Sexta-feira, 22 de agosto de 2014 Imagem: Wikipédia / Reprodução / Creative Commons Ilustração de um sistema biométrico Em vez ...
Sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Imagem: Wikipédia / Reprodução / Creative Commons
Ilustração de um sistema biométrico |
Em vez de acabar com a escassez de alimentos no país, o governo venezuelano pretende regulamentá-la. O presidente Nicolás Maduro informou que instalará o sistema biométrico de compras em supermercados públicos e privados. A desculpa seria combater o contrabando e a estabelecer 'preços justos' às mercadorias. “Está dada a ordem para que, através dos ministros da Economia e a Superintendência de Preços, se proceda a instalação do sistema biométrico em todos os estabelecimentos e redes das cadeias distribuidoras e comercializadoras da República”, falou.
Com isso, o governo limitará a quantidade de produtos por pessoa ou família por um período que pode ser semanal, quinzenal ou mensal, por exemplo. O programa piloto deverá estar pronto em até 90 dias.
O sistema foi criticado pela Associação Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco), que disse que a medida não seria a mais adequada para solucionar o problema de escassez, segundo o diário local 'El Universal'.
Maduro ainda qualificou o sistema como 'perfeito' e declarou que isso consolidaria um comércio 'sano'.
Além de cercear a liberdade de consumo, o mandatário sul-americano fala em contrabando. Contrabando de comida??? Suas palavras podem ser conotadas da seguinte maneira: que a situação é preocupante, para não dizer, mas já dizendo, grave. Também não há nada de 'sano', e sim de insano fazer o povo de refém pela fome. É o tipo de 'revolução' que ninguém precisa.
Do socialismo à desgraça
O país caiu em desgraça desde que o ex-presidente Hugo Chávez implementou o socialismo, a partir de 1999. Falta trigo, por exemplo. Em abril passado, a produção de macarrão foi suspensa nas Empresas Polar, representante da Pepsi na região, devido à carência desse insumo.
A imprensa relata até a escassez de papel higiênico. 'El Universal' também informou da suposta dificuldade de obter medicamentos, pois a produção caiu pela metade, porque o governo não libera dólares para que se possa comprar a matéria-prima no exterior.
Os jornais têm encontrado bastante dificuldade de conseguir o papel imprensa no exterior, para que possam produzir seus periódicos, pelo mesmo motivo dos remédios. Alguns deles receberam o material na forma de empréstimo da Associação Colombiana de Editores de Diários e Meios Informativos (Andiarios), na nação vizinha.
Em julho último, o governo do Estado de Vargas passou a cobrar uma taxa no aeroporto internacional da cidade, para que os passageiros possam 'respirar' no recinto. O imposto de biossegurança, como é chamado, varia com o câmbio e pode equivaler entre R$ 2 a R$ 44. As autoridades implantaram no sistema de ar-condicionado um suposto mecanismo de eliminação de poluentes à base ozônio.
Vale lembrar que, recentemente, várias companhias aéreas ameaçaram diminuir os voos para a Venezuela, por causa da dificuldade em repatriar o dinheiro obtido com a venda de passagens referente a 2012 e 2013. O governo alega já ter resolvido a questão.
Como se não bastasse, a inflação ultrapassa os 60% de maio de 2013 a maio de 2014, conforme dados do Banco Central da Venezuela, publicou a 'Agência Brasil'.
Em abril deste ano, as autoridades venezuelanas deram um golpe baixo ao direito de propriedade privada: determinaram que os imóveis alugados por mais de 20 anos fossem vendidos para os inquilinos. O preço 'justo' deveria ser estabelecido pela Superintendência de Arrendamento e Habitação (Sunavi, na sigla em espanhol).
Diversos meios de comunicação foram fechados por inúmeras razões. Alguns deles até perseguidos por adotar uma linha editorial de oposição ao governo, como o canal 'RCTV', que não teve a concessão renovada em 2007, e a 'Globovisión', até que mudou de dono há pouco mais de um ano, porque seu antigo acionista Guillermo Zuloaga era considerado foragido pela justiça e não poderia garantir mais a sobrevivência da emissora estando asilado nos Estados Unidos.
Não dá para narrar toda a crise em um único post. Com isso, já dá para se ter uma ideia do caos institucional, no qual nações vizinhas se omitem para as supostas violações delatadas por venezuelanos a organismos internacionais de direitos humanos e até na própria imprensa.
Em fevereiro deste ano, Anauco divulgou um artigo no qual declarava que os 'sacrifícios dos venezuelanos pareciam não ter fim'. “(...) Todos sentimos a realidade do nosso país, por mais que tentem nos fazer ver que estamos bem, melhor que ninguém; como se bastasse o discurso político para alimentar o espírito e sustentar em uma falsa moral o real sacrifício que estamos vivendo. Sabemos que esta guerra ideológica tem depreciado nosso aparato produtivo, nos chamamos de livres e soberanos no discurso, e na prática somos mais dependentes que nunca de outras nações, dependemos que nos demais países se produzam mais, excedentes, para que possamos comer, ter remédios, nos vestir, isto é, o básico (...)”, continuou.
Em fevereiro deste ano, Anauco divulgou um artigo no qual declarava que os 'sacrifícios dos venezuelanos pareciam não ter fim'. “(...) Todos sentimos a realidade do nosso país, por mais que tentem nos fazer ver que estamos bem, melhor que ninguém; como se bastasse o discurso político para alimentar o espírito e sustentar em uma falsa moral o real sacrifício que estamos vivendo. Sabemos que esta guerra ideológica tem depreciado nosso aparato produtivo, nos chamamos de livres e soberanos no discurso, e na prática somos mais dependentes que nunca de outras nações, dependemos que nos demais países se produzam mais, excedentes, para que possamos comer, ter remédios, nos vestir, isto é, o básico (...)”, continuou.
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