Domingo, 15 de junho de 2014 Ainda está dando o que falar o xingamento feito à presidente Dilma Rousseff, durante a cerimônia de abertur...
Domingo, 15 de junho de 2014
Ainda está dando o que falar o xingamento feito à presidente Dilma Rousseff, durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014, na Arena Corinthians, em São Paulo, na última quinta-feira (12/6), antes da partida entre Brasil e Croácia. Pelo menos na imprensa e nas redes sociais, sim. “Dilma, vai tomar...” Não é necessário colocar toda frase. Mas, a mandaram para um lugar, o qual muita gente gosta. Gritava a plateia, repetidamente, enquanto a sonora vaia era ofuscada durante as transmissões (quase que da mesma forma que o chute de um paraplégico a uma bola, e que pouca gente viu). Conforme dito por OPINÓLOGO, por razões óbvias, a mandatária não deveria ser tratada de tal maneira: por ser uma autoridade. Seu cargo precisa ser respeitado. Pois, foi eleita democraticamente. Há quem se oponha ao que está sendo dito, por considerar que ela é uma pessoa pública e está propensa a receber críticas. No entanto, reforça-se aqui que ela não deveria ter sido hostilizada por razões não óbvias:
Ainda está dando o que falar o xingamento feito à presidente Dilma Rousseff, durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014, na Arena Corinthians, em São Paulo, na última quinta-feira (12/6), antes da partida entre Brasil e Croácia. Pelo menos na imprensa e nas redes sociais, sim. “Dilma, vai tomar...” Não é necessário colocar toda frase. Mas, a mandaram para um lugar, o qual muita gente gosta. Gritava a plateia, repetidamente, enquanto a sonora vaia era ofuscada durante as transmissões (quase que da mesma forma que o chute de um paraplégico a uma bola, e que pouca gente viu). Conforme dito por OPINÓLOGO, por razões óbvias, a mandatária não deveria ser tratada de tal maneira: por ser uma autoridade. Seu cargo precisa ser respeitado. Pois, foi eleita democraticamente. Há quem se oponha ao que está sendo dito, por considerar que ela é uma pessoa pública e está propensa a receber críticas. No entanto, reforça-se aqui que ela não deveria ter sido hostilizada por razões não óbvias:
O linchamento moral serviu de instrumento para que ela pudesse usar isso em benefício próprio: o de se colocar como 'vítima' da situação. Em resposta ao que chamou de 'agressões', apelou ao fato de ter sido torturada durante a Ditadura Militar (1964-1985): “Eu não vou me deixar, portanto, atemorizar por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e pelas famílias. Aliás, na minha vida pessoal, eu quero lembrar que eu enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Eu suportei não foram agressões verbais, foram agressões físicas. E nada me tirou do meu rumo”.
Partindo do princípio – não muito usual – de que com um 'escudo' se pode bater também, não só se defender, a governante continuou, neste domingo (15), em um artigo publicado na 'Folha de São Paulo':
“Em 1970, eu estava na cadeia. Naquela época, havia segmentos que diziam: 'Se você torcer pelo Brasil, você estará fortalecendo a ditadura”. Isso era uma sandice. Para mim, esse dilema nunca existiu.
Eu havia sido presa em 16 de janeiro e, como agora, a Copa começava em junho. Naquela época, muitas pessoas que eram de oposição ao regime militar inicialmente começaram a levantar a questão de que a gente fortaleceria a ditadura se torcesse pela Seleção Brasileira. Eram muitas pessoas, no início. Elas foram diminuindo progressivamente. Até que não sobrou ninguém. Com o decorrer dos jogos, todos, os que estavam na cadeia e os que estavam fora, torceram de forma apaixonada pela Seleção Brasileira.
Vivíamos sob uma ditadura. Não havia direito de manifestação, direito de organização, direito à divergência. Havia tortura, perseguição e repressão. Mas essa nunca foi a questão. Eu e as minhas companheiras de cela nunca tivemos dúvidas e todas torcemos pelo Brasil, porque o futebol está acima da política.
O nosso sentimento pode ser traduzido no verso de Camões, em Os Lusíadas: 'Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta'.
A Seleção Brasileira representa a nossa nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo.
Ontem, hoje e sempre, o povo brasileiro ama e confia em sua Seleção”.
O trecho citado de 'Os Lusíadas' é uma incógnita: é sabido que as Musas gregas representam as histórias e as artes, e se subentende que boas novas virão. Falta saber se seriam em relação à Seleção ou se nas entrelinhas já estaria cantando vitória de novo nas urnas, em outubro próximo. Ou seja, prevendo a sua 'epopeia' política.
Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a 'vingança' de Dilma Rousseff às vaias e xingamentos será quando ela vencer a próxima eleição. A declaração foi feita durante um evento de seu partido, em Pernambuco, segundo o portal 'R7'. “Eu vi uma parte da manifestação contra a presidenta Dilma e eu fiquei pensando que não é nem dinheiro nem escola nem títulos de doutor que dão educação para as pessoas. Educação se recebe dentro de casa. Eu nunca tive coragem de faltar com respeito a um presidente da República”, expressou.
Além dos motivos já especificados para não xingá-la, seu orgulho de mulher foi ferido. Tudo isso e mais um pouco serviu para fortalecê-la e criar um dilema entre os que são contra ou a favor da hostilidade a ela.
Nas redes sociais, um dos políticos a condenar as vaias foi o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ):
“Sim, eu senti vergonha por conta da vaia e do insulto à presidenta Dilma no jogo de abertura da Copa do Mundo. Sim, a vergonha foi maior porque a gente que puxou a vaia se considera "fina, culta e educada" e vive chamando de 'mal-educados, grosseiros e sem-modos' aqueles que não têm a sua cor, a sua renda nem seus privilégios (inclusive o de poder adquirir o caríssimo ingresso para estar naquela arquibancada). Sim, mal-educada, grosseira e sem-modo (sic) é mesmo aquela gente, que, pouco acostumada com a civilidade, não tem senso de oportunidade nem sabe fazer oposição política sem resvalar para a baixaria. Sim, os manifestantes que questionam, com razão, os custos da Copa e que têm motivos reais para perderem a cabeça em relação às políticas da presidenta (políticas que beneficiaram justamente os que estavam na arquibancada e na área VIP da arena) não caíram na baixaria do insulto pessoal à Dilma, emboras sejam comumente chamados de 'vândalos" e "baderneiros' pelos que insultaram a presidenta enquanto tomavam sua cerveja gelada (...)”, disse.
Talvez um 'Fora, Dilma' ou 'Fora, PT' tivesse surtido muito mais efeito (vergonha, constrangimento) do que o palavrão. Pois, seria um recado discreto e direto de que não se está satisfeito com o seu governo nem o seu Partido dos Trabalhadores, sendo então visto no mundo inteiro. E ninguém seria tachado de mal-educado, por exemplo. Porque o que está sendo criticado é o palavrão, não o manifesto em si. No mais, não vale a pena ficar remoendo essa questão da educação, porque dinheiro não compra caráter. Até porque não é regra de que pobre xingue e o rico, não. Aí estaria o primeiro preconceito de classe, o qual não foi questionado até então.
Pode ser que com isso Dilma Rousseff tenha encontrado o seu caminho para as 'Índias'.
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Pode ser que com isso Dilma Rousseff tenha encontrado o seu caminho para as 'Índias'.
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