Sábado, 21 de fevereiro de 2015 Informação atualizada em 22/02/2015, às 6h21 A palavra do momento é golpe no Brasil, na Argentina e na...
Sábado, 21 de fevereiro de 2015
Informação atualizada em 22/02/2015, às 6h21
Informação atualizada em 22/02/2015, às 6h21
A palavra do momento é golpe no Brasil, na Argentina e na Venezuela
Uma onda de descontentamento neossocialista cresce cada vez mais na América Latina, em países como Brasil, Argentina e Venezuela. E por motivos semelhantes, tais como: crise econômica, corrupção, vocação para ditadura e tentativas e/ou cerceamento à liberdade de imprensa. Nada diferente do que ocorre em nações assumidamente capitalistas, sem generalizar. Apesar de tudo isso, tais governos preferem tratar de maneira sistemática essa rejeição a políticas fracassadas como golpismo por parte de opositores.
Brasil
Imagem: Stockvault / Uso gratuito / Reprodução
Bandeira do Brasil |
A simples discussão política sobre impeachment, em especial da presidente Dilma Rousseff, tem assustado ao Partido dos Trabalhadores (PT), que preferiu tergiversar, acusando a oposição de 'golpismo'. Durante a comemoração dos 35 anos da legenda, no último dia 6 de fevereiro, o presidente do PT, Rui Falcão, acusou a oposição de 'flertar com o golpismo':
“(...) O embate estendeu-se para além do segundo turno, quando a oposição, inconformada com a derrota, chegou a flertar com o golpismo. E a fúria antigoverno e anti-PT não cessou, haja visto o contínuo ataque comandado pela mídia monopolizada.
A oposição e seus veículos de comunicação empenham-se em disputar os rumos da política econômica, tentando impor um programa alternativo ao que foi escolhido pelo povo brasileiro nas urnas.
Ao mesmo tempo, investem contra a Petrobras, não com o fito de combater a corrupção – como os governos Lula e Dilma sempre fizeram. Mas com o objetivo de fragilizar a empresa e, assim, de um só golpe, aniquilar com a política de conteúdo nacional, de afastar a Petrobras da condição de operadora única do pré-sal e de fazer regredir o regime de partilha para o regime de concessão. E, em última instância, forçar a privatização da empresa, como tentaram fazê-lo durante o governo FHC (…)”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pelo mesmo caminho: “A oposição, após a eleição, tentou aplicar um golpe. E as tentativas contra nós não cessaram. A mídia golpista tenta nos desestabilizar, investem contra a Petrobras, com o objetivo de fragilizar a empresa e aniquilar com a política de conteúdo nacional e afastar a Petrobras do controle único do pré-sal e forçar a privatização da empresa”.
Dias após a vitória de Rousseff nas urnas, houve manifestações por sua deposição em algumas capitais no país, como São Paulo, que chegou a reunir cerca de cinco mil pessoas. Apelaram para o ridículo ao criar uma petição no site da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos (EUA), pedindo uma intervenção contra o que chamavam de crescimento do 'bolivarianismo' na América Latina. Apesar de ter quase metade dos eleitores contra, cerca de 51 milhões – considerando só os que votaram em Aécio Neves (PSDB) –, o que significa que ganhou perdendo, a petista foi reeleita democraticamente por outra metade, 54 milhões. E isso precisa ser respeitado.
Internautas organizam para o próximo dia 15 de março novo protesto pela saída de Dilma Rousseff em algumas cidades do país. Tentar tirá-la sem a devida comprovação de responsabilidade em relação ao caso da Petrobras, ou qualquer outro ato de improbidade administrativa, é convertê-la em vítima, quando se tenta justamente o contrário.
A culpa da rejeição a Dilma Rousseff é de seu governo e do PT. Em vez de mostrar mais segurança e resgatar a confiança dos insatisfeitos, preferiram partir para o ataque. A começar, por omitir-se diante do medo crescente de que o Brasil se converta em uma republiqueta bolivariana, o que nunca foi negado. Se houvesse diálogo nesse sentido e de maneira transparente, talvez parte dos problemas que os dois enfrentam hoje fosse solucionada. Existe um velho ditado que diz que 'quem cala, consente'.
