Manifestações começam a perder o foco político; alguns indivíduos agem como verdadeiros bandidos. Imagem: Agência Brasil - Tânia Rêgo /...
Manifestações começam a perder o foco político; alguns indivíduos agem como verdadeiros bandidos.
Imagem: Agência Brasil - Tânia Rêgo / Reprodução / Creative Commons
Marcas de vandalismo deixadas no dia 17/6, no centro do Rio, que resultou num carro incendiado. |
Existe uma enorme diferença entre protestar e vandalizar. A primeira trata-se de uma reivindicação individual ou coletiva, que consiste no simples ato de discordar, geralmente feita de maneira pacífica e com fins democráticos. Enquanto a segunda, de deturpar e destruir, que numa espécie de parasitismo com o protesto tenta confundi-lo e demonizá-lo. Embora seja uma minoria que esteja se desviando do principal objetivo das manifestações, os estragos são muitos e alguém precisa responder por isso.
Imagem: Agência Brasil - Marcelo Camargo /
Reprodução / Creative Commons
Reprodução / Creative Commons
Nessa terça-feira (18/6), um grupo de manifestantes se separou dos demais, na capital paulistana, e tentou invadir o prédio da Prefeitura, atirando bombas caseiras e chutando os portões. Houve confronto com a Guarda Civil Metropolitana. Uma cabine da polícia e uma agência bancária próximas dali tiveram suas fachadas depredadas e as vidraças destruídas, de acordo com a 'Agência Brasil'. Inclusive, um carro da Rede Record, que estava no local para fazer a cobertura, foi incendiado. Em nota, a emissora informou que seus profissionais saíram ilesos e classificou os autores desse ato como 'criminosos'. É a imprensa tendo sua liberdade cerceada por quem deveria contribuir com seu trabalho. Sem contar os jornalistas que foram vítimas de policiais nos últimos dias 11 e 13, tendo sido atingidos por balas de borracha ou presos/detidos sob a acusação ridícula de 'formação de quadrilha', por exemplo.
No Rio de Janeiro, não foi tão diferente. Na última segunda-feira (17), um grupo de vândalos impediu que a manifestação, que reuniu cerca de 100 mil pessoas, terminasse com chave de ouro. Lançou bombas contra policiais na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), tacou fogo em um carro e pichou imóveis naquela região. O vídeo, abaixo, explicita isso.
Vídeo: Hugo Codasi / You Tube / Cedido ao OPINÓLOGO
Vídeo: Hugo Codasi / You Tube / Cedido ao OPINÓLOGO
Outro material divulgado nas redes mostra alguns momentos do confronto, no Rio de Janeiro. São cenas vergonhosas!!!
Vídeo: Tamuraimara / You Tube / Reprodução
Vídeo: Tamuraimara / You Tube / Reprodução
Novos protestos ocorreram em várias partes do país e de maneira pacífica, nessa terça-feira (18). O município fluminense de São Gonçalo, com mais de mil pessoas, foi um exemplo disso. É preciso deixar claro, que é um pequeno grupo que está fazendo arruaça e deturpando a legitimidade das manifestações, que são principalmente contra o reajuste nas tarifas de transportes públicos e contra os elevados gastos nas obras da Copa do Mundo de 2014. Só que se esquece que ao depredar as coisas, haverá mais gastos em seu conserto e/ou reconstrução, e pior: com dinheiro público!!!
Imagem: cedida por Flávio Filho ao OPINÓLOGO
Imagem: cedida por Flávio Filho ao OPINÓLOGO
Manifestação atravessa o Atlântico e chega a Portugal |
E por falar em Copa do Mundo, o Ministério do Esporte teria informado, nessa terça-feira (18), que os gastos com o evento, previstos em R$ 25,5 bilhões, poderiam chegar aos R$ 28 bilhões, publicou o portal 'R7'. Esse tipo de notícia certamente é lenha na fogueira, literalmente, quando a situação merece ser tratada com cuidado.
A alta representante das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pilay, recomendou que as autoridades brasileiras agissem com moderação, evitando o uso desproporcional de força durante os protestos, e pediu que fossem garantidos os diálogos com os manifestantes.
Já a ONG Human Rights Watch (HRW), de direitos humanos, instou ao governo paulista que investigasse com imparcialidade a conduta da Polícia Militar, que teria lançado gás lacrimogênio e atirado com balas de borracha contra os manifestantes. Pelo menos 200 pessoas teriam sido detidas/presas desde o último dia 6 de junho, salientou.
Para a presidenta Dilma Rousseff, o Brasil teria acordado mais forte, e disse que as manifestações seriam contra a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Mas, lamentou o vandalismo que ocasionou depredação do patrimônio público (vídeo).
Vídeo: Presidência da República / You Tube / Reprodução
Também houve protestos promovidos por brasileiros no exterior, nessa terça-feira (18), em países como: Portugal, Argentina, Itália, entre outros. Nos cartazes, alguns refrões já conhecidos: que não era mais por apenas R$ 0,20 (em alusão ao reajuste nas passagens de ônibus), os jogos de 2014, corrupção na política etc.
