CPI é suspensa por 30 dias; acionista majoritário do grupo Galileo Educacional não comparece de novo e irrita deputados. Aconteceu o qu...
CPI é suspensa por 30 dias; acionista majoritário do grupo Galileo Educacional não comparece de novo e irrita deputados.
Aconteceu o que os alunos mais temiam, embora já esperassem: os professores do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) e da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, decretaram greve a partir da próxima segunda-feira (11/3). Será a primeira vez que ambas param juntas, desde que foram adquiridas pelo grupo Galileo Educacional. A decisão foi tomada em assembleias separadas realizadas, nesta quinta-feira (7), na sede do sindicato da categoria (Sinpro-Rio) e no campus da Piedade, respectivamente. Eles reclamam dos atrasos salariais por parte da mantenedora.
UniverCidade
Durante o evento que aconteceu por volta das 14h desta quinta-feira (7), os presentes colocaram como condição para voltarem ao trabalho o recebimento até este próximo fim de semana – 9 e 10/3 – dos salários de janeiro e de fevereiro, incluindo um terço das férias de janeiro deste 2013. A segunda parcela do pagamento de dezembro terminou de ser paga na última terça-feira (5), enquanto que a primeira, no dia 7 de fevereiro.
Sabe-se que, eles até hoje não receberam os 33 por cento das férias de janeiro de 2012.
Caso a greve dos professores da UniverCidade realmente ocorra, será a segunda em menos de um ano. Entre abril e maio do ano passado, eles ficaram mais de 40 dias sem dar aula entre paralisações e greve.
Imagem: OPINÓLOGO /
Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO /
Diego Francisco
Na Alerj |
OPINÓLOGO havia informado, recentemente, que ocorreria uma assembleia no próximo dia 14 de março, e que estaria voltada para os docentes demitidos de 2012. No entanto, estes já estariam comparecendo ao sindicato um a um para realizar homologações, entre outras coisas. Esse encontro do dia 14, na verdade, seria para os professores da ativa, mas acabou sendo antecipado para o dia 7 de março, diante dos problemas salariais.
UGF
Na Gama Filho o cenário não é muito diferente. Os profissionais de educação disseram que “sem salário, não há aula”, ao reforçar isso na assembleia que aconteceu às 18h desta quinta-feira (7).
Os professores também terminaram de receber o pagamento de dezembro de 2012 nas mesmas condições que os colegas do Centro Universitário. Só não se sabe se os da Medicina, que lecionam na Santa Casa Misericórdia, chegaram a recebê-lo, porque até onde se sabia, eles não tinham recebido os 50 por cento em fevereiro como os demais.
Ao que parece, haveria uma reunião entre representantes do grupo Galileo Educacional e da Associação de Docentes da Gama Filho (ADGF) no prédio da reitoria, por volta das 15h desta quinta-feira (7). Detalhes não foram divulgados, mas pelo visto não deve ter sido nada proveitosa, a ponto de não terem conseguido fazer os docentes mudar de ideia em relação à greve.
Desde a última segunda-feira (4), que eles haviam decretado “estado de greve”, que em prática seria “estado de mobilização” durante assembleia ocorrida naquela ocasião.
Desde que passou para as mãos da Galileo Educacional, é a primeira vez que a Gama Filho faz uma greve. Entre abril e maio do ano passado, eles só não acompanharam os da UniverCidade por estarem recebendo em dia. Esse, por exemplo, seria o motivo das assembleias separadas. Havia professores que lecionavam nas duas faculdades, mas quem estava lotado na Gama Filho estava recebendo, e quem estava no Centro Universitário, não. Com isso, se explica o porquê de algumas disciplinas na UGF terem sido afetadas/interrompidas naquele período.
No final daquele de 2012, o máximo que os professores da Gama Filho fizeram foi algumas paralisações como protesto pelos pagamentos não terem caído nas contas nas datas combinadas pela empresa.
Às 8h da manhã da próxima segunda-feira (11), haverá uma manifestação no campus da UGF. E às 18h, mais uma assembleia.