Embora a política externa brasileira seja a de dizer que não se intromete em assuntos internos de outros países, é nítida a omissão deste governo, em vários momentos, diante do caos que se instaurou na Venezuela nos últimos anos, principalmente depois da morte do venezuelano Hugo Chávez, com a administração do afilhado político Nicolás Maduro. O tema será explicado adiante.
O PT não é o primeiro nem será o último partido a estar envolvido ou a ser mencionado em escândalos de corrupção. Poderia ter feito a diferença se seus dirigentes não tivessem neles. Não teria sido a farinha do mesmo saco. Mas, mostrou-se como os demais. Mal terminou o julgamento da Ação Penal 470 – do Mensalão –, já estava metido em outro de maior magnitude: o Petrolão. O primeiro era para a suposta compra de parlamentares; o segundo, para o suposto abastecimento do caixa do partido, algo em torno de R$ 200 milhões.
Não é preciso ser um 'expert' em política para entender que o impeachment de Dilma Rousseff não irá adiante. Nada mais é um do que um instrumento da oposição de fazer barulho, reafirmar o eleitorado e garantir votos para as próximas eleições. Recentemente, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que um projeto desse tipo não avançaria na Casa. Todavia, em todo caso, se seu mandato fosse colocado em xeque, certamente, não seria por mera birra de quem não aceita uma derrota, como tenta-se argumentar. Mas, por, supostamente, saber das falcatruas que ocorriam na Petrobras, conforme denúncia da revista 'Veja' às vésperas do segundo turno para presidente.
O aumento de impostos, a constante alta do dólar e o baixo crescimento da economia brasileira, no ano passado, ajudam a reforçar o descontamento com o petismo e com Dilma Rousseff, ainda mais se comparado aos dois governos de seu padrinho Lula, quem ela gosta tanto de incluir em seus relatórios quando contrapõe com as duas gestões do tucano Fernando Henrique Cardoso. O fato de Dilma não ter se separado totalmente do ex-chefe de Estado petista, ao menos em avaliações políticas, econômicas e sociais, força para uma comparação entre os modelos de governo petistas.
É válido lembrar que outro capítulo sobre a Petrobras inclui a compra bilionária da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), na época em que Dilma Rousseff presidia o conselho de administração da empresa e era ministra-chefe da Casa Civil.
O PT busca avançar em um projeto nebuloso de 'regulamentação econômica' da mídia. É uma pauta antiga, mas que ganhou força – ódio também dá força – depois da supracitada reportagem de 'Veja', que foi considerada uma suposta tentativa de intervir no processo eleitoral. No ano passado, o vice-presidente do partido, Alberto Cantalice, elaborou uma lista negra, a qual responsabilizava jornalistas e celebridades não simpáticos à legenda pelas vaias e xingamentos contra Rousseff durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014.
Argentina
Imagem: Stockvault / Uso gratuito / Reprodução
Devia haver algum motivo especial para que os EUA, supostamente, investigassem a sanidade mental da presidente argentina, Cristina Kirchner, segundo revelações do site 'Wikileaks'. O mesmo talvez devesse estender a seus simpatizantes fanáticos, que resolveram competir com um morto: Alberto Nisman, o promotor encontrado com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento, no último dia 18 de janeiro. Na última quarta-feira (18), um mês do falecimento, cerca de 400 mil pessoas – isso somente na Plaza de Mayo – se reuniram em uma marcha por justiça pela tragédia, convocada por alguns colegas de profissão. Era para ser silenciosa, contudo, o hino nacional foi cantado, além de mensagens que instavam por justiça.
Bandeira da Argentina |
Devia haver algum motivo especial para que os EUA, supostamente, investigassem a sanidade mental da presidente argentina, Cristina Kirchner, segundo revelações do site 'Wikileaks'. O mesmo talvez devesse estender a seus simpatizantes fanáticos, que resolveram competir com um morto: Alberto Nisman, o promotor encontrado com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento, no último dia 18 de janeiro. Na última quarta-feira (18), um mês do falecimento, cerca de 400 mil pessoas – isso somente na Plaza de Mayo – se reuniram em uma marcha por justiça pela tragédia, convocada por alguns colegas de profissão. Era para ser silenciosa, contudo, o hino nacional foi cantado, além de mensagens que instavam por justiça.
