Informação atualizada em 27/02/2013, às 16h15 Estudantes da UGF e UniverCidade fazem segunda manifestação em menos de uma semana na Alerj...
Informação atualizada em 27/02/2013, às 16h15
Estudantes da UGF e UniverCidade fazem segunda manifestação em menos de uma semana na Alerj
Estudantes da UGF e UniverCidade fazem segunda manifestação em menos de uma semana na Alerj
Imagem: OPINÓLOGO – Diego Francisco
“¿Cadê o MEC [Ministério da Educação]?” Esse é o mantra praticado por alunos e professores da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) por mais de um ano, a respeito dos problemas que ocorrem nas duas instituições, que as colocam de cabeça para baixo, literalmente, como o ponto de interrogação que dá início à fala dos mesmos. O questionamento também foi feito, nesta terça-feira (26/2), por deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investigam supostas irregularidades em faculdades privadas no estado, durante a audiência que teve a presença do presidente do grupo Galileo Educacional, Alex Farias (foto 2).
Na CPI
Numa sessão lotada, que dificultou a entrada de mais gente, por causa do espaço pequeno e limitado na sala 311, um dos assuntos discutidos foi os débitos tributários do grupo educacional que chegam a R$ 900 milhões, sendo que a receita seria de apenas R$ 11 milhões, de acordo com o presidente Alex Farias. Além disso, serão investigados: os débitos pendentes do convênio com a Santa Casa da Misericórdia, afetando as aulas práticas dos alunos de Medicina da UGF; o não pagamento de convênios com a Prefeitura e a Aeronáutica – para esta foram realizados dois pagamentos em torno de R$ 90 mil, segundo Alex Farias –; o não repasse do imposto sindical ao sindicato dos profissionais, apesar de o mesmo continuar sendo recolhido normalmente nos contracheques; o não pagamento de rescisões às centenas de demitidos entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012; supostas irregularidades no ensino à distância; e a suspeita de venda de diplomas.
“O que está nebuloso e suspeito é com qual finalidade o Galileo assumiu um problema agudo da Gama Filho e da UniverCidade?”, indagou o presidente da CPI, deputado Paulo Ramos.
O presidente da Galileo Educacional alegou não saber responder a todas as perguntas feitas pelos deputados Paulo Ramos e Robson Leite – relator da CPI –, pelo fato de ter assumido o cargo no final do ano passado. E também alegou nunca ter recebido nenhuma solicitação formal por parte da Santa Casa da Misericórdia para discutir os débitos em aberto.
Uma aparente gafe ocorreu quando Alex Farias falou que não teria conhecimento de uma reunião ocorrida na Santa Casa da Misericórdia, a qual teria supostamente contado com a presença do acionista majoritário, o pastor Adenor dos Santos. Representantes da Câmara fluminense destacaram uma falta de compartilhamento de informação entre ambos.
“Há um abuso de poder por parte do grupo Galileo com base no Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90)”, afirmou o deputado Robson Leite, quando questionou o fato de os alunos pagarem por cada disciplina e não ter aulas.
Já para o deputado Paulo Ramos – presidente da CPI – a ação do grupo educacional seria “desrespeitosa”. Ele também disse para o presidente Alex Farias que tentasse se colocar no lugar de um pai de aluno de Medicina da UGF, e como ele se sentiria diante de tal situação.
Um dos desfechos emocionantes da audiência foi quando o presidente do Centro Acadêmico Albert Sabin de Medicina da Gama Filho, Rafael Iwamotto, recomendou que Alex Farias olhasse para a sua mãe – que também estava lá – e lhe dissesse por que o filho não se formaria na área. Calado estava, calado continuou.
Imagem: Alessandra Novaes / Cedida ao OPINÓLOGO
Uma surpresa, pelo menos para este jornalista que lhes escreve, foi ver que haviam pais de alunos presentes na Alerj, como a dona Sandra Montenegro, mãe de uma estudante da Gama Filho, que acha que “CPI no Brasil não dá em nada”, e acrescentou que o “sistema econômico não pode destruir sonhos”.
Manifestação
Do lado de fora da Alerj, estudantes realizavam mais uma manifestação contra os problemas que os afetam. Desta vez, se tivesse a metade dos que participaram do protesto passado seria muito, tampouco foram até a reitoria, que fica a alguns quarteirões. Quem marcou novamente presença foi o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, além do presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), Igor Mayworm, quem comparece a todos os eventos.
Esse é o segundo ato realizado em menos de uma semana. Na última quinta-feira (21), após o término da audiência – na qual não pôde comparecer o presidente da Galileo –, os presentes, a maioria da Gama Filho, foram até a sede do grupo educacional para protestar contra a situação que se encontram.
Dificuldades de transferência
Como se não bastassem as aporrinhações decorrentes da incerteza quanto ao futuro das duas faculdades sustentada pelo fechamento de unidades, alguns discentes relataram ao OPINÓLOGO as dificuldades que estariam enfrentando para fazer transferência externa e/ou interna. É o caso, por exemplo, de Bruno Amaral, aluno do 7° período de Administração da UniverCidade, que estudava na “extinta” unidade Méier e foi transferido para Madureira. Desde o meado de janeiro passado, que ele vem tentando ir para a Gama Filho – do mesmo grupo empresarial – no bairro vizinho de Piedade, mas ainda não teve resposta. Por seus cálculos, ele teria um aproveitamento de 98% das matérias cursadas, no entanto teria que regredir alguns períodos, ficando entre o quarto e quinto.
