Dilma Rousseff é vaiada em evento em SP

Terça-feira, 10 de março de 2015 PSTU sugere que CUT, UNE e MST rompam com o apoio ao governo A semana não tem sido nada agradável ...

Terça-feira, 10 de março de 2015

PSTU sugere que CUT, UNE e MST rompam com o apoio ao governo

A semana não tem sido nada agradável para a presidente Dilma Rousseff. Em visita à 21ª edição do Salão Internacional da Construção, em São Paulo, nesta terça-feira (10/3), ela foi vaiada (vídeo). O manifesto ocorreu minutos antes de o local ser aberto ao público.

Vídeo: Jorge Vanderlley / YouTube / Reprodução

Como se sabe, no último domingo (8), ela já tinha sido vaiada durante pronunciamento em rede nacional pelo Dia Internacional da Mulher. Em algumas cidades brasileiras foram registrados mini panelaços, som de buzinas e as luzes de alguns apartamentos piscavam. Para o Partido dos Trabalhadores (PT), esses manifestos 'fracassaram'.

Para completar, o juiz federal Alexandre Infante, tesoureiro da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), zombou do anúncio da mandatária sobre a sanção da Lei de Feminicídio (Lei nº 13.104/2015), que passa a considerar crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou discriminação de gênero. Depois da repercussão negativa, se desculpou.

Para a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), a declaração do magistrado foi 'degradante'. “Foi um incitamento à violência contra a presidenta da República”, concluiu, já levando para esse lado a questão.

A parlamentar considerou isso uma incitação ao golpe contra Rousseff. “Estamos vivendo uma espécie de carnaval jurídico, em que ministros dos tribunais superiores, juízes, pessoas do Ministério Público se animam emitir opiniões que, a meu ver, são próprias do Legislativo”, sustentou.

Imagem: MBL / Reprodução

Principais endereços de protestos antigoverno

As vaias parecem ser o fator extra que a presidente terá de aguentar em sua agenda política, pelo menos até o próximo domingo (15), quando ocorrerão protestos por seu impeachment, promovido pelo autointitulado Movimento Brasil Livre (MBL) com o apoio de outros movimentos opositores.

O PT continua acusando partidos de oposição de estarem, supostamente, vinculados aos protestos antigoverno do próximo fim de semana, ao citar os partidos da Social Democracia Brasileira (PSDB), o Democratas (DEM), o Popular Socialista (PPS) e o Solidariedade (SD).

Na próxima sexta-feira (13), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizará um ato em apoio a Rousseff e em defesa da Petrobras, em São Paulo.

Comentários no meio político

Ontem (9), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha dito que de 'nada adiantaria o impeachment' de Dilma Rousseff.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) – vice na chapa de Aécio Neves na última eleição presidencial – teria dito que também não adiantaria tirar a petista, e que queria vê-la 'sangrar': “(…) Não adianta tirar a presidente. Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”. O peemedebista é o atual vice-presidente.

Para o senador Ronaldo Caiado (PSDB-GO), as palavras de seu homólogo e colega de partido são um 'balde de água fria' no processo de investigação em denúncias contra Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“(…) Sangria como tratamento nos primórdios da medicina usando ventosas e sanguessugas não faz mais parte do nosso arsenal terapêutico. Essa prescrição já deu errado. Repito: em 2005, quando o PSDB propôs a sangria de Lula no Mensalão, o resultado foi a sangria da população. Fortaleceu o projeto lulo-petista ou bolivariano, como preferir. Isso nos levou a essa situação deplorável nos campos social, político e econômico do País. Jogou o País nessa grave crise institucional de proporções gigantescas.

O PSDB chutou a bola fora em 2005 e toda a oposição foi responsabilizada como omissa, vendida, negligente, subalterna, de rabo preso, entre outros adjetivos pejorativos. E agora, senador, a solução do PSDB é a sangria novamente? (...)”, disse Caiado.

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) pensa que o impeachment não seria a solução, uma vez que Temer ocuparia o posto, ou, em seu lugar, outro peemedebista, o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), atual presidente da Câmara.

Diante da atual conjuntura política e econômica, o PSTU ainda fez uma piada: convocou a CUT, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) – essas três entidades que participarão do manifesto do dia 13 de março – a romperem com o governo, por conta dos recentes ajustes fiscais anunciados por Dilma Rousseff. Seguem alguns trechos da nota:

“(…) O pronunciamento de Dilma, exibido na noite de domingo em cadeia nacional de rádio e televisão, mostrou a presidente petista defendendo firmemente o ajuste fiscal de seu governo. Ajuste este que, como sabemos, ataca direitos trabalhistas e busca jogar nas costas do povo trabalhador todo o peso da péssima situação da economia capitalista, enquanto as grandes empresas, bancos e o agronegócio seguem lucrando como nunca.

O pronunciamento de Dilma só demonstra que é necessária uma ampla unidade de ação das centrais sindicais e dos movimentos populares para derrotar esse ajuste perverso e a atual politica econômica, que só beneficia o grande capital.

Mas para que essa unidade seja de fato uma realidade e seja levada a cabo em direção à construção de um dia de paralisação pela derrubada do ajuste fiscal, rumo a uma greve geral, é mais que necessário e urgente que as direções da CUT, do MST e da UNE rompam com o apoio político que seguem dando ao governo Dilma do PT.

Só assim todos estarão de fato atuando na mesma direção, ou seja, a de apostar na mobilização direta da nossa classe para derrotar a política econômica e os ataques desferidos pelo governo do PT, do PCdoB, do PMDB e da sua famigerada base aliada (…)”