Estudantes da Gama Filho e da UniverCidade querem fazer manifestação no MEC; greve dos professores da UGF continua; funcionários administra...
Estudantes da Gama Filho e da UniverCidade querem fazer manifestação no MEC; greve dos professores da UGF continua; funcionários administrativos da UniverCidade podem entrar em greve ainda esta semana.
O título dessa matéria parece até um daqueles recadinhos idiotas, que muita gente costuma colocar no facebook. Mas, na verdade, trata-se de uma viagem que os estudantes da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), no Rio de Janeiro, estão organizando para Brasília, na próxima semana. Eles pretendem fazer um protesto ante o Ministério da Educação (MEC), devido ao silêncio deste no que se refere aos problemas que estão ocorrendo nas duas instituições de ensino superior (IES). Inclusive, querem acampar lá, se houver necessidade. As medidas fazem parte da campanha para chamar a atenção do governo federal, especialmente a do ministro Aloizio Mercadante.
Só que para isso, os mesmos estão recolhendo doações em dinheiro, para poderem alugar pelo menos dois ônibus, que podem ser depositadas na seguinte conta:
Titular: Wilma Albuquerque Felizola Martins
Banco: Bradesco
Agência: 3334
Conta Poupança: 1001347-0
Outras informações podem ser obtidas com a tesoureira do Centro Acadêmico Albert Sabin de Medicina da UGF (Camed), Fernanda, pelo telefone (21) 8132-7718.
Sabe-se que um grupo do Camed, formado por quatro estudantes, viajou ao Distrito Federal, nesta terça-feira (19/3), para formalizar uma denúncia junto à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), vinculada ao MEC. A ida ao Planalto Central só foi possível graças a uma espécie de ‘vaquinha’ realizada durante a assembleia dos alunos da Gama Filho, no campus da Piedade, na última segunda-feira (18), cujo somatório chegou a R$ 3.500. De acordo com o presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), Igor Mayworm, havia cerca de mil pessoas no evento. Parte da Rua Manoel Vitorino, nesse bairro, chegou a ficar fechada devido ao excesso de estudantes.
Representantes do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) e do Sindicato dos Médicos do RJ (SinMed RJ) foram à Seres para discutir a situação com o secretário Jorge Messias. Vale lembrar que, este foi o mesmo quem permitiu a transferência de mantença para o grupo Galileo Educacional, em maio do ano passado.
“Foi ressaltado que, o MEC ao abrir inquérito administrativo pela portaria 196 de 10 de outubro 2012 criou uma expectativa positiva e que soluções ou providencias seriam viabilizadas no terceiro trimestre de 2012, propiciando um início do ano letivo de 2013 bem diferente do acontecido em 2012. Mas o que aconteceu foi exatamente o inverso”, sustentaram os representantes das duas entidades sindicais cariocas durante o encontro. Essa Portaria se refere à interrupção do curso de Medicina da Gama Filho no shopping Downtown, na Barra da Tijuca, que só foi publicada em outubro passado, cuja solicitação havia sido feita em fevereiro de 2012.
Talvez o mais difícil nessa história toda não seja ser atendido por um representante do MEC, mas este admitir que se omitiu durante um bom tempo e que poderia ter evitado um desgaste da própria imagem.
Pagamento para alguns, nada para outros
O grupo Galileo Educacional – mantenedor das duas IES – informou aos funcionários que adiantaria, nesta terça-feira (19), 50 por cento do salário de janeiro e mais 50 por cento do de fevereiro para os docentes que ganhassem até R$ 4.500, o que corresponderia a 47 por cento de seu quadro, no entanto, sem divulgar a quantidade exata. Ao que parece, houve sim alguns depósitos ao longo do dia: na parte da manhã, 25 por cento de janeiro mais 25 por cento de fevereiro, e na parte da tarde, o mesmo procedimento. Com isso, totalizando 50% e mais 50%. Na verdade, só antecipou em um dia o que já estava previsto, conforme cronograma (foto).
Imagem: ADGF / Divulgação
A programação de pagamento para os professores de ambas IES foi divulgada pelo grupo educacional, porém rechaçada pelos mesmos, que a chamaram ‘indecente’ e ‘imoral’. Outros até a apelidaram de ‘pagamento Casas Bahia’, por causa daquele antigo marketing “quer pagar quanto???”
“Se eu não receber meu salário, não volto a trabalhar. Eu não fiz voto de pobreza para ter de me sujeitar a isso!!! E também, a Light, a Cedae e o cartão de crédito não vão aceitar que eu pague só metade das contas!!!”, comentou um docente ao OPINÓLOGO.