Dois dias após a marcha por Nisman, militantes virtuais começaram a organizar uma em apoio a Kirchner para o próximo dia 1º de março com a hashtag #1MTodosconCristina, quando ela estará presente para reabertura das atividades no Congresso, cujo recesso está por terminar.
A verdade é que a manifestação em prol do promotor ganhou caráter político, sendo visto por kirchneristas como uma afronta à sua ídola, que foi acusada por Nisman de, supostamente, tentar encobrir a participação de autoridades iranianas no atentado terrorista a uma comunidade judaica, que resultou em 85 mortos e 300 feridos, em 1994, em troca da compra de petróleo e venda de armas e grãos.
O governo reagiu à marcha ao tachá-la de 'golpismo ativo judicial'. Já seus colaboradores políticos – imprensas estatal e de esquerdista e setores da sociedade civil – fizeram o trabalho sujo de tentar desqualificá-la como se fosse convocada pela imprensa independente, quando esta, na verdade, só deu bastante destaque. A Comunidade Homossexual Argentina (CHA), por exemplo, a rechaçou, por causa de diferenças com outro promotor, enquanto a líder das Mães de Maio, Hebe Bonafini, a considerou uma 'estupidez'.
Em vez de esclarecimentos, a morte do fiscal gera mais dúvidas e confusão. Um mistério! Difícil saber se por inexperiência ou incompetência, por exemplo, somente há quase um mês do incidente é que os peritos utilizaram luminol no imóvel para detectar marcas de sangue.
A versão oficialista é que ele teria se suicidado. Mas, a opinião pública não engoliu essa, e a governante argentina teve de mudar o discurso, ao dar a entender que ele teria sido usado por alguém, sem nominar, para tentar desestabilizar seu governo.
O país sul-americano vive uma crise econômica com desemprego em alta, crise cambial, inflação anual acima dos 30% e com agravo do calote (default) técnico da dívida pública aos fundos abutre. Aos 93% dos credores que aceitaram renegociar a dívida, o governo chegou a depositar US$ 1 bilhão de dólares no Banco de Nova Iorque, no ano passado, mas o pagamento foi suspenso pela Justiça estadunidense, por conta dos 7% restantes que não quiseram dar desconto no pagamento.
Em 2012, a Argentina passou pela humilhação de ter a fragata Libertad, pertencente à Marinha, retida por mais de dois meses em Gana, cujo Judiciário acolheu a demanda de um fundo de investimento que requereu o pagamento de US$ 370 milhões por causa de uma dívida de 2001 no valor de US$ 100 bilhões, quando o país entrou em default. O navio foi liberado, sem o pagamento da quantia ou custas processuais, por ordem do Tribunal Internacional do Direito do Mar, que atendeu o pedido argentino.
Ainda em 2012, a presidente Cristina Kirchner apresentou um projeto de lei pela expropriação da petrolífera YPF, que pertencia ao grupo espanhol Repsol. A alegação foi de baixos investimentos, redução na balança comercial entre 2006 e 2011 e a suposta elevada importação do hidrocarboneto.
2012 também foi o ano em que a rixa entre o governo kirchnerista e a imprensa independente se acirrou, especialmente o 'Clarín', por conta do cumprimento da Lei de Audiovisual, aprovada pelo Congresso em outubro de 2009, que limitava o número de canais de rádio e TVs aberta e por assinatura, obrigando conglomerados midiáticos a se desfazê-los para se adequar à quantidade estabelecida pela legislação. O periódico recorreu à Justiça por considerá-la inconstitucional. De um lado estava o grupo empresarial, que alegava de antidemocrática a medida; do outro, o governo que dizia que o jornal não respeitava a democracia.
A guerra contra os meios de comunicação ganhou o apoio de supostos partidários que, em determinadas ocasiões, impediram a circulação de jornais das gráficas às bancas de jornais.
Em 2010, por exemplo, Cristina Kirchner e seu marido, Néstor, agora falecido, foram investigados por suposto enriquecimento ilícito. O atual vice-presidente, Amado Boudou, foi processado também por crime similar, em especial pelo fato de, em 2010, ter, supostamente, comprado em nome de 'laranja' uma gráfica que detinha o monopólio de impressão do papel-moeda, como garantia de que a mesma não quebrasse.
