Eleições 2014: Garotinho ‘ajuda’ Pezão e Crivella a irem ao segundo turno para governador do RJ

Segunda-feira, 06 de outubro de 2014 Embora estivesse bem nas pesquisas, o ex-prefeito de Campos dos Goytacazes foi mal nas urnas O...

Segunda-feira, 06 de outubro de 2014

Embora estivesse bem nas pesquisas, o ex-prefeito de Campos dos Goytacazes foi mal nas urnas

O título da matéria pode parecer estranho, mas está correto: o ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) ‘ajudou’ o atual mandatário fluminense Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) a irem ao segundo turno para governador do Rio de Janeiro. Como??? Sua simples candidatura teria forçado os eleitores a priorizar o voto num desses dois que se enfrentarão novamente nas urnas no próximo dia 26 de outubro.

Nesse domingo (5/10), cerca de 3,2 de milhões de eleitores optaram pelo ex-prefeito de Piraí, isto é, 40,57% dos votos válidos. Vale lembrar que, logo nas primeiras sondagens, ele não estava entre os favoritos. Enquanto o ex-ministro da Pesca foi votado por 1,61 milhão de pessoas, isto é, com 20,26% dos votos válidos. Já Garotinho, que foi bem ao longo das pesquisas, por muito pouco não conseguiu. Registrou 1,57 milhão de votos com um percentual de 19,73%, divulgou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar de as pesquisas apontarem um possível segundo turno entre Garotinho e Pezão, este jornalista que lhe escreve procurava conversar sobre política com várias pessoas para saber o que pensavam, sem que soubessem da real intenção. E a grande maioria dizia que não votaria no ex-prefeito de Campos dos Goytacazes. Ao perguntar o motivo, não havia bem uma resposta definida. Algumas delas chegavam argumentar que votariam em Pezão por considera-lo a ‘opção menos pior’. Não que as demais fossem boas, diziam. Hipoteticamente, se ambos estivessem no segundo turno e o atual governante ganhasse, o título de uma nova reportagem poderia ser: Garotinho ‘elege’ Pezão, conforme já havia destacado o colunista Reinaldo Azevedo, da revista ‘Veja’, em determinada ocasião. Só para enfatizar: não há nada contra nem a favor a quaisquer dos candidatos.

“Em qualquer situação o povo é soberano. Mesmo quando contraria as nossas expectativas. Quero agradecer aos mais de 1,5 milhão de eleitores, que neste domingo me depositaram um voto de confiança e desejar que a escolha no 2º turno possa ser bem refletida por aqueles que amam o nosso estado. Embora a pesquisa de boca de urna que ouviu 5 mil pessoas, às 16h, me desse 10 pontos de vantagem, cheguei com 0,5 ponto atrás do senador Marcelo Crivella, que vai disputar o 2º turno contra o candidato que juntou em torno de si as máquinas estadual e da Prefeitura do Rio, mais de 80 prefeitos, e dezenas de grupos econômicos que defendem interesses escusos junto ao Estado, a começar pelas Organizações Globo. Parabéns aos vitoriosos e a nossa luta continua, afinal na vida é melhor perder uma eleição do que perder a vergonha”, declarou Anthony Garotinho em seu blog.

Nem mesmo os constrangimentos feitos à TV Globo durante alguns debates e sabatinas, os restaurantes populares – a marca registrada de seu governo –, a baixa popularidade do ex-governador fluminense Sérgio Cabral – que apoia Luiz Fernando Pezão – e a imagem ruim das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) foram capazes de favorecer ao candidato do Partido da República.

A baixa popularidade de Cabral se deve: à tentativa de derrubar a Escola Municipal Friedenreich e o Museu do Índio, no entorno do Maracanã, para construir quadra de vôlei e estacionamento para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016; além de ter sido um dos alvos dos protestos que tomaram conta do país desde junho do ano passado. Inclusive, sua queda no conceito dos cidadãos fluminenses pode tê-lo feito recuar à disputa ao Senado, pois uma derrota poderia respingar na campanha do seu ‘afilhado’ político. Tendo cedido o lugar ao ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia em nome de uma chapa (Aezão) que só existiu nos materiais de campanha, quando a simpatia do PMDB estava mais para Dilma do que para Aécio Neves.

A respeito das UPPs é porque: em certas favelas com unidades instaladas têm ocorrido confrontos com o narcotráfico que tenta retomar o controle da Rocinha e do Complexo do Alemão, por exemplo; já no Complexo da Maré, apesar de não haver uma unidade e a região estar em processo de pacificação, com o auxílio das Forças Armadas que patrulham a área desde abril passado, houve recentes confrontos entre facções rivais, inclusive forçando o fechamento temporário da Avenida Brasil, na altura da passarela 6, por causa do tiroteio. Tudo isso ressalta que não há ainda garantia de segurança absoluta para esses moradores, e que esse sonho talvez não esteja tão próximo; ademais do desaparecimento e do suposto homicídio sem corpo do pedreiro Amarildo de Souza por policiais da UPP da Rocinha, em julho de 2013; e a morte do dançarino Douglas Pereira, conhecido como ‘DG’, do programa Esquenta, em abril passado, durante uma operação policial.

Garotinho teria cantado vitória antes da hora, ao pensar que disputaria o segundo turno, de acordo com a jornalista Berenice Seara, do jornal ‘Extra’, que menciona um post que ele colocou em seu blog e demorou a ser deletado.

Vale dizer que a nova disputa entre Pezão e Crivella surpreende. Todavia, o preconceito que vários eleitores têm em relação à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), na qual é pastor licenciado, poderia afetar seu bom desempenho nessa nova etapa. Pois, como já foi dito aqui por OPINÓLOGO, o foco na votação era tirar Garotinho do jogo.