Sábado, 10 de agosto de 2013 Imagem: Hugo Júnior / Cedida ao OPINÓLOGO Acampados há quase um mês na reitoria – campus da Piedade...
Sábado, 10 de agosto de 2013
Imagem: Hugo Júnior /
Cedida ao OPINÓLOGO
Acampados há quase um mês na reitoria – campus da Piedade – da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, um grupo de estudantes organizou, este sábado (10/8), um café da manhã (foto 1) para celebrar com um dia de antecedência o Dia do Pais com a família. Pois, mesmo com a data especial, terá que ficar no local para manter a ocupação iniciada (foto 2) no último dia 15 de julho em protesto contra o atraso no salário de seus professores, a ameaça de uma nova greve por estes profissionais e os problemas de suposta falta de limpeza e até de papel higiênico nos banheiros e de conservação em equipamentos como os elevadores, por exemplo.
Esses discentes – a maioria do curso de Medicina – ressaltam que para deixar o local é preciso que haja negociação com o grupo gestor e que certas exigências sejam cumpridas: o pagamento dos salários, apresentação de relatórios e balancetes financeiros de 2012 e 2013 até o mês anterior, garantias reais de que não haveria represálias aos ocupantes, entre outras coisas.
Mais promessa de pagamento
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Imagem: OPINÓLOGO / Diego Francisco
Em nota, tanto a UGF quanto o Centro Universitário da Cidade – pertencentes ao grupo Galileo Educacional – informaram que o salário de junho de 2013 dos professores e dos funcionários administrativos seriam depositados na próxima segunda-feira (12). Segue o texto na íntegra:
“ Comunicado Galileo Educacional – Diretoria Executiva
Informamos que o salário referente ao mês de junho, dos Docentes e Funcionários Administrativos será creditado na segunda-feira 12.08.
Pedimos as mais sinceras desculpas pelos transtornos causados.
Galileo Educacional – Diretoria Executiva”.
No entanto, existe um abismo entre prometer e fazer. Já não é a primeira vez que o grupo gestor afirma com veemência que iria realizar os pagamentos e os descumpre. A última, por exemplo, foi no mês passado, ao garantir às associações docentes da UGF (ADGF) e da UniverCidade (Adoci) que a chance de que a grana caísse nas contas no último dia 31 de julho era de 99,98%. Inclusive, sendo reforçada em uma comissão paritária no Ministério da Educação (MEC), em Brasília, no dia 26 de julho. Tal promessa foi feita com base num suposto empréstimo que o acionista majoritário, o empresário e pastor Adenor dos Santos, estaria negociando com um banco no valor de R$ 400 milhões, dando como garantia um imóvel – não informado – avaliado em R$ 460 milhões.
Contudo, os educadores da UniverCidade já estariam 'vacinados' contra promessas. Estão que nem o apóstolo Tomé: só acreditam vendo.
A nova data de pagamento apontada coincide com o início de greve por parte dos funcionários administrativos do Centro Universitário, a partir da zero hora dessa segunda-feira (12), após votação em assembleia no passado dia 7 de agosto, no sindicato funcional (SAAE-RJ). Em março último, por exemplo, estes tinham interrompido suas atividades por razões semelhantes.
Até o momento, não se falou nada sobre o pagamento do 13° de salário de 2011 dos professores, que deveria ter sido pago junto com o salário de junho de 2013 no quinto dia útil de julho, conforme Termo de Compromisso firmado entre a mantenedora e esses educadores entre março e abril passado.
Sabe-se que em nota a certos meios de comunicação, a nova promessa de regularização salarial seria a partir de setembro próximo e culpou um suposto elevado índice de inadimplência que estaria em torno dos 40 por cento. Todavia, esse percentual poderia ser menor, se levado em conta que certos alunos estejam pagando suas mensalidades em juízo.