A Hotesur, empresa que administra o hotel Alto Calafate, na província de Santa Cruz, de Cristina Kirchner, está sendo investigada por suposta lavagem de dinheiro e por não divulgar sua prestação de contas por pelo menos três anos. No entanto, o juiz que cuida do caso, Claudio Bonadio, quem ordenou, em novembro passado, uma busca e apreensão na sede da empresa, foi acusado por um senador governista de suposta corrupção, por ter ações em uma empresa de combustíveis. O regulamento do Judiciário de lá não permite a participação de funcionários em atividades lucrativas sem autorização de um órgão competente. Só o tempo dirá se isso foi ou não uma represália. Recentemente, o magistrado teria recebido uma ameaça de morte.
Ao longo dos últimos governos de Cristina Kirchner, um dos temas que serviu de distração política foi a reivindicação às Ilhas Malvinas, que são controladas pelos britânicos, que as chamam de Falcklands. A pauta ganhou o apoio, inclusive, do Brasil e de outros países como Venezuela, Bolívia, Equador, por exemplo. O arquipélago chegou a fazer uma consulta popular, mas a população optou por continuar sobre a tutela europeia do que integrar-se a um país de terceiro mundo, de idioma distinto e endividado.
Em setembro passado, os argentinos foram distraídos com uma polêmica: a proposta presidencial de transferir a capital do país, de Buenos Aires, para Santiago del Estero, ao norte.
Venezuela
Imagem: Stockvault / Reprodução / Uso gratuito
Bandeira da Venezuela |
Se a Venezuela parecia ruim com Hugo Chávez, piorou sem ele depois de sua morte oficial, em 5 março de 2013. Nas mãos de Nicolás Maduro, o país se afogou em uma crise econômica com inflação acima dos 60% ao ano, crise cambial, escassez de comida (leite, trigo, macarrão, frango, entre outros itens da cesta básica), de papel higiênico, de medicamentos e até de camisinha. Para completar, o país teve de importar petróleo pela primeira vez, em 2014, quando é um dos maiores exportadores mundiais.
A mesma receita de supostas violações de direitos humanos e de liberdade de imprensa foi herdada pelo atual mandatário. Para completar, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, um dos principais opositores ao Chavismo, foi detido anteontem (19) pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), sob acusação de ter participado de um suposto golpe de estado, que incluía o bombardeio aéreo ao Palácio Miraflores, a presidência, ademais das sedes do Ministério da Defesa e do canal estatal Telesur, com a conivência dos EUA.
Numa espécie de show midiático em cadeia nacional, o presidente Maduro confirmou sua detenção e anunciou que pediria nova eleição para a vaga do prefeito. A prisão foi criticada pelos ex-presidentes Bill Clinton (EUA) Sebastian Piñera (Chile) e Felipe Calderón (México). O líder colombiano Juan Manuel Santos comentou sobre, e pediu que todas as garantias constitucionais fossem dadas a Ledezma, e negou qualquer complô por parte de sua nação contra Maduro.
Fica a dúvida se esse tal golpe estava realmente em curso ou se foi apenas um suposto plano do governo para certas finalidades: 1) criar distração perante os problemas políticos, econômicos e sociais; 2) ofuscar a polêmica em torno do presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello, o segundo no Chavismo, de suposto nexo com carteis de drogas; 3) punir mais um opositor. Ledezma foi reeleito em 2013, ao derrotar o chavista Ernesto Villegas, ex-ministro das Comunicações.
O ex-prefeito de Chacao Leopoldo López está há um ano preso, depois de participar de um protesto contra Nicolás Maduro, em fevereiro de 2014. Pelo menos 43 pessoas morreram e outras 1.400 resultaram feridas em confronto entre a polícia e manifestantes. O ex-alcalde foi processado por supostos crimes de terrorismo, depredação do patrimônio público, incitação à violência em um julgamento rápido e de credibilidade duvidosa em menos de uma semana. Apesar de as Nações Unidas (ONU) determinarem sua libertação imediata, por considerá-lo preso político em um julgamento injusto, o governo se nega a fazê-lo. No último dia 12 de fevereiro – quando o protesto contra Maduro completou um ano – a cela de López foi atacada por soldados encapuzados a fim de intimidá-lo. Esta semana, sua esposa, Lilian Tintori, denunciou uma suposta tentativa de sequestro a seu marido de dentro da prisão.
