Imagem: Divulgação Quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar basta A novela da crise financeira que envolve a UniverCidade, n...
Imagem: Divulgação
Quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar basta |
A novela da crise financeira que envolve a UniverCidade, no Rio de Janeiro, está completando um ano, neste sábado (22/12). E a situação é basicamente a mesma: pagamentos atrasados, nada de 13° salário e um futuro incerto. Fica difícil comemorar Natal e Réveillon!!!
Ao invés de receberem integralmente o 13° salário de 2012, na última sexta-feira (21), conforme prometido pelos novos gestores do grupo Galileo Educacional, os docentes tiveram em suas contas apenas a segunda metade do salário de novembro, que seria paga no próximo dia 28. E no fim do mês é que deverão receber todo o décimo terceiro, informou o grupo mantenedor à Associação de Docentes da Gama Filho (ADGF), alegando um “erro no fluxo financeiro”.
O cenário deste fim de ano não é tão diferente do de 2011. Naquela ocasião, os professores só vieram receber o salário de novembro naquele 23 de dezembro. E o 13° de 2011, apenas no início de 2012. O que mudou foi que também afetou os profissionais da Universidade Gama Filho (UGF), que também fazem parte do mesmo conglomerado de ensino superior.
Vale lembrar que, a crise da UniverCidade é antiga, no entanto, apresentou uma aparente estabilidade no segundo semestre de 2011, após ser adquirida pelo grupo mantenedor, que começou a pagar em dia os salários por alguns meses.
Vale lembrar que, a crise da UniverCidade é antiga, no entanto, apresentou uma aparente estabilidade no segundo semestre de 2011, após ser adquirida pelo grupo mantenedor, que começou a pagar em dia os salários por alguns meses.
Imóvel penhorado
O sindicato dos professores (Sinpro-Rio) informou, na última segunda-feira (17), ter penhorado em ação judicial um imóvel da UniverCidade – valor estimado de R$ 3,6 milhões – para garantia de execução trabalhista. Fica na Rua Almirante Sadock de Sá, n° 245, em Ipanema. A entidade sindical não entrou em detalhes, mas pela numeração subentende-se tratar de um imóvel onde a Aliança Batista – nova acionista majoritária do grupo Galileo Educacional – estaria construindo a nova sede. Portanto, o edifício em questão não é nenhum dos três do mesmo logradouro (A, B e C), onde as aulas são realizadas, já que possuem numeração par.
Demitidos de 2011
Em audiência realizada no último dia 12, a Galileo Educacional se comprometeu com o Sinpro-Rio a pagar em três parcelas o salário de dezembro de 2011 dos profissionais demitidos naquele ano, ao firmar um novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no Ministério Público do Trabalho (MPT). As mesmas seriam executadas no dia 14 dos meses de janeiro, fevereiro e março do próximo ano. De acordo com os sindicalistas, a mantenedora teria proposto o pagamento em seis parcelas, que foi recusado, depois para quatro até chegar a três.
Cada parcela tem um valor aproximado de R$ 212 mil, que somadas chegariam a R$ 637 mil. A cifra corresponde aos R$ 700 mil bloqueados do grupo educacional desde abril deste ano. O objetivo do sindicato era tentar bloquear a soma de R$ 1,8 milhão para que se pudesse pagar também o 13° salário de 2011, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), multas, juros por atrasos de pagamento e uma “indenização por demissão abusiva em massa por parte do empregador”, por exemplo, detalhou o Sinpro-Rio. O total a ser pago pelo TAC será menor do que a quantia bloqueada, pelo fato de pelo menos 71 docentes terem sido readmitidos nas duas faculdades.
Os R$ 700 mil em questão foram bloqueados a pedido da entidade sindical, depois que a gestora descumpriu outro Termo de Ajuste de Conduta, firmado na 22ª Vara Trabalhista, no início deste ano.
