Por enquanto, não há data para que as aulas voltem; na Gama Filho, talvez volte no dia 8 de abril. Os professores do Centro Universitár...
Por enquanto, não há data para que as aulas voltem; na Gama Filho, talvez volte no dia 8 de abril.
Os professores do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) se mostraram inflexíveis e rejeitaram a nova proposta de pagamento feita pelo grupo Galileo Educacional, a mesma que foi ofertada aos da Universidade Gama Filho (UGF). A decisão foi tomada em assembleia no sindicato da categoria (Sinpro-Rio), na noite desta terça-feira (26/3). Houve apenas uma abstenção e um voto contra a continuidade da greve. Como a ampla maioria ganhou, a mesma está mantida. Eles exigem integralmente o pagamento dos últimos salários de 2013 (janeiro, fevereiro e futuramente o de março, que está prestes a terminar, e as férias que deveriam ter sido pagas em janeiro deste ano). E argumentam que, nunca uma comissão deles – assim como a Gama Filho tem a ADGF – conseguiu uma reunião com representantes da mantenedora, tampouco uma discussão então com o Sinpro-Rio, que também poderia representá-los. Outra justificativa é: que além de não acreditarem que o grupo gestor conseguirá cumprir os prazos acordados, já estariam “vacinados”. Pois, na greve ocorrida entre abril e maio passado, a empresa teria prometido regularizar débitos antigos – 13° salário de 2007, férias de 2012 e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço de 2003 –, mas nunca os fez de fato. Vale lembrar que, mesmo sendo a mesma gestora, o quadro de acionistas foi alterado no ano passado. O majoritário era o empresário Márcio André Mendes Costa, que passou o controle para o empresário e pastor Adenor Gonçalves dos Santos.
Outra indignação dos docentes do centro universitário é que não receberam uma proposta específica a eles, e sim um e-mail da mantenedora dizendo que a mesma “também” se estendia a eles. O que fez com que se sentissem em segundo plano.
A Galileo Educacional propôs pagar 50 por cento do salário de janeiro mais 70 por cento do salário de fevereiro no dia 2/4. E no dia 5, 70 por cento do salário de março. “Ao invés de reter 3 salários em 7 meses, serão retidos 1,3 salários em 7 meses”, informou a Associação dos Docentes da Gama Filho (ADGF). E no 5° dia útil de maio, os professores receberiam 80 por cento de abril, e o salário de maio seria pago em 100 por cento a partir de junho em cada 5° dia útil com “recomposições das perdas, incluindo férias a partir de julho até o final de 2013”. Um terço das férias de 2011 seria pago em junho junto com o pagamento de maio mais a segunda metade do salário de janeiro deste ano; no 5° dia útil de agosto seriam pagos o salário de julho integralmente mais as férias de 2012 e os 30 por cento restantes do salário de fevereiro; e em setembro, o pagamento de agosto, os 30 por cento restantes de março e as férias de 2013; já no pagamento de outubro referente a setembro, incluem-se os 20 por cento restantes de abril; e no dia 20 de dezembro próximo, o pagamento completo do 13° salário, não em duas parcelas (30/11 e 20/12) como geralmente é depositado. No Termo de Compromisso, o grupo Galileo Educacional também sugeriu a criação de uma comissão para acompanhar os pagamentos e assumiu o compromisso de não demitir ninguém até o final do ano letivo.
“É a primeira greve deles (da UGF), eles ainda não sentiram o gostinho de serem enganados, de terem promessas não cumpridas”, expressou um docente na assembleia.
“Ano passado nós vivemos na UniverCidade a mesma experiência, após muitas negociações, docentes e Galileo chegaram a um acordo (que não foi 100 por cento dos pagamentos) e nossos professores voltaram às aulas. Mas, a Galileo quis apenas tapar o sol com a peneira. Aqui estamos, menos de um ano depois, em uma nova greve. Sabemos que, voltar às aulas não significa que os problemas foram resolvidos, mas sim adiados. A menos que haja uma intervenção, nada será sanado. A Galileo nunca apresentou uma proposta concreta que mostrasse interesse em reerguer as duas IES [instituições de ensino superiores]”, declarou ao OPINÓLOGO a presidenta do Diretório Central Estudantil da UniverCidade (DCE-UC), Letícia Portugal, que estuda Relações Internacionais.
Quando se falou sobre multa, o mesmo profissional de educação comentou: “multa por atraso é pouco!!! Eles [o grupo mantenedor] não pagam nem o que devem, quanto mais a multa”.
“Quem se dedica mais ainda não recebeu??? Essa é a nossa punição por dedicarmos mais tempo de aula na instituição???”, indagou esse mesmo docente, pelo fato de apenas os professores que ganham até R$ 4.500 e com menor carga horária terem recebido. A primeira metade dos salários de janeiro e de fevereiro foi feita a essa faixa salarial no último dia 19 de março.