Manifestação
Imagem: Divulgação
A Rua Sete de Setembro, no centro do Rio, foi palco de mais uma manifestação (foto 3) contra o grupo Galileo Educacional. Dessa vez, organizada pela comunidade acadêmica da Gama Filho em frente o prédio da gestora, por volta das 10h da manhã dessa sexta-feira (9).
No último dia 6, os profissionais de educação dessa instituição de ensino superior (IES) deliberaram em assembleia greve, que teve início oficialmente dois dias depois (8). Até o presente momento, estão sem os salários de junho e julho de 2013.
Sabe-se também que o quadro administrativo dessa universidade entrou em greve na tarde do dia 31/7, por conta do não recebimento do salário de junho e do vale-transporte de julho. Em março, já tinha paralisado os trabalhos, assim como seus homólogos do Centro Universitário.
Nova assembleia docente
Docentes da UniverCidade agendaram uma nova assembleia para as 14h da próxima sexta-feira (16), no sindicato da classe (Sinpro-Rio), na Rua Pedro Lessa, n° 35, no centro. Eles continuam dando aula, mesmo sob 'estado de greve'. Segue o texto:
“Convocamos em Assembleia Extraordinária todos os professores para tomada de decisão sobre os desmandos do Grupo Galileo. A situação está cada vez mais grave, com acúmulo de pagamento de salários de junho e julho, mais o descumprimento do Termo de Compromisso firmado em abril deste ano. Falta de segurança, de limpeza, de palavra dos gestores da mantenedora. Os professores voltaram às salas de aula, fecharam o semestre letivo, fez sua parte num acordo firmado junto ao MEC, em Brasília, na semana passada. Infelizmente, não houve contrapartida. O Grupo Galileo não honrou os prazos estabelecidos por eles próprios e agora não sabem afirmar quando irão nos pagar e seu diretor presidente, Alex Porto, cede o lugar para o professor Wanderley Cantieri voltar a 'dialogar' com a categoria.
A luta continua! Todos à Assembleia no auditório do Sinpro-Rio”.
Em novembro próximo, fará um ano que o atual sócio majoritário assumiu a mantença junto com sua nova equipe. Em tão pouco tempo, é notório que, mesmo com as mudanças, o desgaste da relação entre gestores e empregados não foi superado. Conforme informação da Adoci, acima, ao que parece, estaria voltando o antigo 'negociador'. Seria como trocar seis por meia dúzia ou para não ficar nesse empate, seis por cinco. Até porque, no primeiro semestre de 2012, os docentes da UniverCidade se queixavam da falta de diálogo entre a empresa e a categoria, quando Cantieri atuava como porta-voz dessa IES. Com a troca de executivos na época, estabeleceu-se mais conversações a respeito da crise entre ambas as partes e o cenário pareceu que poderia ser diferente.
Aliás, durante todo esse tempo, os empregados das duas instituições jamais viram e/ou falaram com Adenor dos Santos. Sua presença seria meramente simbólica, para não dizer, mas já dizendo, cósmica, na qual ele é mencionado de forma onipresente como proprietário com promessas de um novo 'amanhã' que nunca chega.
O novo semestre comprometido
Docentes das duas instituições de ensino colocaram como condição para iniciar o segundo semestre de 2013 o cumprimento imediato dos pagamentos em atraso. Nem chegaram a mencionar até então antigos débitos trabalhistas que já perduram muito antes dessa mantenedora assumir o controle. Até 2010, a Gama Filho era administrada pela Sociedade Universitária Gama Filho (SUGF), dos empresários Paulo Gama e Alfredo Muniz, enquanto que a UniverCidade até 2011, pela Associação Educacional São Paulo Apóstolo (Assespa), do empresário Ronald Levinsohn.
Como se sabe, o MEC proibiu no início de agosto corrente que a UGF e a UniverCidade realizassem vestibulares. Consequentemente, impedindo o ingresso de novos alunos para os cursos de graduação, pós-graduação, modalidade à distância, além de transferência. A gestora terá que garantir que possui condições de gerir seus negócios e que pode arcar com a folha de pagamento.
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