Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 Senado acompanhará crise no país Na Câmara dos Deputados, apenas três partidos são contra a m...
Quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Senado acompanhará crise no país
Na Câmara dos Deputados, apenas três partidos são contra a moção de repúdio ao governo venezuelano, aprovada nessa quarta-feira (25/2), por 'quebra do princípio democrático, com ofensa às liberdades individuais e ao devido processo legal': os partidos dos Trabalhadores (PT), o Comunista do Brasil (PCdoB) e o Socialismo e Liberdade (Psol).
A moção foi proposta pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE). “Nos últimos dias, a mídia divulgou amplamente a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que, além de ter sido realizada de modo arbitrário pelas autoridades venezuelanas, conta ainda com rumores de tortura contra o oposicionista”, declarou.
Para o deputado federal Padre João (PT-MG), o Legislativo não deveria interferir nos assuntos de outros países. “Não nos cabe ingerência em relação ao governo da Venezuela”, falou.
“Estes que estão apoiando a moção vêm querendo ferir a nossa democracia em um terceiro turno, falando em impeachment”, continuou o parlamentar petista, ao acusar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Democratas de 'golpismo'.
A moção foi aprovada com base no Protocolo de Ushuaia, assinado pelos países-membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1998, que estabelece a vigência das instituições democráticas.
Para o deputado federal Hugo Leal (Pros-RJ), o Itamaraty não se omitiu sobre o país vizinho. O órgão já divulgou duas notas, uma na última sexta-feira (20), outra ontem (24). Na primeira, disse acompanhar com preocupação a situação do país; na segunda, destacou a importância do diálogo e enalteceu o trabalho da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Segue, abaixo, o último comunicado:
“O Governo brasileiro continua a acompanhar com grande preocupação os acontecimentos na Venezuela, em especial por meio da Comissão de Chanceleres da UNASUL, integrada pelos Chanceleres do Brasil, Colômbia e Equador, e por contatos diretos com o Governo venezuelano. São motivos de crescente atenção medidas tomadas nos últimos dias, que afetam diretamente partidos políticos e representantes democraticamente eleitos, assim como iniciativas tendentes a abreviar o mandato presidencial.
O Governo brasileiro considera imperiosa a pronta retomada do diálogo político auspiciado pela Unasul por meio da Comissão de Chanceleres, que tem contado com o decidido apoio da Santa Sé. Nesse sentido, reitera sua disposição de contribuir de forma ativa com o Governo venezuelano e com todos os setores envolvidos na Venezuela para a retomada desse diálogo.
O Governo brasileiro insta os atores políticos venezuelanos, assim como as forças sociais que os apoiam, a absterem-se de quaisquer atos que possam criar dificuldades a esse almejado diálogo. A finalidade última é ajudar a Venezuela, no marco da sua Constituição, a desenvolver as condições para que o país possa retomar o seu desenvolvimento econômico e social em um clima de paz e concórdia”.
Já o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) tachou de 'hipócrita' a segunda nota, a qual pede a retomada do diálogo entre o governo da Venezuela e a oposição. “Uma nota hipócrita, covarde, como se a oposição estivesse se recusando a dialogar com o governo Nicolás Maduro. Mas é impossível dialogar com a arma na cabeça. É impossível dialogar dentro dos cárceres. O que a oposição venezuelana tem dito é que é preciso que haja liberdade para que se dê um diálogo político, digno desse nome. Como se houvesse ali uma falta de diálogo e não a violência, a violência contra a oposição, contra a democracia, contra os direitos humanos”, expressou.
O plenário do Senado aprovou o requerimento RQS nº 77/2015, do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o qual cria uma comissão para ir a Caracas e acompanhar de perto a situação política do país.
“A reação democrática dos países de nosso continente diante do quadro de agravamento a que assistimos deve ser mais afirmativa. Nas vezes que o Brasil se manifestou por meio de nossa Chancelaria, o tom foi exageradamente tímido, talvez em função dos vínculos ideológicos e partidários que têm prejudicado a autonomia brasileira, em prejuízo à nossa atuação diplomática”, disse o parlamentar peemedebista.
“O que tememos é o risco de um agravamento das tensões e do endurecimento de um regime que já é forte, tornando-se mais ditatorial e mais opressor ainda, sufocando de vez as oposições, inclusive matando se for preciso, como está acontecendo agora. Lamentavelmente, o sangue corre na Venezuela e nós aqui não tomamos nenhuma atitude”, criticou a senadora Ana Amélia (PP-RS).
Para os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o governo brasileiro estaria sendo 'omisso' e 'negligente'.
Esta prevista a visita de uma comissão da Unasul, formada por chanceleres do Brasil, Colômbia e Equador, para acompanhar a crise política na Venezuela. Mas, sinceramente, não se pode esperar muita coisa.
Esta prevista a visita de uma comissão da Unasul, formada por chanceleres do Brasil, Colômbia e Equador, para acompanhar a crise política na Venezuela. Mas, sinceramente, não se pode esperar muita coisa.
Nessa quarta-feira (25), a Eurocâmaras, o parlamento europeu, também abordou a crise na nação sul-americana.
Novos incidentes ocorreram após a detenção arbitrária de Antonio Ledezma, no último dia 19 deste mês. Algumas sedes do Copei – partido socialista cristão – foram invadidas por homens armados, o que foi considerado como suposta intimidação por parte do governo. Essa legenda declarou apoio à petição de transição política, criada pelos principais opositores: Ledezma, o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López – preso há um ano – e a ex-deputada María Corina Machado, que teve o mandato cassado ao tentar denunciar a Venezuela perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), em 2014. Ela teria aceitado o assento do Panamá para isso, o que foi considerado uma traição.
Já, nesta quarta-feira (25), o adolescente Kliverth Roa, de 14 anos, morreu com um tiro na cabeça, quando participava de um protesto antigoverno.
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