“Nós não estamos paralisados só por salários. Tem dias que não tem giz na sala de aula. Tem sala que ainda usa quadro negro”, justificou o mesmo professor.
Tal afirmação é complementada por uma recente nota do Sindicato dos Auxiliares da Administração Escolar do Rio de Janeiro (SAAE-RJ), dos funcionários administrativos: “Na assembleia [do dia 21/3], os trabalhadores relataram sinais preocupantes de abandono nas duas instituições administradas pela Galileo. As condições de trabalho são péssimas e há departamentos em que não se consegue ficar. A Biblioteca foi tomada por goteiras que molharam os carpetes, deixando um mau cheiro insuportável. As Normas de segurança no trabalho - as NRs - não são respeitadas e até a água utilizada está fora dos padrões da Cedae [Companhia Estadual de Águas e Esgotos], segundo as denúncias dos empregados da UniverCidade e Gama Filho”. Não se sabe a biblioteca de qual unidade se refere essa entidade.
Uma nova assembleia dos professores da UniverCidade foi agendada para às 18h do próximo dia 8 de abril, no Sinpro-Rio, para avaliar os acontecimentos. Nessa, os mesmos irão avaliar se mantêm ou não a greve que começou no último dia 11 de março.
Durante discurso, o presidente do Sinpro-Rio, Wanderley Quedo, disse que o sindicato reivindica também “a volta da normalidade acadêmica para regularizar um novo calendário [de aulas]”.
Nota-se que muitos discentes ainda estão alheios aos problemas que os afetam. Prova disso é depoimento do estudante de Administração Jefferson Dias, que compareceu pela primeira vez àquela assembleia: “Vim com um sentimento egoísta: acabar a greve para as aulas voltarem. Mas, também sou um trabalhador. E quando eu não recebo um real de hora-extra, eu também paro de trabalhar. Os alunos não sabem o que Vocês [professores] estão passando!!!”.
Também foi dito em assembleia que, um professor de Tecnologia da Informação (TI), supostamente, estaria furando a greve, o que vem preocupando aos alunos que se dizem confusos. O nome do mesmo não foi divulgado. Também se comentou a possibilidade de os estudantes denunciá-lo ante o Ministério Público, visto que a greve é legal e os que não têm comparecido à classe não poderiam levar falta, tampouco as provas poderiam ser aplicadas, o que os prejudicaria. Mas, não se deu continuidade a este assunto, porque seria preciso verificá-lo.
Manifestação na UGF
Imagem: Marcelo Esquilo / ADGF / Reprodução
Os discentes da Universidade Gama Filho realizaram mais uma manifestação (foto). Desta vez, foi na unidade da Piedade, na zona norte, na manhã desta terça-feira (26), onde fizeram uma passeata pelas ruas das redondezas. Eles aproveitaram a visita de alguns inspetores do Ministério da Educação (MEC) no curso de Medicina.
Conforme OPINÓLOGO já tinha informado, os docentes desta condicionaram o possível retorno às aulas no próximo dia 8 de abril mediante o cumprimento das primeiras parcelas salariais programadas para os dias 2 e 5 desse mesmo mês. A categoria tem se tachado de ‘mendigos pedagógicos’, devido a dificuldades financeiras que vários profissionais estariam enfrentando, até mesmo de passagens para ir nas assembleias e protestos.
A decisão dos docentes da UniverCidade serviu para exaltar algo que se sabia, porém até então era difícil de se acreditar: que os docentes da UniverCidade não estão se deixando influenciar pela recente decisão tomada pelos colegas da UGF. Portanto, estabelecendo-se uma nova vertente, melhor dizendo, a própria.
Eventos
A Rua Sete de Setembro, n° 66, no centro do Rio – onde funciona a sede de grupo Galileo – será novamente palco de protestos: dos estudantes da UniverCidade, cujo evento está agendado para às 18h desta quarta-feira (27).
Também na mesma data e na mesma hora está marcada uma assembleia na Gama Filho, no campus da Piedade, para dar continuidade à criação de uma associação de pais. A primeira discussão oficial foi feita, no último sábado (23), no Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro (SinMed RJ).
Rio – Brasília
Ao que parece, os estudantes de Medicina da UGF já agendaram o dia da viagem a Brasília, onde pretendem realizar uma manifestação. Será no dia 1° de abril. No dia seguinte, eles irão participar de uma audiência pública dos médicos – não foi explicado se seria na Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – e depois de uma “jornada de lutas” da União Nacional dos Estudantes (UNE) e uma audiência com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Os discentes estão recebendo doações para o aluguel de pelo menos dois ônibus. “O apoio logístico será cedido pelas entidades Cremerj [Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro] e Fenam”, disse o Centro Acadêmico Albert Sabin de Medicina da UGF (Camed).
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