Segunda-feira, 24 de novembro de 2014 Estudantes invadem emissoras de rádio e pedem a renúncia do mandatário mexicano, Enrique Peña Nie...
Segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Estudantes invadem emissoras de rádio e pedem a renúncia do mandatário mexicano, Enrique Peña Nieto
Imagem: Freepik - Divulgação -
Creative Commons / Arte: OPINÓLOGO
Imagem: Freepik - Divulgação -
Creative Commons / Arte: OPINÓLOGO
Discrição talvez não seja o melhor adjetivo para referir-se ao presidente do Uruguai, José Mujica. Em entrevista à versão latino-americana da revista 'Foreign Affair', na última sexta-feira (21/11), fez declarações polêmicas a respeito do México e do desaparecimento/sequestro dos 43 normalistas, em setembro passado: “(...) Você tem a sensação, visto à distância, de que [o México] se trata de um 'Estado falido', que os poderes públicos estão totalmente perdidos de controle, estão 'podres'. É muito doloroso o [ocorrido] no México. Eu apelo ao México que reaja em sua ética e em sua moral”.
Em nota, a Secretaria de Relações Exteriores (SRE) do México reforçou o compromisso na busca pelos desaparecidos, e rechaçou as palavras do líder sul-americano:
“A respeito dos comentários proferidos pelo presidente do Uruguai numa revista latino-americana, a Secretaria de Relações Exteriores expressa sua condena e dor pelo que aconteceu em Iguala, Guerrero.
A chancelaria reitera que, atos como os ocorridos nesta região do país, não devem acontecer nem no México nem no mundo.
A SRE insiste no compromisso do governo mexicano de continuar as investigações com claridade, transparência e responsabilidade, tal e como vem fazendo até agora.
No entanto, manifesta surpresa e rechaço categórico ante algumas das considerações proferidas na dita entrevista. A este respeito, a SRE estabeleceu contato com a chancelaria uruguaia e decidiu convocar o embaixador desse país no México.
A SRE reitera a importância de seus vínculos históricos de amizade com o povo e o governo do Uruguai, a quem nunca lhes faltou solidariedade do povo e do governo do México”.
Será que Mujica teria o mesmo espírito 'iluminado' para criticar países irmãos como a Venezuela e o Brasil, por exemplo??? Ou só o fez por não considerar o México um???
Diante da repercussão, a Secretaria de Comunicação da Presidência do Uruguai divulgou nota para tentar consertar o estrago feito pelas declarações de Mujica:
“(...) Nos sentimos solidários com o México e comprometidos com sua luta, e no que pudermos, estamos à disposição de seu legítimo governo para apoiar no que puder facilitar o enfrentamento desse momento difícil.
Nenhum de nós pode se sentir completamente alheio aos dramas que afetam hoje os mexicanos e a outros países da América Central. As cruas notícias que nos chegam sobre as consequências do narcotráfico em países como Guatemala, Honduras e, agora, México, nos gritam uma verdadeira lição de dor que podem mostrar bem os nossos próprios perigos futuros.
Temos confiança em suas forças, que não são nem serão essas nações, estados inócuos ou falidos, porque têm cimentos históricos de nações pré-colombinas, têm capital político em seus partidos e em suas decisões democráticas, que estão acima de suas vicissitudes de hoje.
São, entretanto, nações que estão bombardeadas com uma metodologia comercial sem escrúpulos, dispostas a tudo, cujo slogan é prata ou chumbo, que administram substanciais recursos econômicos. Toda a América Central paga o custo de ser uma ponte clandestina para o grande mercado, que não só consome, como também lucra com a maior parte desse comércio (...)”.
Sem querer dar aula de geografia aqui, o México integra a América do Norte, não a América Central. Um exemplo que afirma isso é o Nafta, o bloco de livre comércio entre os Estados Unidos, Canadá e O México, e que reúne os países da América do Norte.
Diante da repercussão, a Secretaria de Comunicação da Presidência do Uruguai divulgou nota para tentar consertar o estrago feito pelas declarações de Mujica:
“(...) Nos sentimos solidários com o México e comprometidos com sua luta, e no que pudermos, estamos à disposição de seu legítimo governo para apoiar no que puder facilitar o enfrentamento desse momento difícil.
Nenhum de nós pode se sentir completamente alheio aos dramas que afetam hoje os mexicanos e a outros países da América Central. As cruas notícias que nos chegam sobre as consequências do narcotráfico em países como Guatemala, Honduras e, agora, México, nos gritam uma verdadeira lição de dor que podem mostrar bem os nossos próprios perigos futuros.
Temos confiança em suas forças, que não são nem serão essas nações, estados inócuos ou falidos, porque têm cimentos históricos de nações pré-colombinas, têm capital político em seus partidos e em suas decisões democráticas, que estão acima de suas vicissitudes de hoje.
São, entretanto, nações que estão bombardeadas com uma metodologia comercial sem escrúpulos, dispostas a tudo, cujo slogan é prata ou chumbo, que administram substanciais recursos econômicos. Toda a América Central paga o custo de ser uma ponte clandestina para o grande mercado, que não só consome, como também lucra com a maior parte desse comércio (...)”.
