Mais de 100 cidades tiveram protestos, nessa quinta-feira (20/6); votação da PEC 37/2011 é adiada. Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco ...
Mais de 100 cidades tiveram protestos, nessa quinta-feira (20/6); votação da PEC 37/2011 é adiada.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Preparando-se para manifesto no RJ |
Acompanhar pela TV ou internet as manifestações que estão ocorrendo em várias partes do país é uma coisa. Mas, quando se está ao vivo no local, a sensação é completamente diferente. Quem está lá não é apenas um mero jornalista, mas um cidadão que tem a obrigação de lutar com os demais por uma sociedade melhor, mais justa e igualitária. Cada um participa como pode: uns vão às ruas protestar e falam ao microfone, outros gritam, levantam bandeiras e cartazes, pintam o rosto e por aí vai... E tem aqueles que vão fazer a cobertura do que está acontecendo, para assim manter mais gente atualizada, como este comunicador que lhes escreve.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Quem dera!!! |
Em mais um evento, nessa quinta-feira (20/6), no centro da capital carioca, que teria reunido cerca de 300 mil pessoas, por exemplo, pôde-se escutar: a exigência ao combate à impunidade e à corrupção; o fim da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n° 37/2011, que visa retirar o poder de investigação do Ministério Público e deixá-lo unicamente a cargo das polícias Federal e Civil; mais investimento em saúde, educação, segurança; menos gastos com a Copa do Mundo de 2014; e oposição ao Projeto de Decreto Legislativo (PDC) n° 234/2011, popularmente tachado de 'cura' gay, recentemente aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), que busca anular dois artigos da Resolução n° 001/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), para assim permitir que os profissionais dessa área possam realizar tratamento de cura da homossexualidade. Já há algum tempo, que os protestos não são mais por apenas R$ 0,20, mesmo com os atuais congelamentos das tarifas de transportes públicos em alguns municípios. O que se percebe é que o povo resolveu fazer uma espécie de kit de tudo que o incomodava, o que tem dado a impressão de que se está perdendo o foco.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
O povo já está cansado de tanta impunidade |
O nojo que o brasileiro está da política é tão explícito, que durante o evento ocorrido no Rio de Janeiro, manifestantes fizeram com que sindicalistas da Central Única do Trabalhador (CUT) baixassem a bandeira da entidade. Logo depois, foi uma chuva de panfletos para todos os lados. Embora a liberdade de expressão seja um direito constitucional, muitos veem esses atos partidários como tentativa de se aproveitar da ocasião para fazer politicagem.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Já por volta das 15h, havia pelo menos umas 600 pessoas na Candelária, no centro, aguardando o início da manifestação marcada pelas redes sociais para as 17h. Antes de várias ruas ficarem totalmente fechadas, um homem com uma Bíblia na mão ficou se ajoelhando entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, correndo o risco de ser atropelado. Guardas da CET-Rio tentavam controlar o trânsito, que já estava começando a ficar tumultuado.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Também fizeram marchinhas para ofender o governador fluminense, Sérgio Cabral, e a Rede Globo. Sabe-se, por exemplo, que os profissionais de comunicação dessa emissora estariam fazendo as coberturas sem o uso da canopla, aquela caixa acoplada ao microfone com a logomarca da empresa. Isso seria para dificultar sua identificação protegê-los dos ataques de certos manifestantes, que alegam que a mesma estaria, supostamente, deturpando as informações em seus noticiários, embora esta tenha tentado o tempo todo prestar sua função social e destacado o quão pacíficos estão os eventos. E logo em seguida, mudaram totalmente o tom e cantaram 'Sou Brasileiro' e o Hino Nacional.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Já no final da tarde, a Avenida Rio Branco – da Candelária ao Largo da Carioca – estava tomada de manifestantes. E na Avenida Presidente Vargas foi se estendendo até a Prefeitura, na Cidade Nova. Em alguns pontos desta via, as pessoas estavam dispersas, deixando uma espécie de buraco durante a caminhada que faziam ao Executivo Municipal.
Imagem: Fabiana Balbino / Cedida ao OPINÓLOGO
Portão do Campo de Santana |
Algumas pessoas subiram numa das portas do Campo de Santana, na Praça da República, onde está escrito o ano de 1873, quando teria começado a reforma do local, e o símbolo da República, e penduraram um cartaz com a seguinte mensagem: 'Está apenas começando', uma bandeira e faixas nas cores verde e amarelo. Depois, o mesmo estava cheio de cartazes com manifestos contra a PEC 37/2011, a corrupção, entre outras coisas.
