêmica, de forma a preservar os esforços empreendidos desde o início do projeto.
Quanto ao estado de paralisação das aulas, entendemos que os pleitos são legítimos, entretanto, da forma como essa paralisação vem sendo conduzida se percebe contornos políticos sem resultado positivo para nenhum dos lados. Salário é uma obrigação e não se discute. Os docentes não precisam de qualquer representatividade para dizer isso, porém, as atitudes de imposição da paralisação, intimidando e retirando os professores de sala de aula, perderam o sentido e o maior prejudicado com essa situação é o estudante.
Podemos afirmar que estamos diante de um momento crítico jamais vivido nos últimos anos, razão pela qual carece de muita reflexão e neste aspecto, independente de condicionar ao pagamento da folha, o retorno às aulas deve ser visto como elemento vital da perenidade do próprio espaço de trabalho.
Diante do exposto, conclamamos os professores a retornar às aulas ao longo da semana. Da nossa parte, está garantida a segurança e bem estar de todos que retornarem às suas atividades acadêmicas. Não permitiremos mais qualquer ação ou constrangimento com os professores que sempre devotaram dedicação ao trabalho em sala de aula.
Por fim, o colegiado constituído entende e formaliza o pedido de desculpas a todos os funcionários diretos e indiretos, bem como ao corpo docente e discente por todas as medidas que, de alguma forma, os remeteu a um quadro de desesperança. Afirmamos nosso empenho no resgate da confiança e na retomada dos trabalhos, certos da grandeza desta renomada Instituição de Ensino Superior, o Centro Universitário da Cidade.
GALILEO EDUCACIONAL
Diretoria Colegiada”
OPINÓLOGO fica com alguns pontos deste comunicado, que precisam ser observados: no décimo parágrafo, por exemplo, a instituição admite o desejo de unificar a UniverCidade com a Universidade Gama Filho (UGF), conforme negritado aqui por este jornalista que lhes escreve. Tal afirmação difere do que foi dito pelo ex pró-reitor – agora diretor de Operações – Wanderley Cantieri, no último dia 2 de maio, quando um grupo de estudantes e duas professoras se reuniram na reitoria. Depois de ter sido questionado por um dos presentes sobre a possibilidade de fusão, alegou que se tratava de boatos e que ambas continuariam separadas. Estava previsto para até o fim de janeiro passado a fusão entre as duas faculdades, mas isso não aconteceu ainda, por depender da aprovação do Ministério da Educação (MEC).
Já o terceiro parágrafo, a mesma fala em recuperar a credibilidade e confiança de alunos e funcionários. Esse inverso, possivelmente, só ocorreu devido a uma comunicação não muito estratégica, que deveria ter sido traçada há mais tempo com uma política de maior transparência que pudesse realmente dar mais esperanças aos professores. Porque, em determinados momentos promessas de pagamento teriam sido feitas e suas datas, não cumpridas. Também é fundamental resgatar a credibilidade junto ao mercado, pois tanto a UniverCidade quanto a UGF têm um nome a zelar, já que oferecem alguns dos cursos mais conceituados do Rio de Janeiro, quiçá, do Brasil, tais como Turismo e Medicina, respectivamente.
No sétimo parágrafo, a instituição fala em parceiros financeiros, contudo sem mencionar quem seriam. Um deles subentende-se que seria o Banco Mercantil do Brasil, no qual os docentes tiveram que abrir contas bancárias, recentemente, para receber seus pagamentos.
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