Quinta-feira, 01 de agosto de 2013 Informação atualizada em 04/08/2013, às 2h12 Durante protesto contra o governador do Rio de Janeiro, Sér...
Quinta-feira, 01 de agosto de 2013
Informação atualizada em 04/08/2013, às 2h12
Durante protesto contra o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, manifestantes invadem a Câmara dos Vereadores.
Informação atualizada em 04/08/2013, às 2h12
Durante protesto contra o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, manifestantes invadem a Câmara dos Vereadores.
Percorrendo o centro
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Na Cinelândia, próximo à CMRJ |
O centro do Rio foi palco de mais uma manifestação de aversão ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que poderia ser chamada de “Cabralfobia”, nessa quarta-feira (31/7). O evento foi apenas mais um entre tantos marcados pelas redes sociais e tinha entre 700 a mil pessoas.
Já por volta das 16h, havia um pequeno contingente de pessoas nas escadarias da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro (CMRJ), na Cinelândia. E como era previsível, o local estava tomado de policiais militares, a maioria com coletes nos quais só eram identificados por letra e número. Foram poucos os soldados cujos nomes estavam à mostra. Do final da tarde para o início da noite, policiais militares começaram a revistar mochilas de várias pessoas, para verificar se entre os presentes alguém trazia algum tipo de armamento.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Logo, ao anoitecer, um pouco mais de 18h, os presentes deixaram o ponto de concentração e começaram a caminhar pelo bairro. Seguiram pela Rua Santa Luzia, onde pararam algumas vezes, passaram pela Avenida Presidente Antônio Carlos e pela Praça XV, contornando até chegar ao prédio do Ministério Público Estadual (MP-RJ), na Avenida Marechal Câmara.
Com a via tomada de manifestantes e policiais, além de agentes de segurança do MP-RJ, o procurador-geral do Ministério Público, Marfran Vieira, desceu de seu gabinete e discursou para aquele público. Suas palavras eram repetidas, para que os que estivessem distante pudessem também ouvir. Ele recebeu uma pauta com várias reivindicações: investigar o uso indiscriminado de helicópteros por parte do mandatário fluminense, a suposta ligação de autoridades com empreiteiras, o monopólio nos transportes públicos, os gastos elevados com o dinheiro público para as obras da Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, além da conduta policial durante os protestos nos últimos meses. O procurador falou de sua atuação contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n° 37/2011 – que foi arquivada pela Câmara dos Deputados –, que visava tirar o poder de investigação do MP e atribui-lo somente às polícias federal e civil.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Na Alerj |
O pedreiro Amarildo de Souza está desaparecido desde o último dia 14 de julho, após prestar depoimento a policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na Rocinha. E as duas únicas câmeras que deveriam ter registrado a sua saída, coincidentemente estavam com defeito.
Os manifestantes cariocas também criticaram o governo de Geraldo Alckimin. Havia também mensagens como: “São Paulo é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.
Invasão à Câmara dos Vereadores
Depois de pelo menos 40 minutos, o protesto seguiu até a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde durou pelo menos o mesmo período. Só que lá não encontraram deputados, porque já estava fechada. O evento acabou voltando ao ponto de partida, à Câmara dos Vereadores.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Enquanto uma parte subia por fora as janelas da CMRJ, outra estava do lado de dentro |
Até então, tudo ocorria de forma pacífica. Mas, a coisa já dava sinal de que iria 'esquentar' – no mau sentido da palavra –, quando alguns manifestantes mascarados conseguiram entrar na CMRJ e apareceram na janela, exibindo faixas de protesto contra Sérgio Cabral, questionando o desaparecimento do pedreiro Amarildo – morador da Rocinha – e a política brasileira. Depois de pelo menos 30 minutos, os que tinham adentrado ao legislativo carioca tiveram que sair. Às 22h03, alguns manifestantes começaram a jogar bombas em direção à porta da Câmara. Só se via as luzes vermelhas das mesmas. A polícia reagiu com spray de pimenta, que afetou, inclusive, quem estava dentro do restaurante Amarelinho. Na hora, alguns garçons prepararam guardanapos com vinagre e ofereceram aos clientes, para que pudessem controlar a crise de tosse e de sufocação. O estabelecimento tinha fechado algumas portas por volta das 20h, ficando com clientes do lado de dentro. Ainda houve uma invasão à CMRJ, então as forças de segurança retiraram os invasores.
Até meia-noite, aproximadamente, tinha gente no local, que foi aos poucos esvaziando: uma parte seguia para continuar o protesto em frente a residência do governador, no Leblon, zona sul do Rio, como parte do movimento 'Ocupa Cabral'; enquanto outra, rumava para casa.