“Moro próximo da extinta unidade Méier da UniverCidade e gastava cerca de dez minutos para chegar lá a pé. Com o fechamento da unidade e a transferência dos alunos para a unidade Madureira, gastarei pelo menos uma hora pra chegar até a nova unidade, sem levar em consideração engarrafamentos, espera pelo ônibus e contratempos que sempre podem ocorrer. Com essa situação, tentei me transferir e infelizmente não foi viável, porque perderia muitos períodos e não teria aproveitamento suficiente de matérias, inclusive, uma das tentativas foi para a UGF. Apesar de ser administrada pela mesma mantenedora e enfrentar os mesmos problemas, chegar em Piedade pra mim é mais fácil do que em Vaz Lobo (unidade Madureira).
Fui super bem recebido pelo coordenador da graduação [da UGF] que teve toda a paciência de explicar como funciona a faculdade, TCC, provas e a sistemática da faculdade. Situação que, infelizmente não acontece na UniverCidade (estou desde 2010 e até hoje não conheço a coordenadora do meu curso). Teria aproveitamento de 98% das matérias cursadas na UniverCidade e mesmo assim voltaria nos meus cálculos para o 4° ou 5° período, ou seja, perderia mais um ano ou um ano meio para a conclusão do curso”, explicou Bruno.
A situação também não seria tão diferente para Flavio Oliveira, aluno do 8° período de Administração da UniverCidade, que estudava na unidade Campo Grande – fechada no início do segundo semestre de 2012 – e foi transferido para o Méier, que também encerrou as atividades, sendo então alocado para Madureira. Mesmo ganhando um desconto de 40 por cento na mensalidade, o custo desta mais as três passagens de ônibus que pagava de Campo Grande até o Méier ainda seria superior ao que pagava em comparação quando estudava na zona oeste, a 20 minutos de casa.
“Antes da primeira greve acontecer [entre abril e maio do ano passado], minha mensalidade teve um aumento sem aviso prévio de quase R$ 100 (aumento abusivo), que quase me obrigou a trancar o curso e entrar com um processo judicial, mas como houve desconto na transferência o valor ficou pela metade e deu para prosseguir, sem contar com a falta de professores que houve logo após a greve devido as demissões dos professores. Por estudar longe da minha casa, tendo em vista que eu estudava em Campo Grande, a 20 minutos da minha residência, agora terei de pegar três conduções para chegar na faculdade, não somente eu como todos os meus amigos que estudavam comigo na unidade. Eu ainda tive que mudar o horário do meu estágio!!!”, detalhou Flavio.
Já a aluna Joana Oliveira, do 6º período de Direito da UniverCidade, no Méier, foi alocada também para Madureira. No momento, ela requereu uma tutela antecipada para estudar na unidade Gonçalves Dias, no centro. Seu problema é que ela ia a pé de casa, agora terá de pagar condução. No entanto, ela não recebe nenhum tipo de desconto pelo fato de ser bolsista do Programa Universidade para Todos (Prouni), do governo federal. Ela também teria tentando se transferir para o Instituto Brasileiro de Mercados Capitais (Ibmec) – uma concorrente –, mas por não ter conseguido entregar a documentação no prazo exigido, perdeu a oportunidade.
Muita gente não sabe, mas os estudantes bolsistas do Prouni – parciais ou totais – e cotistas de faculdades públicas, residentes no município do Rio de Janeiro, têm direito a pagar meia passagem de ida e volta da faculdade nos ônibus convencionais. O benefício é concedido por meio do Bilhete Único Carioca (BUC) pela Prefeitura desde 2011, segundo o site “Leitura Subjetiva”.
Pagamentos atrasados
A direção do grupo Galileo chegou a enviar e-mail aos docentes, informando-lhes que a segunda metade do salário de dezembro de 2012 e os 100% de janeiro de 2013 seriam depositados nesta terça-feira (26). Pelo menos até mais cedo, sabe-se que ninguém ainda teria recebido. Os profissionais da saúde da Gama Filho não receberam sequer a primeira parcela de dezembro, depositada aos demais colegas no último dia 7 de fevereiro. Por tudo isso, a Associação dos Docentes da Gama Filho (ADGF) está marcando uma reunião emergencial para o próximo dia 4 de março, na unidade Piedade.
Já na CPI, o presidente Alex Farias disse que os mesmos poderiam cair nas contas ainda esta semana. Alguns professores – cujos nomes serão preservados – revelaram ao OPINÓLOGO já estarem “desesperados”, devido ao acúmulo de contas não pagas.
Próximos eventos
Desta vez, quem está sendo convocado para uma audiência na Assembleia Legislativa é o pastor Adenor dos Santos, para às 10h30 da próxima sexta-feira (1/3). Nesse mesmo dia está agendada uma reunião na Santa Casa da Misericórdia. Para esta, ainda não há muitos detalhes.
Já às 10h do próximo dia 3 de março (domingo), o sindicato dos professores (Sinpro-Rio) realizará uma caminhada na Orla de Ipanema, para denunciar a precarização das condições de trabalho e de saúde de seus afiliados como também os baixos salários.
E às 14h do próximo dia 14 de março, ocorrerá uma assembleia na sede do Sinpro-Rio para discutir as demissões ocorridas em dezembro passado nas faculdades do grupo Galileo. Também nesse dia, está previsto o depósito da terceira parcela do salário de dezembro de 2011 para aqueles profissionais despedidos. Quanto ao restante da grana, só Jesus na causa!!!
O silêncio do MEC
Um velho ditado diz que “quem cala, consente”. Esse silêncio do Ministério da Educação ou a não fiscalização às instituições de ensino superior também será investigado também pela Comissão Parlamentar. Porque não são problemas recentes, porém antigos e com mais de um ano tendo repercussão midiática. Com isso, os estudantes aprenderam que ao longo desse tempo não podem contar com o MEC, só com o “Big Mac” ou “Mac Lanche Feliz”, vendidos ao lado da reitoria, quando sentirem fome durante as manifestações.
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