Na Alerj
Imagem: OPINÓLOGO /
Diego Francisco
Diego Francisco
O não comparecimento pela segunda vez consecutiva do acionista majoritário do grupo Galileo Educacional, o reverendo Adenor Gonçalves dos Santos, irritou os deputados Paulo Ramos (PDT) e Robson Leite (PT). Eles são presidente e relator, respectivamente, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades em instituições privadas de ensino superior fluminenses. O empresário tinha sido convocado a prestar depoimento na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta quinta-feira (7), a respeito dos problemas que estão acontecendo nas duas faculdades. Vale lembrar que, ele também não foi à audiência do último dia 1° de março.
Os parlamentares disseram estudar a possibilidade de chamá-lo a depor com o auxílio da força policial. No Brasil isso não dá em nada, mas deixa quieto!!!
O pastor Adenor dos Santos informou que só teria disponibilidade a partir do próximo dia 1° de abril, o que foi motivo de gozação entre os presentes, pelo fato de coincidentemente ser o dia da mentira.
A CPI foi suspensa por 30 dias para que os parlamentares pudessem preparar os relatórios e entregá-los ao Ministério Público (MP) e ao Ministério da Educação (MEC).
Já do lado de fora, pelo menos 150 estudantes das duas faculdades – em sua maioria e de novo da UGF – fizeram uma nova manifestação nas escadarias da Alerj (fotos 1, 2 e 3), na manhã desta quinta-feira (7). E no início da tarde, motivados pela indignação com a ausência do acionista majoritário, eles foram novamente até o prédio da reitoria, na Rua Sete de Setembro, n° 66 – que já se tornou palco conhecido de protestos pela vizinhança –, para se queixarem dos problemas que estão enfrentando. O edifício fica a alguns quarteirões de onde estavam.
Alguns problemas
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Robson Leite (à esquerda) e Paulo Ramos (à direita) discursando do lado de fora da Alerj para os estudantes. |
Entre os problemas enfrentados por docentes e discentes estão os atrasos salariais, como já foi explicado acima, além da suposta falta de produtos básicos como produtos de limpeza e papel higiênico, por exemplo, a falta de manutenção nos elevadores, a tentativa de aumento das mensalidades em janeiro de 2012, além do fechamento de unidades, de acordo com o Diretório dos Estudantes da UniverCidade (DCE-UC).
Sabe-se que a unidade Méier, na zona norte, foi fechada por causa do não pagamento do aluguel. A UniverCidade estaria devendo pelo menos 28 meses. Com isso, os alunos foram transferidos para Madureira, também na zona norte.
Já a unidade Freguesia da UniverCidade, na zona oeste, o fechamento foi devido a uma ação de despejo, porque o aluguel e as cotas de condomínio também não estariam sendo pagas. Os estudantes também foi realocados para Madureira.
Quanto às unidades Praça Onze e Carioca – ambas no centro – também da UniverCidade, foram fechadas, por causa de ações judiciais de reintegração de posse. Sendo assim, os discentes foram redirecionados para outras unidades no mesmo bairro e na Piedade, na zona norte. O prédio da Piedade é administrado pela UGF. E o imóvel na Carioca pertence ao Metrô Rio, chegando a ser lacrado em julho passado.
Pelo menos no Centro Universitário, tem-se conhecimento de que o 13° salário de 2007 não teria sido pago em sua totalidade, tampouco o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) desde 2003.
Pedido de moratória negado
Recentemente, o grupo gestor solicitou moratória de 15 anos das dívidas por meio do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), mas teve o pedido negado pelos seguintes motivos: apesar de a Galileo Educacional ter se declarado sucessora da Associação Educacional São Paulo Apóstolo (Assespa) – mantenedora da UniverCidade –, o grupo não seria uma instituição de ensino superior, tampouco uma fundação ou associação, porém uma sociedade anônima de capital fechado com participação em outras sociedades; documentação supostamente incompleta; e também que não haveria uma procuração nomeando o presidente do grupo, Alex Farias, a ser o solicitante do parcelamento. Sua nomeação deveria ter sido feita em assembleia pelos acionistas.
Com a moratória, a Galileo Educacional poderia parcelar até 90 por cento da dívida pública. Ao que parece, a gestora iria recorrer da decisão da Procuradoria Regional da Fazenda.
Sabe-se que as dívidas do grupo chegariam a R$ 900 milhões e que a receita, de apenas R$ 11 milhões, segundo o presidente da instituição em uma audiência na Alerj.
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De pés e mãos atadas
UniverCidade: greve começou parcial em 2013
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