Fogo na rua
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Lixo queimando próximo a orelhões |
No final da noite, foi possível encontrar alguns rastros de vandalismo pelo centro. Na altura do Largo da Carioca tinham ateado fogo em lixos que estavam espalhados pelas ruas. Segundo alguns populares, supostamente teria sido ocasionado por alguns manifestantes. Um dos focos de incêndio estava muito próximo de alguns orelhões.
Observações
OPINÓLOGO acompanhou os manifestos e pôde observar alguns momentos de euforia: a marcha parava em alguns instantes, para não se dissipar e para que a mídia pudesse tirar fotos, e do nada era um tal de gente correr, sem explicação aparente, o que acabava assustando outras pessoas que estavam mais longe.
Além de refrões como “fora Cabral” e xingamentos ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, e ao empresário Eike Batista, o mantra praticado do começo ao fim era “OAB”, sempre que algum policial queria revistar a mochila de alguém. Pelo menos 15 representantes da seccional Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) acompanharam o ato para dar suporte jurídico, se fosse necessário. Também haviam gritos para revistar o “P2”. Não é novidade para ninguém, que durante um protesto no Palácio Guanabara (sede do governo), em Laranjeiras, no último dia 24 de julho, manifestantes diziam que, supostamente, haveria agentes da PM infiltrados e lançando bombas contra a própria polícia. Tal informação chegou a ser rechaçada pela instituição. E também houve rumores que algumas mídias alternativas que estavam cobrindo ao vivo os eventos estariam supostamente vinculadas a partidos políticos, dando a entender que o objetivo era afetar a imagem do líder estadual. Até então, nada se comprovou. Todavia, nota-se uma tentativa de personificação e de deturpação para converter as insatisfações da massa em um simples atos de manipulação barata.
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Como muitos sabem, a onda de protestos que tomou conta do país começou em São Paulo, no último dia 6 de junho, contra o aumento nas tarifas de transportes públicos. Acabou se espalhando, inclusive as razões para tanta revolta. No Rio de Janeiro, os eventos contra a política aconteciam de forma generalizada contra a toda classe política. No entanto, a partir do início do mês passado, passou a estar focada no líder fluminense, principalmente após a revista “Veja” revelar que ele, supostamente, usaria helicópteros do governo estadual diariamente para ir de seu apartamento no Leblon até o Palácio Guanabara (sede do governo), no bairro de Laranjeiras, o que não é distante. E até para fins particulares, levando a família, manicure e até o cachorro nessas viagens para a casa de praia em Mangaratiba, município da região da Costa Verde. Desde então, já houve inúmeros protestos em frente ao edifício dele e também no local de trabalho. Ele teria sete aeronaves à disposição.
Em entrevistas à imprensa, Cabral teria, por exemplo, lamentado que os atos estivessem sendo realizados nos arredores da residência, e que isso estaria afetando aos dois filhos. O objetivo aqui neste texto não é se manifestar a favor ou contra ele, mas percebe-se uma suposta falta de humildade de sua parte, por resistir ao diálogo. Porque o país vive um momento de falta de amnésia, em que a massa teria se “curado” – mesmo que temporariamente – de seu estado de esquizofrenia coletiva, o que teoricamente leva-se a crer que as pessoas não esquecerão facilmente suas insatisfações com ele: ainda não se perdoou o processo de (re)tomada da Aldeia Maracanã, que fica no entorno do estádio do Maracanã, em um suposto favorecimento à Copa do Mundo de 2014, por exemplo.
Um dos destaques das mensagens em cartazes era a alusão que se fazia em relação a Cabral [Pedro Álvares] e Cabral [Sérgio], atentando para uma ideia de invasão. O primeiro, por ter ocupado terras indígenas com o processo de colonização; enquanto o segundo, por causa da Aldeia Maracanã, imóvel que era ocupado por indígenas que ficaram lá, mesmo quando o lugar havia deixado de ser o Museu do Índio.
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Vídeo: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Apesar de a Polícia Militar estar subordinada ao governador, ela também não deve ficar contra a população. Enquanto não houve arremesso de bombas, atuou de forma ordeira, seguindo o manifesto. Só que esta crise do governador está contribuindo para denegrir mais a imagem da corporação junto à sociedade, embora não precise do governante para isso.
É impressionante, como o governador que foi eleito para um segundo mandato e tenha implantado as UPPs, no intuito de enfrentar o crime organizado tenha perdido tanta popularidade!!!
É impressionante, como o governador que foi eleito para um segundo mandato e tenha implantado as UPPs, no intuito de enfrentar o crime organizado tenha perdido tanta popularidade!!!
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