Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 CUT organiza manifestação em defesa da petrolífera em São Paulo A confusão ocorrida nessa ter...
Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
CUT organiza manifestação em defesa da petrolífera em São Paulo
A confusão ocorrida nessa terça-feira (24/2), em frente a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio, foi uma pequena mostra do que se poderia assistir no próximo dia 15 de março, em marcha pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, em várias cidades do país. Vários militantes petistas e 15 integrantes do autointitulado Movimento Brasil Livre (MBL) trocaram socos e pontapés num ato em 'defesa da Petrobras'. Estes últimos resolveram confrontar os membros do Partido dos Trabalhadores (PT) com um 'minipanelaço' contra a suposta roubalheira na companhia, que está sendo investigada pela Polícia Federal na operação Lava-Jato.
Vídeo: Maria Fernanda - MBL / Cedida ao OPINÓLOGO
Vídeo: Maria Fernanda - MBL / Cedida ao OPINÓLOGO
No entanto, o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, disse que a legenda não se mobilizaria contra atos antigoverno, ao referir-se sobre o protesto do mês que vem, que está sendo organizado pelo MBL. “Não convocamos nem vamos convocar nada neste sentido. Nosso governo segue firme no propósito de ampliar as conquistas obtidas pela população desde que o PT assumiu a Presidência”, expressou o dirigente.
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
O evento de ontem (24) foi promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros da CUT (FUP) sob o slogan 'Defender a Petrobras é defender o Brasil'. E contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de membros da legenda, de funcionários da estatal, sindicalistas e intelectuais.
Reprodução / Creative Commons
Cada um a seu modo defendia a Petrobras |
Em discurso, o ex-chefe de Estado teria reclamado da forma como a imprensa vem divulgando o caso, e aconselhado à sua sucessora, Dilma Rousseff, a deixar a investigação por conta da Justiça e focar mais no seu segundo mandato: “A Dilma tem que deixar a investigação da Petrobras com a justiça. Ela tem que levantar a cabeça e dizer: ‘eu ganhei as eleições e vou governar o País”.
O partido acusa a oposição de flertar com o golpismo e promover uma campanha negativa contra a petrolífera, junto a alguns setores da imprensa, com o suposto fito de privatizá-la.
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
O 'minipanelaço' promovido pelo MBL |
“Oportunistas de plantão querem usar a conduta criminosa de alguns funcionários de alto escalão para preparar a empresa para a privatização. A Petrobras representa mais de 13% do PIB brasileiro e vamos defender este patrimônio contra qualquer tipo de interesse privatista ou do capital internacional”, expressou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
Na semana passada, o diretor-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Emanuel Cancella, em entrevista ao portal 'Brasil 247', declarou que a direita brasileira quer 'usurpar' a companhia: “O maior pecado de Dilma foi dizer, na eleição, que defende a Petrobras e que ela vai ser nosso passaporte para o futuro. Pois a direita brasileira, que foi contra a criação da Petrobras, agora quer usurpá-la”.
“Infelizmente, a imprensa brasileira só quer falar mal da Petrobras. Os estrangeiros acabaram de conceder o 'Oscar' da indústria de petróleo à Petrobras, o Offshore Tecnology Conference 2015 (OTC). Ninguém noticiou isso no Brasil. Além do 'Oscar', a Petrobras, durante a operação 'Lava Jato', aumentou a capacidade de refino, passou a americana Exxon Mobil e é a primeira na produção de óleo no mundo e a quarta na produção de óleo e gás. Além disso, o pré-sal já produz mais de 700 mil barris por dia, o suficiente para abastecer países como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru, juntos”, criticou Cancella.
Esta semana, o 'Jornal do Brasil' publicou o manifesto de um grupo de intelectuais, que denunciava uma suposta campanha política de esvaziamento da Petrobras, o que 'coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia'. Entre os que assinaram o documento estão: o ex-ministro da Defesa e de Relações Exteriores Celso Amorim; o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile; a filósofa e membro do PT Marilena Chauí; o ex-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) Roberto Amaral etc.
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Contra a suposta privatização que não foi dita pela oposição |
Está prevista para amanhã (26) a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara dos Deputados, para apurar supostas falcatruas na Petrobras. O PT pretende pedir que a mesma se estenda aos dois governos do tucano Fernando Henrique Cardoso, de 1998 a 2002.