Abaixo, OPINÓLOGO traz um pequeno vídeo do momento em que um grupo de pessoas subiu no teto do Congresso Nacional, em Brasília, na última segunda-feira (17). Não se sabe a autoria do material.
Vídeo: Divulgação
Passagens começam a baixar
Ao que parece, os manifestos já começaram a surtir efeito: pelo menos sete municípios brasileiros já teriam reduzido o preço da passagem de ônibus. Em Cuiabá (MT), a tarifa de R$ 2,70 que sofreu reajuste, em dezembro passado, para R$ 2,95, teve uma recente redução em R$ 0,10, ficando a R$ 2,85, e começará a valer a partir da zero hora desta quarta-feira (19).
Em João Pessoa (PB), o valor era de R$ 2,20 e subiu para R$ 2,30, em janeiro deste ano. No entanto, voltará ao preço antigo no próximo dia 1° de julho.
Já os ônibus que circulam na Grande Recife (PE) terão redução de R$ 0,10 em todas as tarifas, a partir da próxima quinta-feira (20), que variam de R$ 1,50 a R$ 3,35.
Imagem: cedida por Melzinha Padua ao OPINÓLOGO
Imagem: cedida por Melzinha Padua ao OPINÓLOGO
Protestos também em Toronto, no Canadá. |
As cidades de Montes Claros (MG), Porto Alegre (RS), Pelotas (RS) e Foz de Iguaçu (PR) também terão suas tarifas reduzidas.
“O governo federal fez neste ano e em 2012 uma redução de impostos das empresas de transporte coletivo que permite queda de até 7,23% no valor da tarifa de ônibus urbano. O corte de tributos anunciado pelo governo possibilita que os preços das passagens caiam em algumas grandes cidades ou tenham reajuste menor em outras localidades.
Em 31 de maio, o governo encaminhou ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 617, que isenta de PIS/Cofins os serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário e ferroviário. Segundo dados do Ministério da Fazenda, tal desoneração tem um impacto de 3,65% sobre o valor do faturamento das empresas. Isso quer dizer que deixou de incidir sobre o valor da passagem do transporte coletivo 3,65%.
Em 17 de agosto de 2012, a presidenta Dilma Rousseff sancionou o Projeto de Lei de Conversão 18/2012 (MP 563), desonerando a folha de pagamento das empresas de transporte coletivo rodoviário. A medida passou a vigorar a partir de janeiro de 2013. Agora, em 15 de junho de 2103, o governo enviou ao Congresso Nacional, através da MP 612, a desoneração da folha de pagamento para o transporte coletivo metroviário.
A redução de 20% sobre a folha de pagamento das empresas de transporte coletivo rodoviário equivale a 5,58% do faturamento. Subtraindo deste percentual o recolhimento de 2% de tributo sobre o faturamento das empresas, chega-se a um impacto de 3,58% de redução sobre as tarifas.”, afirmou a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman.
Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT), em reunião com cinco representantes do Movimento Passe Livre (MPL) e do Conselho da Cidade, que durou mais de três horas, nessa terça-feira (18), declarou que para manter o preço das passagens em R$ 3 (subiu em junho para R$ 3,20) até 2016, 'seria necessário subsidiar o serviço em R$ 8,61 bilhões', e que isso teria um impacto nos orçamentos públicos em caráter nacional.
“Aumentar abaixo da inflação, reduzir ou congelar: qualquer decisão sobre a tarifa aumenta o valor dos subsídios. Eu tenho que falar para a cidade a verdade, não posso omitir da população. Se nós decidirmos por esta agenda de congelamento em R$ 3, nós vamos ter que encontrar dentro do orçamento espaço para R$ 2,7 bilhões de custo, não adianta fugir disso”, comentou o líder municipal paulistano, ao comparar que o valor do subsídio daria para construir 200 mil casas populares ou contratar 20 mil médicos.
“O usuário de transporte individual também precisa arcar com os custos do transporte coletivo”, falou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Foi uma frase infeliz, porque o preço dos transportes públicos (ônibus, metrô e trem) não corresponde à qualidade que estes deveriam ter pela fortuna que se paga.
Mais protestos
Imagem: cedida por Jeniffer Pompilho ao OPINÓLOGO
Sabe-se que vários protestos estão marcados para essa semana: um às 17h desta quarta-feira (19), na Ponte Rio-Niterói, outro no mesmo horário, na próxima quinta-feira (20), no centro do Rio. Nos próximos dias, também ocorrerão outros na Alemanha, na França, no Canadá etc.
Percebe-se que os protestos estão começando a perder o foco, ou quem sabe ganhando uma nova identidade, mesmo que de forma confusa. Foram motivados por causa dos gastos excessivos com o Mundial de 2014 e pelo aumento nas passagens de transportes públicos. Em certos lugares, as ações eram apenas gestos de solidariedade, agora se mesclaram à insatisfação com a política, com a impunidade e com tantas outras coisas e ao se sabe mais o quê. Quando de fato deveriam ser para reclamar do elevado custo de vida e com a falta de retorno em saúde, educação, segurança, infraestrutura e blá, blá, blá...
Aí vem a pergunta que não quer calar: por que os brasileiros esperaram o país gastar bilhões para reclamar seis anos da Copa do Mundo??? Durma-se agora com o barulho e com a culpa.
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