Museu do Índio e escola pública podem ser demolidos para dar mais espaço ao Mundial Imagem: Meu Rio / Reprodução / Creative Commons ...
Museu do Índio e escola pública podem ser demolidos para dar mais espaço ao Mundial
Imagem: Meu Rio / Reprodução /
Creative Commons
Alunas pedindo apoio para que escola não seja demolida pelo governo do Estado do RJ |
“A taça do mundo é nossa”. Esta pode até ser que sim, como canta um velho refrão, mas a Copa, nem pensar!!! Cada vez mais, é consenso por grande parte dos brasileiros, que o Mundial de 2014 é definitivamente para “gringo ver”: primeiro, foi o impasse sobre a meia-entrada para idosos e estudantes; em segundo, a permissão para vender bebidas alcoólicas nos estádios durante o evento; em terceiro, a tentativa de proibir que as baianas vendessem o acarajé no entorno dos estádios, com base na Lei Geral da Copa; em quarto, o interesse do governo fluminense de querer derrubar o antigo Museu do Índio numa área próxima ao Maracanã; e em quinto, a possibilidade de demolir a Escola Municipal Friedenreich, pelo mesmo motivo que o do museu.
Caso a caso
Em relação à meia-entrada, finalmente a questão foi resolvida a favor dos brasileiros, já que havia divergências entre as leis brasileiras e os interesses da Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Quanto ao fato de permitir a venda de bebidas alcoólicas durante as partidas, há quem goste, há que não. Mesmo sendo benéfica para alguns beberrões e principalmente para os patrocinadores, a medida criada especialmente para a Lei Geral da Copa contraria a legislação brasileira, que proíbe a venda de tais produtos nos estádios.
Após críticas e repercussão negativa, a Fifa recuou e disse que permitiria que as baianas vendessem seu produto. O Ministério Público local chegou a ameaçar que recorreria à Justiça para garantir o direito dessas profissionais. Elas são consideradas patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), publicou o portal Uol.
Em atendimento ao pedido da Defensoria Pública da União (DPU), a Justiça concedeu liminar proibindo a derrubada do Museu do Índio e o despejo dos indígenas que vivem lá. O imóvel pertencia à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas foi vendido para o governo do Rio de Janeiro. Caso a decisão judicial seja descumprida, a antiga proprietária – ré na ação – poderá pagar multa de R$ 5 milhões, afirmou a DPU. Estranha-se não achar nenhum abaixo-assinado em defesa dos nativos brasileiros.
Existem pelo menos duas petições na internet contra a demolição da Escola Municipal Friedenreich, que pertence à Prefeitura carioca, uma no site da Avaaz e outra no Meu Rio. Ambas serão entregues ao secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Regis Fichtner. No primeiro, não dá pra saber o total de assinaturas, porque o portal não está com todas as funcionalidades disponíveis, devido ao furacão Sandy, nos Estados Unidos. Já na página brasileira há pelo menos 7.935 manifestações de apoio. Soa irônico que, o país que está classificado em 88° lugar em educação, conforme dados da Unesco, queira derrubar um colégio que ficou entre os melhores colocados no Brasil e no Rio de Janeiro no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, do Ministério da Educação, para as séries do Ensino Fundamental.
A petição no portal Meu Rio para proteger a escola foi criada por Beatriz Ehlers, uma aluna de apenas 11 anos da 4ª série do Ensino Fundamental, que não sabe o futuro do local onde aprendeu a ler e a escrever, tampouco se continuará em contato com amigos de turma e professores.
Nos dois últimos casos exemplificados, as derrubadas fariam parte do projeto de privatização do Maracanã pelo governo fluminense.
Nossos governantes – sem generalizar – estão parecendo nossos colonizadores, que tentam atropelar e desrespeitar os valores culturais do país e suas próprias leis, apenas para promover uma grande “festa”, que deverá ser vista internacionalmente. Embora o Brasil seja considerado o país do futebol e este já faça parte da nossa cultura, no fundo é muito mais do que isso. Portanto, é fundamental que os demais valores sejam respeitados, porque a Copa passa, um legado fica, porém com ganhos e perdas. Afinal de contas, Brasil ainda se escreve com S, e esporte não substitui educação, apenas a complementa!!!
Símbolos criticados
Pelo menos dois símbolos do Mundial foram alvos de críticas recentemente: primeiro, os três nomes sugeridos para a bola oficial – “Bossa Nova”, “Brazuca” ou “Carnavalesca” – com decisão favorável ao segundo; em segundo lugar, os três nomes indicados para o tatu bola, o mascote oficial: “Amijubi”, “Fuleco” ou “Zuzeco”. Além de estar em extinção, o pobre animal já é vítima de preconceito, mesmo sem uma identidade. A ONG Avaaz chegou a promover um abaixo-assinado para que o Comitê Organizador Local permitisse a inclusão de outros nomes.
“Amijubi” é uma mistura de amigo com júbilo; enquanto “Fuleco”, com futebol e ecologia. E “Zuzeco”, de azul com ecologia. A votação estará disponível até o meado de novembro no site da Fifa.
Tais críticas só reforçam um sentimento que é coletivo e que cada vez mais ganha proporção: que a Copa é do Brasil, mas não é nossa.
Leia também:
A derrota social do Brasil
É difícil ser índio, quando os mocinhos querem lhe pegar
Rio: estudantes de escola no Maracanã podem relaxar por 365 dias
No Brasil, a educação tenta vencer a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016
Fuleco: não é “aquilo” que andam falando por aí...
Pobre, Fuleco!!!
A derrota social do Brasil
É difícil ser índio, quando os mocinhos querem lhe pegar
Rio: estudantes de escola no Maracanã podem relaxar por 365 dias
No Brasil, a educação tenta vencer a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016
Fuleco: não é “aquilo” que andam falando por aí...
Pobre, Fuleco!!!
COMMENTS