Estudantes da UGF continuam acampados no prédio da reitoria, na Piedade. Os estudantes da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Jane...
Estudantes da UGF continuam acampados no prédio da reitoria, na Piedade.
Os estudantes da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, especialmente os do curso de Medicina, continuam acampados em sua nova e temporária residência: o prédio da reitoria dessa instituição de ensino superior (IES), na Rua Manoel Vitorino, n° 553, no bairro e campus da Piedade, na zona norte. A ocupação tem mais de 24 horas e ocorreu na tarde dessa segunda-feira (15/7). É um protesto contra os velhos problemas que assolam essa universidade: salário atrasado, banheiros e equipamentos em péssimo estado de conservação, o não cumprimento e pagamento de leis trabalhistas, e por aí vai... Abaixo, segue um vídeo produzido e editado por eles mesmos, mostrando os principais momentos desse processo.
Vídeo: Camed / You Tube / Reprodução
Eles estão se revezando de três em três horas para manter a ocupação da reitoria. Desde então, já receberam várias visitas nesse novo lar. Nessa terça-feira (16), por exemplo, estiveram o deputado estadual Robson Leite (PT-RJ) e a presidenta do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), a doutora Márcia Araújo, para prestar-lhes apoio (foto). No final desta noite, OPINÓLOGO conversou por telefone com o parlamentar, que falou que estaria visível a 'insolvência' do grupo Galileo Educacional em relação aos problemas financeiros, que afetam diretamente aos funcionários da Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade). No início deste ano, o presidente da gestora, Alex Porto, afirmou em audiência na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que a dívida das duas IES chegaria a R$ 900 milhões. E para completar, o grupo estaria tentando fazer um novo empréstimo junto ao Banco Cédula, já que o Banco Mercantil não quis liberar a grana para pagar aos docentes. Robson Leite disse que vai continuar acompanhando de perto a situação, a fim de evitar qualquer tipo de agressão física e moral de força policial aos discentes, por exemplo, por estarem no local. Ele espera que o Ministério da Educação (MEC) cumpra o seu papel como ente fiscalizador, já que existe uma comissão permanente na IES. E lembrou que está prevista para o mês de agosto a votação no plenário do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa da Alerj, que investigava supostas irregularidades em IES privadas fluminenses. A primeira aprovação ocorreu nesta Comissão, em abril passado, na qual ele é o relator.
Imagem: Camed / Reprodução
Na reitoria da UGF |
Já com a representante do Cremerj, este jornalista não conseguiu sua declaração, pois ela estava em outra agenda. Mas, sua Assessoria ficou de responder o mais breve possível.
OPINÓLOGO também conversou, nessa terça-feira (16), com o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro (SinMed RJ), doutor Jorge Darze, quem também se mostrou solidário ao ato dos alunos de Medicina. “Nós estamos promovendo uma ação proativa, fazendo tudo o que está ao nosso alcance, ajuizando ações trabalhistas para ressarcir os médicos [da UGF], na questão dos seus direitos que não estão sendo cumpridos. Uma dessas ações é de responsabilidade por dano moral, por exposição vexatória dos médicos”, declarou.
“Ninguém aguenta mais esse ambiente da mantenedora, que expõe os alunos e futuros médicos à situação de prejuízo, que pode comprometer a formação acadêmica”, continuou o presidente do SinMed RJ. Ele acrescentou que corre na Justiça Trabalhista outra ação de indenização aos mais de 100 profissionais, que trabalharam de graça por um semestre na Santa Casa da Misericórdia, para não prejudicar aos estudantes. Eles tinham sido demitidos entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012 naquela leva dos demais docentes da Gama Filho e da UniverCidade. Mas, alguns foram recontratados e até agora não receberam pelo período que lecionaram 0800.
Os novos 'moradores' também receberam a visita do diretor financeiro, Samuel Dionizio, na última segunda-feira (15). Para o presidente do Centro Acadêmico Albert Sabin de Medicina da UGF (Camed), Rafael Iwamotto, ao OPINÓLOGO, ele teria, supostamente, agido de forma 'desrespeitosa', por tentar fazê-los se retirar do local, e por não ter informações concretas sobre a situação financeira da instituição. Ainda, segundo o estudante, o representante do grupo Galileo Educacional teria pedido aos discentes 'paciência'. Mas, para Rafael Iwamotto, eles 'já foram pacientes demais'. “Nós não temos previsão de sair da reitoria, até que a Galileo esteja disposta a conversar conosco e tenhamos nossas reivindicações atendidas”, enfatizou o aluno. Eles exigem: o depósito do salário de junho acrescido de um terço das férias de 2011, conforme Termo de Compromisso firmado entre os professores e a gestora; relatórios financeiro e de fluxo de caixa de 2012 e de 2013, balancetes contábeis desses mesmos anos; garantia do aumento de segurança nas unidades para evitar assaltos e furtos; compromisso de pagamento registrado [não falaram se em cartório ou Ministério Público do Trabalho]; canal direto de diálogo com a IES; confirmação de manutenção de convênios para estágio e/ou aprendizado de graduações; e garantia de que nenhum dos envolvidos sofreria qualquer tipo de retaliação.
Estudantes de Medicina disseram estar precisando de colchonetes, sacos de lixo, desinfetante e produtos de limpeza [não detalharam quais], para assim garantir a continuidade da ocupação.
Sabe-se também, que o Diretório Central Estudantil da UniverCidade (DCE-UC) estaria organizando uma reunião para às 19h desta quarta-feira (17), no campus Gonçalves Dias, no centro, para discutir a greve. Como já é ciência dos que acompanham este site, os professores do Centro Universitário decidiram continuar, enquanto os da UGF a suspenderam.
Reitor da UniverCidade justifica viagem à Europa
OPINÓLOGO noticiou na reportagem dessa terça-feira (16), que o reitor da UniverCidade, professor Manoel Messias Peixinho, estaria na França nessa mesma data, tendo em vista algumas postagens feitas em seu perfil no Facebook. No entanto, destacou que não se sabia o motivo de sua viagem e que também não houve interesse em contatar a mantenedora para saber o porquê, já que ela sempre optou pelo silêncio. À tarde, o reitor entrou em contato para se justificar: ele estaria fazendo um pós-doutorado numa universidade francesa em convênio com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-Rio). De imediato, o texto foi atualizado com a devida explicação. Mas, por ele ter tido a nobreza de dar uma satisfação a este simples site, vale a pena informar novamente aos leitores, para evitar qualquer tipo de dúvida. Até porque, essa é uma política de transparência e equidade valorizada aqui ao longo desses últimos três anos.
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