Ocupação da reitoria da UGF já passa de 72 horas; docentes da UniverCidade continuam em greve. Funcionários administrativos da Universi...
Ocupação da reitoria da UGF já passa de 72 horas; docentes da UniverCidade continuam em greve.
Funcionários administrativos da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, ameaçaram fazer uma paralisação a partir da zero hora desta sexta-feira (19/7), se não recebessem o salário de junho – que está atrasado – e o vale-transporte do mês atual, para que possam trabalhar. A decisão foi tomada em assembleia realizada, na última segunda-feira (15), no campus da Piedade, segundo o sindicato da classe (SAAE-RJ). “PROFESSORES TERÃO DIFICULDADE DE TRABALHAR A PARTIR DE SEXTA-FEIRA. Os funcionários da UGF deliberaram que sem salários até quinta-feira haverá GREVE DOS FUNCIONÁRIOS!”, reforçou a Associação dos Docentes da UGF (ADGF) em um post há algumas horas. Só ao longo do dia, que será possível confirmar a atual situação e por quanto tempo durará. Outro evento foi marcado para as 14h, no mesmo lugar.
Não se sabe se os funcionários administrativos do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) também estariam na mesma condição, uma vez que o SAAE-RJ só falou dos que trabalham na Gama Filho.
Em março passado, por exemplo, os empregados das duas instituições de ensino superior (IES) fizeram greve devido a atraso salarial. Em maio de 2012, apenas os da UniverCidade interromperam suas funções e pelo mesmo problema.
Ocupação da reitoria
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Estudantes pedem "Ordem e Progresso" |
Já passam de 72 horas a ocupação da reitoria da Gama Filho, no campus da Piedade, por parte dos estudantes, em sua maioria, do curso de Medicina. A ação teve início na tarde da última segunda-feira (15). Desde então, esses discentes já receberam a visita de várias autoridades: no dia seguinte (16), o deputado estadual Robson Leite (PT-RJ) e a presidenta do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), doutora Márcia Araújo. E nessa quarta-feira (17), por exemplo, o deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ).
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Esse mantra deve estar em que língua??? |
OPINÓLOGO esteve no local na noite dessa quinta-feira (18). Na entrada do prédio da reitoria, é possível observar inúmeros cartazes de protestos contra a situação que os alunos enfrentam e também contra o Ministério da Educação (MEC), que está sendo cobrado por ações mais efetivas. De cara, uma bandeira do Brasil na porta. Os discentes querem o mesmo que está escrito nela: 'Ordem e Progresso'. Essa porta está fechada com cadeado e uma corrente. Do lado de dentro, uma mesinha com alguns alimentos e uma catraca. O acesso é controlado por eles, que decidem quem pode ou não entrar. Nos andares superiores, colchonetes, barraca de dormir, alguns restos de comidas e vários deles estudando lá mesmo para as provas. Parece que se está realmente em uma residência!!! O falecido fundador, o então ministro Luiz Gama Filho, que Deus o tenha, deve estar se remoendo no túmulo pelo que estão fazendo com a sua obra, 'uma das mais importantes instituições de Ensino Superior do Rio', como esta se autodenomina.
Representantes do Centro Acadêmico Albert Sabin de Medicina da UGF (Camed) informaram que doações de colchonetes, alimentos já prontos, sacos de lixo, produtos de limpeza e de higiene pessoal são bem-vindos, para que assim consigam manter pelo maior tempo possível a ocupação do espaço.
Há pouco, divulgaram uma nota criticando as promessas de pagamento dos professores para este mês e questionando para onde estaria indo o pagamento das mensalidades: “(...) Para quem não entendeu ainda, a Universidade Gama Filho está próxima do fim, da falência e do fechamento. Graças a uma gestão criminosa de uma quadrilha (sic) que só quer nosso dinheiro, e graças a um governo complacente e irresponsável. E a grande maioria dos alunos? NEM AÍ. A Galileo mentiu ao dizer que o pagamento não saiu no dia 05/07/2013 por simples erro bancário, depois admitiu não ter dinheiro para pagar os funcionários. Para onde está indo o nosso dinheiro? Hoje, dia 18/07/2013 foi dito que o pagamento sairia. NADA FOI DEPOSITADO. E mesmo que fosse depositado, só sairemos da reitoria mediante ao cumprimento de todas as nossas exigências. Não bastasse isso, fiquem cientes de que o MEC já afirmou não saber o que fazer acerca da situação, o que é ao mesmo tempo ridículo e terrível. Fiquem cientes de que o Sindicato dos Professores já cogitam a possibilidade de fechamento da universidade e já negocia o destino dos docentes. E o pagamento, se sair, sairá porque a Galileo deu como garantia mais um prédio da universidade para pegar um empréstimo que quitaria, segundo eles, o salário até setembro. E depois disso? (...)”.
