Sexta-feira, 13 de junho de 2014 Informação atualizada em 13/06/2014, às 19h55 Apresentação exalta 'complexo de vira-lata' do ...
Sexta-feira, 13 de junho de 2014
Informação atualizada em 13/06/2014, às 19h55
Informação atualizada em 13/06/2014, às 19h55
Apresentação exalta 'complexo de vira-lata' do povo brasileiro; Fuleco não aparece na cerimônia.
Imagem: Agência Brasil / Marcelo Casal Jr. /
Reprodução / Creative Commons
Reprodução / Creative Commons
A 'festa' que mais desagradou do que agradou |
A cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014 deu um show... de vergonha, indignação e frustração em milhares ou milhões de brasileiros, além de inúmeros espectadores estrangeiros que a acompanhavam presencialmente ou em seus televisores. O evento aconteceu na tarde dessa quinta-feira (12/6), na Arena Corinthians, em São Paulo. Foi 'tupiniquim' mesmo, no sentido pejorativo da coisa. Muitos brasileiros devem estar se perguntando para onde foi o seu dinheiro (já que todos pagam impostos). Embora a Federação Internacional de Futebol (Fifa) diga que os R$ 18 milhões dessa abertura estariam sendo pagos por ela.
Pode-se dizer que só foi uma 'festança' aos olhos de quem lucrou com ela. A cerimônia serviu para exaltar o 'complexo de vira-lata' de muitos brasileiros, por achar que o estrangeirismo melhoraria ou daria uma cara melhor: a começar pela contratação de uma coreógrafa belga, de nome Daphné Cornez, para a direção artística; em segundo, porque dos três cantores presentes (Cláudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull), apenas a primeira era brasileira. Ficou parecendo que ela era a 'gringa'. O grupo Olodum fez a percussão. A canção de abertura era 'We Are One'.
Imagem: Agência Brasil / Marcelo Casal Jr. /
Reprodução / Creative Commons
Cláudia Leitte, Pitbull e Jennifer Lopez |
Difícil saber se realmente houve coreografia. Cada um parecia estar dançando como bem entendesse. Se é que se podia chamar aquilo de dança!!! Os 20 minutos de apresentação se resumiram em mostrar um pouco da natureza, do carnaval e dos índios. Desperdício de tempo!!! Foi um evento 'padrão Fifa', não o padrão brasileiro. Quase tudo foi importado. Pena que não importaram também a alegria, uma das principais características do povo brasileiro. Pelo que se pôde ver na TV e comparar, o Alzirão, na Tijuca, zona norte do Rio, parecia estar muito mais animado.
Imagem: Divulgação
A Galinha Pintadinha imita figurino de Cláudia Leitte |
Como se não bastasse, as roupas de Cláudia Leitte e Jennifer Lopez apelaram para um estereótipo cultural que o país luta para se excluir: o do turismo sexual. Pelo menos foi esse show que o Brasil mostrou ao mundo. Nas redes sociais, a vestimenta da artista sul-americana foi comparada à da Galinha Pintadinha, personagem de desenho (foto 3).
A atriz Maitê Proença foi uma das poucas celebridades sinceras que ousou a criticar o evento no programa 'Extra Ordinários', do 'Sport TV': “(…) Num país que tem Paulo Barros e Rosa Magalhães, colocar uma mulher belga para fazer... Ela tem um olhar exótico sobre o Brasil, acha tudo aquilo muito bonito. Foi um negócio amorfo. Eu fiquei olhando e esperando um momento apoteótico, uma coisa incrível e não aconteceu (…).
Na Argentina, por exemplo, a cantora e atriz Luciana Salazar disse que seria um 'recital de terceiro mundo', segundo o periódico local 'Clarin'. Outro diário, o 'Olé', falou que a cerimônia foi 'quase um papelão'.
A cerimônia foi marcada por vaias e palavrões à presidenta Dilma Rousseff. Vaias fazem parte de manifestação em qualquer democracia; palavrões, não. Refletem a falta de respeito e de civilidade com uma autoridade. Queiram ou não, gostem ou não, mas Dilma Rousseff foi eleita democraticamente e é a representante legal deste país. E como tal tem que ser tratada. O mais hipócrita nisso é que não era o povão que gritava, e sim a elite, a mesma que rechaçava a Copa do Mundo, mas estava no estádio. Pois, pobre não tem dinheiro para assistir uma partida tão cara dessa.
“Eu não vou me deixar, portanto, atemorizar por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e pelas famílias. Aliás, na minha vida pessoal, eu quero lembrar que eu enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, foram agressões físicas. E nada me tirou do meu rumo”, declarou a mandatária.
Outra gafe foi o não aparecimento do tatu-bola Fuleco, o mascote oficial da Copa do Mundo de 2014. Além de ter sofrido 'bullying' – logo depois de ter o nome escolhido em votação –, em 2012, também foi vítima dos próprios organizadores do evento.
A única parte boa ou interessante da apresentação, lamentavelmente foi cortada durante um problema de transmissão: o jovem Juliano Pinto, de 29 anos, paraplégico, vestindo um exoesqueleto comandado por atividade cerebral, deu o chute inaugural da partida entre Brasil e Croácia, sucedendo à abertura. O exoesqueleto faz parte do projeto Andar de Novo sob a coordenação do cientista Miguel Nicolelis.
E por falar em partida, embora este jornalista que lhe escreve não seja nenhum especialista em esporte, do jeito que a nossa Seleção jogou, se continuar assim, não passará das oitavas de final. Foram 3 a 1 a favor do Brasil. O primeiro gol do jogo foi contra, cometido por Marcelo.
O Brasil também não conseguiu finalizar as obras em estádios, aeroportos e de mobilidade urbana (embora a presidenta Dilma Rousseff tenha ignorado tudo isso em seu recente pronunciamento). Não seria diferente com o evento em si. Espera-se que a cerimônia de encerramento, no mês que vem, seja menos pior.
Leia também:
A derrota social do Brasil
Copa do Mundo: Vergonha maior do que a da abertura somente a goleada de 7 a 1
Por que Dilma Rousseff não deveria ter sido xingada na abertura da Copa do Mundo de 2014?
Leia também:
A derrota social do Brasil
Copa do Mundo: Vergonha maior do que a da abertura somente a goleada de 7 a 1
Por que Dilma Rousseff não deveria ter sido xingada na abertura da Copa do Mundo de 2014?
COMMENTS