Dois processos em VTs diferentes para um mesmo assunto e um mesmo réu
Existem dois processos na Justiça do Trabalho, abertos em janeiro deste ano: um na 22ª Vara, que trata dos docentes da UGF; outro na 68ª Vara, que trata dos docentes da UniverCidade. O que está nesta Vara Trabalhista já foi encaminhado para a 22ª, que o devolveu para a 68ª. E que no final voltará para a 22ª Vara Trabalhista, após determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que, concluiu que houve Conflito de Competência, já que em ambas as ações o grupo educacional é citado como réu, e que as mesmas tratam do mesmo assunto. Entende-se por Conflito de Competência a ação para decidir a autoridade judiciária a julgar um caso.
Docentes do curso de Medicina da UGF
O Jornal Nacional – da TV Globo – exibiu, no último dia 10, uma série de reportagens sobre os cursos de Medicina no Brasil e no exterior, incluindo o curso da Gama Filho. Foram mencionados a demissão de 140 professores da área da saúde e o rompimento de convênio com a Santa Casa da Misericórdia, local onde os estudantes poderiam colocar em prática o aprendizado. 41 docentes – que seriam funcionários dessa unidade hospitalar – acabaram se tornando voluntários e dando aulas de graça, para que os futuros colegas de profissão não fossem prejudicados.
No segundo semestre deste ano, esses 41 foram readmitidos, contudo está em discussão com o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed RJ) e o grupo Galileo Educacional o pagamento de uma verba pelo período que ficaram lecionando, entre janeiro e junho passado.
Transferência de gestão
Alguns alunos disseram ao OPINÓLOGO estar preocupados com a transferência de gestão de alguns campi da UniverCidade para a Gama Filho, porque, supostamente, teriam que fazer uma transferência externa. Não há muitas informações sobre isso. Ao que parece, as unidades de Madureira e da Freguesia passariam para a UGF, enquanto as de Ipanema, Méier e Centro continuariam com a UniverCidade.
Já alguns docentes temem que seja uma suposta tentativa de “fechar” as portas da UniverCidade aos poucos e migrar tudo para a Gama Filho, com isso podendo ocasionar o não recebimento de pagamentos atrasados, como o 13° salário de 2007, por exemplo.
Cobertura de um ano
Hoje (22) também completa um ano que OPINÓLOGO começou a acompanhar oficialmente a crise financeira nas duas faculdades, quando denunciou o não recebimento do salário de novembro do ano passado. Desde então, já cobriu várias manifestações, greves (dos docentes e funcionários administrativos), paralisações, assembleias sindicais etc. Para estas, deixando de ir a somente três, comparecendo mais do que muitos professores ao longo da carreira. Também já tentou ouvir o grupo educacional em algumas ocasiões, porque escutar os dois lados é fundamental e faz parte da ética jornalística. Mas, como nunca obteve resposta, acabou desistindo de tentar. E pôde constatar que a nova cúpula do grupo Galileo Educacional está mais aberta ao diálogo que a anterior, o que teria feito toda a diferença no início deste 2012.
E durante os últimos 365 dias, pôde observar que muita gente – nomes não serão citados – está como esses barquinhos (foto): sem rumo, deixando-se levar pela correnteza. Já diz um velho ditado: “quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar basta”. O caso não se aplica, por exemplo, aos professores da Gama Filho, que rapidamente criaram uma associação para reivindicar os direitos, sem ficar à mercê do sindicato. O trabalho é feito paralelamente.
As filosofias indiana e budista pregam a doutrina da roda da vida – chamada de Nidanas – que representa as 12 etapas da reencarnação. E curiosamente, o movimento de docentes e alunos se encaixa na quarta, chamada de “Namarupa”, sendo representada por um barco com passageiros. Muitas vezes, esse transporte é simbolizado pela falta de remos. De acordo com o site “Nossa Casa”, esse nidana representa o nome e a forma. “Os passageiros são emotivos e tagarelas, características da experiência humana transportada pela consciência. Associados à consciência completam o agregado que chamamos o indivíduo”, completou o portal. E é justamente isso que falta: forma. Muitos professores e estudantes ficam indiferentes a uma situação que os afeta, ou então “em cima do muro”. Difícil saber o que é pior!!! Já na numerologia tradicional, o quatro é o número do destino: os quatro pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste), as quatro estações do ano, e por aí vai...
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