Sem querer dar aula de geografia aqui, o México integra a América do Norte, não a América Central. Um exemplo que afirma isso é o Nafta, o bloco de livre comércio entre os Estados Unidos, Canadá e O México, e que reúne os países da América do Norte.
Entenda o caso
No passado dia 26 de setembro, estudantes da Escola de Magistério Normal Rural de Ayotzinapa foram vítimas de uma emboscada pela facção criminosa Guerreros Unidos, com tiroteio, enquanto viajavam em ônibus para participar de um possível protesto. Alguns universitários morreram, sendo que mais 43 deles teriam sido sequestrados, estando desaparecidos há quase dois meses. Também está sendo investigada uma suposta parceria da polícia municipal de Iguala, no estado de Guerrero, ao lado desse cartel de drogas.
O principal suspeito de ordenar o suposto assassinato dos estudantes é o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, cujo cargo os mexicanos se referem como presidente municipal. Depois de foragido, esse governante foi capturado e encontra-se preso.
No atual momento, os mexicanos não têm mais tanta esperança de encontrá-los vivos. Recentemente, o procurador-geral da República, Jesús Murillo Karam, disse numa entrevista que os normalistas, como são chamados esses alunos, poderiam estar mortos, conforme declarações de dois suspeitos, também presos.
A Anistia Internacional no México classificou o sumiço como 'crime de estado'. Enquanto que a ONG Human Rights Watch (HRW) criticou a demora nas investigações, que só teriam iniciado 10 dias após.
Estudantes invadem emissoras de rádio
Centenas de estudantes da mesma universidade com rostos cobertos, em apoio aos colegas sequestados, invadiram emissoras de rádio em Chilpacingo, nesse domingo (24), para exigir ações mais contundentes de buscas por parte das autoridades. Segundo o site local 'Excelsior', eles ameaçaram radicalizar os protestos com atos de vandalismo, tais como: incendiar prédios e veículos e sequestrar ônibus.
Já o diário mexicano 'El Universal' publicou que os invasores das rádios deram prazo de seis dias para que o presidente da República, Enrique Peña Nieto, renunciasse ao cargo, ao alegar que ele não seria capaz de garantir a segurança no país.
Verdade seja dita: muitos mexicanos não engoliram a vitória de Peña Nieto nas urnas, em 2012, inclusive promoveram manifestações contra o resultado. O sucedido em Guerrero poderia ser visto como um pretexto para liberar um sentimento latente.
Protestos
Em quase dois meses, os mexicanos já realizaram protestos pelo sequestro dos normalistas. Nessa quinta-feira (20) que passou, pelo menos 10 mil foram às ruas e se concentraram na Praça da Constituição (Zócalo). No dia 9 deste mês, outra ação foi marcada com vandalismo, como a queima de veículos e a tentativa de invasão ao palácio presidencial.
Em outubro passado, a prefeitura de Iguala e prédios do governo estadual de Guerrero foram parcialmente queimados.
'Casa Branca'
Geralmente, um escândalo ofusca o outro. Mas, os mexicanos encontraram uma receita para manter dois deles em evidência e ao mesmo tempo. Um deles é o caso dos normalistas desaparecidos, o outro é o da tal 'casa branca' que está dando o que falar.
Recente série de reportagens do portal 'Aristegui Noticias', da jornalista Carmen Aristegui, revelou que a residência de Enrique Peña Nieto estaria registrada em nome de uma empreiteira que presta serviços para o seu governo e para anteriores, quando era governador do Estado de México. O imóvel, em Lomas de Chapultepec, estaria avaliado em sete milhões de dólares.
Em nota, a Presidência disse que a 'casa branca', como é chamada, pertenceria à esposa do presidente, a ex-atriz Angélica Rivera Hurtado, e que ela estaria pagando as prestações. A imprensa começou a questionar como ela conseguira tanto dinheiro tendo feito algumas novelas na Televisa, e a comparou com a atriz mais bem paga da história do país, Thalia.
Outro fato que chamou atenção da população asteca é que os fundos do imóvel, em nome de Angélica Rivera, até seu casamento com o mandatário, pertenciam a Televisa.
O casal presidencial tem sido alvo de críticas e memes em redes sociais. Até o ator norte-americano Rob Schneider resolveu zombar da situação (abaixo): “Bem, é isso. Estou me mudando pro México para conseguir emprego numa novela. Ouvi dizer que eles pagam 10 milhões”.
Imagem: Twitter / Reprodução
As revelações sobre a mansão foram feitas quando o líder mexicano participava, na China, de um encontro da Apec, bloco econômico da Ásia e do Pacífico, no início deste mês.
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México: Anistia Internacional critica rumo das investigações sobre os 43 normalistas desaparecidos
Imagem: Twitter / Reprodução
Well, that's it!
I'm moving to MEXICO to get a job on a SOAP OPERA!!
I hear they PAY 10 MILLION!
#Mexico #YaMeCanse
— Rob Schneider (@RobSchneider) 20 novembro 2014
As revelações sobre a mansão foram feitas quando o líder mexicano participava, na China, de um encontro da Apec, bloco econômico da Ásia e do Pacífico, no início deste mês.
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