Uma das principais queixas desses profissionais é que, ao chegar em agosto, só receberiam de fato três salários, deixando quatro em atrasos, quando calculados apenas pela cifra, independente do mês que corresponda.
Os gestores também disseram que pagariam no mesmo dia a 36 por cento de seu quadro administrativo. Em recente nota divulgada pelo Camed, desta categoria só receberia quem ganhasse até R$ 1.300.
Greve
Agora o assunto que mais interessa à comunidade acadêmica: greve. Os docentes da Gama Filho, por exemplo, decidiram, nesta terça-feira (19), em assembleia, prorrogá-la pelo menos até às 15h30 da próxima segunda-feira (25), quando acontecerá mais um evento semelhante, no campus da Piedade.
Quanto aos da UniverCidade, somente no encontro que acontecerá às 18h desta quarta-feira (20), no Sinpro-Rio, é que se vai decidir se continua ou não.
Mas, ao que parece, ainda teria alguns professores da Gama Filho furando o movimento, como os de Direito, por exemplo. Já no Centro Universitário da Cidade, a adesão já teria chegado aos 100 por cento, após alguns dias de seu início, de acordo com o Sinpro-Rio.
É possível que os funcionários administrativos da UniverCidade também entrem em greve a partir da próxima quinta-feira (21), também por questões salariais, segundo o Sindicato dos Auxiliares da Administração Escolar do Estado do Rio de Janeiro (SAAE-RJ) ao OPINÓLOGO. Vai depender do que pode acontecer nos próximos capítulos. Sabe-se que esses profissionais tiveram duas assembleias: uma na noite da última segunda-feira (18) em duas convocações, no próprio sindicato; outra na tarde desta terça-feira (19), no campus da UGF, em Piedade. As assembleias desses profissionais das duas IES foram unificadas.
Já os administrativos da Gama Filho continuam em greve, que teve início à zero hora da sexta-feira passada (15).
Caso os administrativos do centro universitário realmente façam nova greve, seria a segunda em menos de um ano. Em maio do ano passado, eles pararam de trabalhar por duas semanas.
Um fato inusitado chamou a atenção, na última segunda-feira (18), durante a assembleia estudantil na UGF: os presentes resolveram também decretar greve em solidariedade aos seus docentes. Nesse evento, compareceram representantes da Ordem dos Advogados do Brasil – sucursal Rio de Janeiro (OAB-RJ), do Conselho Regional de Medicina do Estado do RJ (Cremerj), dos deputados federais Chico Alencar (Psol), Jandira Feghali (PC do B) e da deputada estadual enfermeira Rejane (PC do B). Bem que eles poderiam arranjar os ônibus, já seriam de grande utilidade!!!
Em nota, a deputada Jandira Feghali disse apoiar os alunos e que pediria uma audiência ao MEC em busca de uma solução para os problemas.
Mexeram com os estudantes errados
Bem diferente dos estudantes da UniverCidade – aliás, pouquíssimos foram atuantes –, durante a greve que afetou a instituição no ano passado por mais de 40 dias, quando ocuparam a reitoria e acamparam, os da Gama Filho querem ir por outros caminhos: pretendem reforçar o pedido de intervenção do MEC junto às duas IES, o congelamento do calendário acadêmico e que o órgão casse a homologação do grupo Galileo Educacional. Dessa forma, este ficaria proibido de administrar as próprias instituições de ensino.
É importante frisar que, em 2012, somente o centro universitário entrou em greve, também por atrasos salariais. Na época, os profissionais da UGF estavam recebendo em dia. Apenas os professores que prestavam serviço na Gama Filho, mas recebiam no contracheque da UniverCidade, é que interromperam as funções.
A fixação pela intervenção toma cada vez mais conta de professores e alunos, o que incluiria também a possibilidade de se fazer pagamento de mensalidades em juízo, para futuramente usar esses recursos e pagar aos docentes. Entretanto, poderia ser uma faca de dois gumes. Dependendo do tipo de intervenção que se fizesse, poderia, por exemplo, não ter entrada de novos alunos, apenas a manutenção dos mesmos, o que com o tempo o dinheiro diminuiria. E para que os docentes pudessem receber, o sindicato da categoria teria de entrar com uma ação para solicitar a utilização do mesmo para tal finalidade, disse o advogado da entidade, Dr. José Luiz. Levando em conta que no Brasil tudo demora...
Tal afirmação foi contestada pela UEE-RJ, que afirmou que o procedimento de intervenção seria outro: possivelmente se criaria uma junta de professores para coordenar a instituição, que teria o acompanhamento do MEC, até que a gestora apresentasse um plano concreto de reestruturação. Como também os estudantes poderiam ser alocados para IES concorrentes, se fosse necessário.
