Sábado, 14 de fevereiro de 2015 Informação atualizada em 14/02/2015, às 4h38 Enquanto Maduro denunciava o suposto plano, a cela do opo...
Sábado, 14 de fevereiro de 2015
Informação atualizada em 14/02/2015, às 4h38
Informação atualizada em 14/02/2015, às 4h38
Enquanto Maduro denunciava o suposto plano, a cela do opositor Leopoldo López era atacada
O suposto plano
O suposto plano
Sem apresentar provas, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comunicou a detenção de militares e a descoberta de um suposto plano – intitulado 'Plano Jericó' - de golpe de estado, na última quinta-feira (12/2). O mesmo consistia em ataques aéreos ao Palácio Miraflores (sede do governo) e às sedes do Ministério da Defesa e da emissora estatal Telesur. Tal plano teria sido, supostamente, orquestrado desde sob o respaldo dos Estados Unidos (EUA), em Miami, com a colaboração de alguns militares venezuelanos e de políticos de oposição.
“Detrás desse atentado golpista tem funcionários do governo dos Estados Unidos envolvidos”; “é o governo dos Estados Unidos que está por trás do plano de desestabilização [política]”, disse.
“Quatro oficiais tinham a ordem de gravar um vídeo com o general golpista, que está preso, condenado… A estragétia traçada desde Washington era gravar um vídeo desde a prisão. Um golpista que confessou tudo o que está fazendo, quem o financiou, ele declarou quem lhe deu o dinheiro, quem com um mapa traçou os objetivos a serem bombardeados”, continuou.
O Departamento de Estado norte-americano classificou de 'ridículas' as acusações, e falou que o mandatário sul-americano deveria parar de tentar distrair a população diante dos problemas econômicos e políticos e respeitar os direitos humanos, segundo o diário venezuelano 'El Universal'.
Leopoldo López
Já o presidente da Assembleia Nacional, equivalente ao Congresso, Diosdado Cabello, proferiu o inacreditável: que havia um plano para assassinar Leopoldo López – ex-prefeito de Chacao, líder do partido Vontade Popular e principal oposicionista de Maduro –, supostamente, organizado pelo prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o deputado Julio Borges. Com isso, criaria instabilidade política, noticiou o portal 'Últimas Noticias'. Ambos os políticos são também opositores.
12 de fevereiro deveria ser considerado o dia do 'golpismo' na Venezuela… ou de luta pela redemocratização do país. Depende do ponto de vista. A divulgação do suposto plano coincidiu com o aniversário de um ano do protesto que deixou 43 mortos e mais de 1.400 feridos durante confronto entre manifestantes e as forças de segurança. O evento ocorrido em 2014 serviu de desculpa para encarcerar López, mediante acusações como terrorismo, homicídio, incitação à violência, danos ao patrimônio público etc., num juízo que aconteceu em menos de uma semana.
Enquanto Maduro fazia o seu discurso, López e Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal, tiveram suas celas atacadas por militares encapuzados e fortemente armados como forma de intimidação. A esposa de Leopoldo López, Lilian Tintori, divulgou o fato via Twitter. Ceballos está preso por não ter retirado os obstáculos colocados nas ruas por manifestantes opositores, o que impediu o tráfego de veículos.
Leopoldo López está mais para sequestrado político do que para preso político. Até as visitas de seu advogado e de sua família sofrem grandes restrições. Uma das provas disso é que durante a cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff, em janeiro agora, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, instou a Maduro por sua libertação. O indulto presidencial estaria condicionado a deixá-lo em Washington como exilado político, em troca da soltura do portorriquenho Óscar López Rivera, também considerado um prisioneiro político. Todavia, o detento não aceitou o acordo e preferiu manter-se como um herói, em vez de sair pela tangente, o que desesperou mais o governo.
No último dia 25 de janeiro, os ex-presidentes Sebastian Piñera (Chile) e Andres Pastrana (Colômbia) foram impedidos de visitar Leopoldo López na prisão. Eles queriam se certificar das condições de como estava sendo tratado. Também se encontrava em Caracas, como parte da comitiva, o ex-mandatário mexicano Felipe Calderón. Os três chefes de Estado foram acusados de tentar dar um golpe junto com a ala política de direita. 'Golpe' é uma palavra que não sai da boca das autoridades venezuelas. É usada para tudo e constantemente. Está sempre na prateleira para quando for necessário. O falecido presidente Hugo Chávez fazia o mesmo.
Em setembro passado, O Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária – do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) – havia determinado sua libertação imediata, porém as autoridades locais não a cumprem. Por incrível que pareça, a Venezuela que não respeita dita entidade internacional é a mesma que ocupou temporariamente um assento no Conselho de Segurança.
Em nota, a ONG Human Rights Watch (HRW) lembrou que a prisão de Leopoldo López completa um ano. Ademais, criticou as supostas torturas e detenções arbitrárias dos estudantes que participaram da marcha contra Maduro entre fevereiro e abril de 2014. Muitos ainda estariam na cadeia desde então.
A ONG também lamentou a suposta inércia ou cumplicidade dos países que integram a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) diante do que vem acontecendo na Venezuela desde o ano passado.
Já a Anistia Internacional enfatizou que pelo menos 14 policiais estariam em prisão preventiva, aguardando julgamento, pela morte do manifestante Bassil Dacosta e por cinco casos de maus tratos. Já a manifestante Gloria Tobón, de 21 anos, após ser detida, em Táchira, teria sido, supostamente, agredida com chutes, descargas elétricas e ameaçada de estupro.
Escassez
Além das supostas violações de direitos humanos, os venezuelanos sofrem com escassez de papel higiênico, leite, macarrão, entre outros itens da cesta básica, medicamentos, anticoncepcionais e camisinha. A inflação chega aos 60% ao ano.
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