Muitos comércios fecharam às portas cedo e dispensaram funcionários. Alguns outros reabriram depois que a multidão estava mais distante, o que aparentemente não acarretava perigo de depredação.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Unidos pelo sentimento 'verde e amarelo', no RJ. |
À noite, o centro ficou um caos. Por volta das 20h40, houve confronto entre policiais militares e manifestantes. Bombas de gás lacrimogênio foram lançadas. Muita gente tentou escapar pelas ruas laterais, entre elas a Avenida Marechal Floriano, cujo trânsito estava um verdadeiro nó como não havia há tanto tempo no Rio de Janeiro, mesmo tendo virado um canteiro de obras com engarrafamentos constantes. A via que costuma ser mão dupla estava com sentido único, e os ônibus simplesmente desligados, porque nada andava, era uma coisa impressionante!!!
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Vai ficar na História do Brasil |
Em nota, a Polícia Militar (PM) fluminense informou não ser contra a liberdade de expressão, e que teria entre seus valores a proteção à vida. “Manifestar-se pacificamente não é crime, destruir deliberadamente patrimônios sim (sic). O patrimônio público é de todos, portanto, ele é seu também. Ajude a PM nesta missão. Afaste-se de quem insiste em vandalizar uma manifestação pública”, destacou.
Depois que a Avenida Rio Branco foi liberada para o tráfego de veículos, o problema era muitos motoristas, que não paravam para os passageiros, por medo da confusão no bairro. A analista financeira Fabiana Balbino, que mora na Rocinha, relatou ao OPINÓLOGO que estava próxima á Praça Mauá e só conseguiu pegar uma condução já na Avenida Oswaldo Cruz, no bairro do Flamengo. Também houve confrontos na região da Lapa, no centro, por exemplo, e pelo menos 40 ficaram feridos.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Um novo conceito de 'mobilidade urbana' |
Só nessa quinta-feira (20), moradores de 120 cidades teriam realizado protestos, contabilizando mais de um milhão de pessoas. Em São Paulo, por exemplo, haveria cerca de 100 mil manifestantes, enquanto em Brasília, uns 30 mil, ocupando a Esplanada dos Ministérios. Um grupo acendeu uma fogueira no gramado do Congresso, enquanto outro, jogando água do lago artificial nos policiais militares, e depois lançando bombinhas tipo 'cabeção' contra a segurança, que reagiu lançando spray de pimenta e gás lacrimogênio, segundo a Agência Senado. Um homem foi detido ao tentar invadir o Congresso. Em Belo Horizonte (MG) havia uns 20 mil presentes, por exemplo. E em Recife (PE), cerca de 50 mil.
'Tapando o sol com a peneira'
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
O povo já disse o que quer |
A Câmara dos Deputados optou por adiar a votação da PEC 37/2011, que estava programada para o próximo dia 26 de junho. Nova data será revista entre os membros do grupo de trabalho que analisa o texto, publicou a Agência Câmara. Contudo, a decisão foi criticada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder do Partido. “Se o Congresso quer dar respostas à sociedade, tem de votar e rejeitar essa PEC. O adiamento não é resposta, e pode ser uma manobra para dissimular a intenção de aprovar a PEC depois”, disse o parlamentar.
“O regramento da investigação é saudável, mas não se confunde com a limitação ou a retirada do poder do Ministério Público, que chegou a propor ao grupo de trabalho um balizamento para as investigações. A proposta, no entanto, não foi aceita pelos delegados”, acrescentou Sampaio.
Na verdade, o que está se fazendo é tentar 'tapar o sol com a peneira e driblar a sociedade, que durante os protestos já deixou de forma clara que rejeita essa PEC.
Marcas do vandalismo
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Banca de jornal no centro do Rio. |
É impossível andar pelo centro do Rio de Janeiro, e não notar as marcas do vandalismo deixadas no grande protesto do último dia 17 de junho. Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), por exemplo, as marcas de pichações não foram apagadas completamente. Nem a estátua de Tiradentes escapou da ira de delinquentes, pois teve o vidro que protege a iluminação depredado.
Bancas de jornal, farmácias e agências bancárias estão entre os que tiveram prejuízos. O Banco Itaú, principalmente. Ao longo do dia, era possível ver operários trabalhando para consertar portas, proteção de madeira e substituir as vidraças destruídas. Nem os pontos de ônibus escaparam da ação desses vândalos.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Se o povo está comprando agora, imagine no carnaval, então!!! |
Já em Brasília, quebraram as vidraças da obra do falecido arquiteto Oscar Niemeyer no Itamaraty – sede do Ministério de Relações Exteriores –, além do toldo e de parte das instalações para a partida entre Brasil e Japão, cujo evento aconteceu no último dia 15.
Oportunidade
A onda de protestos que começou há duas semanas, por causa do reajuste nas tarifas de transportes públicos e os gastos elevados para a Copa do Mundo de 2014, que foi se espalhando pelo país, também é de oportunidade: ambulantes estão vendendo máscaras a R$ 10, e afirmam que estão sendo bastante procuradas.
Leia também:
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Vandalismo: a gente vê por aqui
Não é esquizofrenia, é indignação mesmo!!!
Patrioti(mi)smo
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