A Polícia Federal abriu uma linha de investigação exclusiva para apurar possíveis irregularidades no Petros, o fundo de pensão da Petrobras, noticiou 'O Globo'. Não custa nada lembrar que este fundo adquiriu, por exemplo, R$ 25 milhões em debêntures da extinta Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, em 2010, quando foi comprada pelo nebuloso grupo Galileo Educacional.
No próximo dia 13 de março – dois dias antes do protesto anti-Dilma –, haverá uma manifestação em defesa da estatal na Avenida Paulista, em São Paulo, organizada pela CUT.
Breve análise
Note-se que tanto os simpatizantes petistas quanto seus opositores têm um mesmo objetivo: salvar a Petrobras. Os primeiros, de uma suposta privatização; os segundos, do PT.
Pode até ser que a oposição esteja se aproveitando da crise na Petrobras e usando-a contra o governo, o que, consequentemente, está afetando a credibilidade do próprio governo, do PT e, claro, da companhia por meio de desvalorização perante o mercado e ações judiciais dentro e fora do país. Mas, quem não faria o mesmo se estivesse do lado contrário??? Nada disso estaria desse jeito, se o partido não estivesse, supostamente, envolvido. O simples fato de ser mencionado como possível réu já é constrangedor. Só para deixar claro: em nenhum momento este site apoiou a privatização da empresa.
O destaque que os meios de comunicação vêm dando à operação Lava-Jato serviu para expor as vísceras do PT, ainda mais que alguns de seus dirigentes são réus na Ação Penal 470, do Mensalão, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do partido José Genoíno.
Ao que parece, a roubalheira – desvios e superfaturamento em obras e prestação de serviços – na Petrobras teria causado um rombo de R$ 88,6 bilhões. O PT teria, supostamente, embolsado US$ 200 milhões – o equivalente a mais de R$ 500 mil se comparado à cotação atual –, segundo o ex-gerente da empresa Pedro Barusco, em depoimento de delação premiada à Justiça. Por conta disso, o partido está processando-o, por acusar o secretário de finanças do PT, João Vaccari Neto, de intermediar ilegalmente recursos para o caixa do partido.
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Em defesa da Petrobras e... do PT |
Lula tentou minimizar a questão durante evento na ABI, destacou a revista 'Exame': “Que vergonha pode ter (um trabalhador) que numa família de 86 mil pessoas alguém faz uma caca? Se isso acontece na família de vocês, o que vocês fazem? A gente castiga. Não se pode jogar a Petrobras fora por conta de meia dúzia de pessoas, ou cinquenta”.
Convenhamos que o ato denominado em 'defesa da Petrobras' se tratava, na verdade, em defesa do Partido dos Trabalhadores, do mesmo modo que a campanha contra a suposta tentativa de privatização. Um intento de desvinculá-lo do caso, ao tomar o efeito pela causa. Ou sob uma ótica peculiar, de vincular a sobrevivência da companhia à do partido. Assistir tudo isso é comprovar que muitos dos defensores, principalmente os funcionários, sem generalizar, sofrem de uma espécie de Síndrome de Estocolmo, doença na qual o oprimido se apaixona pelo opressor e passa a jogar ao seu lado.
Tudo isso se soma à aquisição mal explicada de uma petrolífera em Pasadena, no Texas (EUA), por mais de US$ 1 bilhão, quando a mesma só valia US$ 42 milhões, entre 2006 e 2010, quando Rousseff era presidente do Conselho de Administração da estatal.
Onda de insatisfação
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
O descontentamento com Dilma Rousseff continua, apesar de meses após a eleição |
Logo após a vitória de Dilma Rousseff nas urnas, em 2014, vários eleitores opositores começaram a mostrar indignação: promoveram algumas marchas pró-impeachment e até tiveram a falta de senso de criar um abaixo-assinado no portal da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, pedindo uma intervenção contra o que chamaram de expansão do 'bolivarianismo' na América Latina.
O discurso do Partido dos Trabalhadores tem sido que a oposição não aceita sua derrota e não reconhece a democracia do processo eleitoral.
Deve-se levar em conta que o caos político ocorrido na Venezuela – inflação elevada, supostas violações de direitos humanos e escassez de comida, por exemplo – e o silêncio do governo brasileiro influenciam e até fomentam as ações de eleitores não simpatizantes ao governo e ao PT. Ademais do baixo crescimento da economia brasileira, aumento de impostos, entre outras coisas.
COMMENTS