Estudantes ‘funcionais’
Do mesmo jeito que existe analfabeto funcional, OPINÓLOGO chegou à conclusão de que também há estudantes ‘funcionais’. Seriam aqueles que, simplesmente, fazem parte da lista de chamada e assistem às aulas, mas sem se envolverem na vida acadêmica da instituição na qual faz parte. São apenas pessoas que estão ali de passagem e não querem fazer a diferença. Considerando que o campus da Piedade, na UGF, é imenso, este jornalista perguntou para pelo menos três deles onde estaria ocorrendo a assembleia dos docentes, desta terça-feira (19). Nenhum soube dizer. Aliás, nenhum deles sabia que estava tendo um evento que deveria ser de interesse de todos!!! São totalmente alheios ao que acontece em volta!!! Vários usam a desculpa de que seriam bolsistas e que ficam com medo de perderem a bolsa de estudos, ou que trabalham e não têm tempo de participar de movimentos estudantis.
“Os alunos estão dando um banho na gente!!!”, expressou uma professora da Gama Filho, cujo nome será preservado, ao se referir sobre o pouco ativismo de sua categoria, visto que os discentes têm se mostrado mais proativos do que eles, os maiores interessados. Pode-se dizer que, essa profissional teve humildade para reconhecer uma verdade que já é mantra há bastante tempo na boca dos alunos. É bom ressaltar que, os estudantes que mais se manifestam – em quantidade – são os dessa IES. Porque os da UniverCidade, sem generalizar, deixa pra lá... Mas, como dizem por aí: “união é marca de açúcar e empresa de ônibus”.
Uma Galileo bilionária
Ao que parece, a mantenedora, supostamente, disporia de ativos totalizados em R$ 1,6 bilhão, cuja soma de imóveis chegaria a R$ 890 milhões, além de R$ 90 milhões em máquinas e equipamentos e R$ 250 milhões em ativos recebíveis, e terrenos entre a Barra e Santa Cruz – que não foram especificados – e que o passivo estaria sendo reestruturado, de acordo com o site/blog “Cecília Bahia”, na última sexta-feira (15).
“Do montante da dívida, R$ 261 milhões estão inseridos no programa federal de refinanciamento para instituições de ensino superior, com parcelamento em 180 meses, sendo que deste 90% será quitado através de bolsas de estudos”, informou a jornalista baiana.
Débitos no valor de R$ 459 milhões em tributos, que são alvos de ações judiciais, poderiam ser desonerados, uma vez que as duas IES seriam filantrópicas, isto é, sem fins lucrativos. Embora elas tenham tentado aumentar em mais de 20 por cento a mensalidade dos estudantes, que acabou resultando em manifestações, denúncias várias ações judiciais, até que por ordem da Justiça o reajuste foi suspenso. Na época, a gestora até chegou a propor descontos.
Ainda, conforme dito pelo website supracitado, a real dívida seria de apenas R$ 190 milhões. Todavia, vale recordar que, o presidente da Galileo, Alex Farias, revelou recentemente na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades em IES privadas fluminenses, que as dívidas do grupo chegariam a R$ 900 milhões, o que causou espanto. E também que a receita mensal seria de apenas R$ 11 milhões.
Apesar de o informe dado pela repórter baiana sobre a suposta saúde financeira da Galileo Educacional oferecer uma aparente apaziguada, ante o que contou Alex Farias, isso acabou servindo de motor para que os professores da Gama Filho e da UniverCidade não aceitassem a programação de pagamentos, por considerar que a empresa teria dinheiro de sobra. Pode ter sido um tiro no pé!!!
Eventos
Além das assembleias que ocorrerão futuramente, conforme mencionadas, o Diretório Central Estudantil da UniverCidade (DCE-UC) realizará um evento semelhante às 18h30 da próxima quinta-feira (21), na unidade Gonçalves Dias, no centro.
Sobre a greve
Sabe-se que a greve nas duas IES já completou uma semana, tendo início no último dia 11 de março. Para dizer a verdade, as aulas mal começaram, uma vez que teve início programado para o dia 4 do mesmo mês. Vale lembrar que, inicialmente estavam previstas para 18 de fevereiro, porém foram adiadas sem muitas justificativas. Quanto aos problemas, muitos já devem estar cientes: atrasos nos salários de janeiro e fevereiro deste ano. Sem contar que, o pagamento de dezembro de 2012 foi pago em duas prestações: a primeira metade no dia 7 de fevereiro, na semana de carnaval, e a segunda, no último dia 5 de março. E além disso há questões como não depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o não repasse das contribuições ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e ao Sinpro-Rio, mesmo sendo descontados em folha, e por aí vai...
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