Essa ocupação na Piedade coincide com os preparativos finais para a Jornada Mundial da Juventude de 2013. Sabe-se que a instituição teria disponibilizado entre 400 e 600 vagas a peregrinos, para que pudessem pernoitar do período de 23 a 28 de julho. Coincidência ou não, as provas previstas para o dia 22 serão realizadas no campus da Candelária, no centro do Rio.
Também não é a primeira vez, que estudantes revoltosos com a mantenedora ocupam seus imóveis. Em maio do ano passado, por exemplo, discentes da UniverCidade acamparam por duas vezes no prédio onde fica a sede do grupo educacional, no Centro do Rio. Portanto, e ao que parece, ocupar a instituição já estaria se tornando rotina, da mesma forma que os atrasos salariais, cuja reação imediata da categoria se resume em greves e paralisações desde o ano passado, pelo menos.
MEC convoca presidente do grupo Galileo Educacional, em Brasília
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Na reitoria, o clima é de residência. |
O presidente do grupo Galileo Educacional, Alex Porto, está sendo convocado pelo Ministério da Educação para discutir sobre o novo atraso do salário dos professores, em Brasília, na próxima terça-feira (23/7), informou a ADGF. Até o presente momento, os professores dessa instituição e também do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) não receberam o pagamento de junho nem um terço das férias de 2011, previstos no Termo de Compromisso firmado entre esses profissionais e a mantenedora.
Coação
A Associação Docente da Cidade (Adoci), do Centro Universitário, denunciou, na última quarta-feira (17), que seus colegas estariam sofrendo suposta coação por parte de coordenadores e da gestora, ao obrigá-los a preencher um formulário no Google Drive, informando se pretendiam manter o calendário de provas ou se o adiarão em virtude da greve (foto), que teve início na última segunda-feira (15) e ainda não teve adesão total. “A nossa determinação, apoiada pelo jurídico do Sinpro-Rio [o sindicato da categoria], é que nenhum professor deverá preencher este formulário, pois caracteriza a criação de prova contra si mesmo, o que fere o seu direito, garantido na Constituição ('Nemo tenetur sedetegere'), no caso de ser usado capciosamente pela instituição contra o professor que, por este formulário assina e assume que está aderindo à greve. Logo, o professor não deve temer pelo seu emprego por fazer valer seus direitos de forma legal e legítima. Não se deve esquecer que todo o corpo docente está em greve, decisão tomada em Assembleia é soberana e absoluta!”, declarou.
“O Sinpro–Rio teve ciência que a UniverCidade está coagindo os professores a retornarem ao trabalho, determinando que apliquem as últimas provas do bimestre, desrespeitando a soberana decisão da assembleia, que deliberou pela deflagração do movimento grevista em decorrência do não pagamento dos salários.
Esta arbitrária e ilegal coação não será aceita pelo Sindicato, que adotará todas as providências necessárias para garantir o legítimo direito de greve dos professores.
É importante lembrar que a mobilização e a greve conduziram, nos anos de 2012 e 2013, ao pagamento de parte das dívidas da instituição com os professores. Não podemos ceder a essa coação praticada pela instituição”, repudiou o sindicato.
Já nesta sexta-feira (19), o tal formulário não se encontrava mais disponível. Aparecia uma mensagem do Google dizendo que o mesmo não existia ou tinha sido deletado por seu proprietário.
Outras informações
Na tarde dessa quinta-feira (18), OPINÓLOGO tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação da Gama Filho, pelo telefone que se encontra no site. No entanto, a empresa informou que não estaria mais prestando o serviço à instituição. O motivo da ligação era para tentar mais uma vez dar uma oportunidade para que a mantenedora se posicionasse em relação à atual situação.
Já na última segunda-feira (15), o presidente da Adoci, Sidnei Amaral, se reuniu com representantes da comissão permanente do MEC. No dia seguinte (16), foi a vez destes com os da mantenedora.
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