Já Maria Corina Machado, outra opositora, foi deposta do mandato de deputada, em 2014, por ter aceitado usar o assento do governo panamenho para denunciar a Venezuela na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em 2007, por exemplo, os EUA acusaram o governo de Hugo Chávez de, supostamente, doar dinheiro para a campanha presidencial de Cristina Kirchner. Na época, um empresário teve sua maleta apreendida na alfândega argentina com US$ 800 mil, que faria parte de um montante de US$ 5 milhões.
Durante os governos de Chávez, pelo menos 240 emissoras de rádio e TV foram fechadas ou não tiveram suas licenças renovadas, entre elas o canal de TV RCTV, em 2007, crítico ao regime, além da perseguição aos antigos donos do canal Globovisión, em especial Guillermo Zuloaga e Nelson Mezerhane. Este teve seu banco expropriado. Ambos são considerados foragidos da Justiça local e vivem nos Estados Unidos. Houve inúmeras nacionalizações e ameaças como a que esse governante chegou a fazer às empresas Polar, representante da Pepsi no país.
Na semana passada, multinacionais espanholas teriam sido, supostamente, chantageadas com expropriação, se não ajudassem a melhorar a imagem da Venezuela perante o governo e a imprensa da Espanha.
Nota divulgada pelo Itamaraty, na última sexta-feira (20), informou que uma comissão de chanceleres da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), formada por Brasil, Colômbia e Equador, estaria se preparando para uma visita a Venezuela. Tal decisão se deveu à tensão política criada com a detenção do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, na quinta-feira (19). “O Governo brasileiro acompanha com grande preocupação a evolução da situação na Venezuela e insta todos os atores envolvidos a trabalhar pela paz e pela manutenção da democracia. O Brasil reitera seu compromisso em contribuir, sempre que solicitado, para a retomada do diálogo político amplo e construtivo na Venezuela (...)”, diz um trecho.
Uma das maiores incógnitas é a verdadeira data de morte de Chávez. Para o ex-embaixador do Panamá Guillermo Cochez, seria entre dezembro de 2012 a janeiro de 2013, quando ele se tratava de um câncer em Cuba. Após o diplomata se manifestar sobre o tema, em fevereiro de 2013, as autoridades venezuelanas não conseguiram sustentar por muito tempo a versão de que estivera vivo, e o levou de volta para ser tratado em um hospital venezuelano, quando então anunciou oficialmente o óbito em 5 de março daquele ano.
Mesmo após sua morte, o câncer político que Chávez representava continua vivo na memória dos venezuelanos. O governo faz questão de endeusá-lo para se sustentar no poder. A militância teve a audácia de criar a Oração do Delegado, uma espécie de Pai Nosso comunista em homenagem ao falecido ditador.
Breve análise
Note-se que a palavra golpe se tornou instrumento recorrente nas mãos desses governos neossocialistas, que têm dificuldades de lidar com críticas, principalmente nos momentos de aperto político.
A crise econômica que assola os três países sul-americanos não é apenas reflexo da internacional, até porque o pior já passou. É, possivelmente, decorrente da falta de investimentos causada pela falta de confiança de investidores. Que tipo de empresário aplicaria seu rico dinheirinho num país que não oferece garantias constitucionais e jurídicas de que seu bem não seria usurpado pelo Estado em algum momento??? Mesmo que o Brasil ainda não se enquadre nisso, o simples fato de se aliar à esquerda 'pseudodemocrática' latino-americana parece ser um indício. 'Diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem és', já diz o ditado.
Um dos efeitos colaterais para quem se opõe ao dinheiro, ao capitalismo e ao lucro é ficar sem dinheiro. É o preço que se paga quando os partidos dominantes são membros do Foro de São Paulo. Essa associação reúne legendas de esquerda do continente americano e foi criada por Lula e o cubano Fidel Castro na década de 90, inclusive, com a suposta participação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Só para constar: o PT é o de Dilma Rousseff, o Partido Justicialista é o de Cristina Kirchner e o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) é o de Nicolás Maduro. No caso argentino, a adesão ao foro é feita pelo Movimento Evita, um dos braços políticos.
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