Sexta-feira, 20 de março de 2015 O parlamentar criticou a prisão de policiais militares, supostamente, envolvidos no caso Amarildo ...
Sexta-feira, 20 de março de 2015
O parlamentar criticou a prisão de policiais militares, supostamente, envolvidos no caso Amarildo
O diretório estadual do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) no Rio de Janeiro pediu à executiva nacional, nessa quinta-feira (19/3), a expulsão do deputado federal Cabo Daciolo (RJ) de seu quadro de filiação. A gota d'água para a indignação da legenda foi sua recente declaração de apoio a policiais presos, acusados do desaparecimento e suposto assassinato do pedreiro Amarildo de Souza, morador da Rocinha, em 2013.
Em sessão na Câmara, o parlamentar criticou (vídeo) a prisão dos militares há mais de um ano, que aguardam julgamento:
“(…) Eu tenho militares presos há um ano e cinco meses, presos na prisão preventiva. Domingo vou estar em Bangu 9, no GEP e no BEP. Eu estou falando do caso Amarildo, onde eu tenho 25 militares respondendo por um crime que não cometeram. 12 deles estão presos e um faleceu dia 13. Cardíaco, morreu, adquiriu problemas cardíacos na prisão. Chefe de família, um filho de sete meses, uma criança. E eu quero deixar bem claro: vamos solicitar a presença dos direitos humanos da Presidência da República. Juntos somos fortes. Deus está no controle”.
Vídeo: TV Daciolo / Reprodução
O deputado também disse que era preciso esclarecer os casos de Igor Mendes e Rafael Braga, entre outras pessoas nas quais ele considera como presos políticos. Os jovens foram acusados de supostos atos de vandalismo durante a onda de protestos que tomou conta do país entre 2013 e 2014. O diretório regional aprovou a suspensão por dois anos do deputado Cabo Daciolo.
No último dia 10 de março, o Psol já tinha freado o ex-militar de apresentar sua polêmica Proposta de Emenda à Constituição (PEC), pedindo a substituição do parágrafo único do Artigo 1º da Constituição. Onde se lê 'todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição' seria modificado para: 'todo o poder emana de Deus, que o exerce de forma direta e também por meio do povo e de seus representantes'.
O ex-militar adotou como frase de efeito a expressão 'Juntos Somos fortes. Deus está no controle', utilizada para encerrar seus discursos no parlamento. Além de uma postura extremamente religiosa, contrariando o princípio de laicidade do Estado e a filosofia partidária, causou perplexidade ao posar para uma foto com o seu homólogo Jair Bolsonaro (PP-RJ), tido como um extremista de direita, no último dia 5 de fevereiro, durante a cerimônia de posse do mandato 2015-2018. Recentemente, Daciolo defendeu que o cargo de ministro da Defesa deveria ser ocupado por oficiais das Forças Armadas, contrapondo a defesa do Psol pela desmilitarização.
“(…) Os exemplos anteriores só reforçam linha de atuação incompatível com o partido, que hoje ultrapassou todos os limites com a defesa dos acusados do assassinato de Amarildo. É opinião da direção estadual do Psol do Rio de Janeiro que essa linha de pronunciamentos não é produto do erro, mas uma decisão deliberada, com o claro objetivo de desprestigiar o PSOL.
Respeitamos os eleitores do cabo Daciolo, mas entendemos que o mandato dele não cabe no PSOL (…)”, expressou o vereador carioca Renato Cinco (Psol-RJ).
Conforme já dito por OPINÓLOGO, o ex-militar é um 'estranho no ninho'. Está no partido errado ou simplesmente o erro foi do Psol de ter aproveitado com oportunismo a imagem de Daciolo, por liderar uma greve dos bombeiros no estado do Rio de Janeiro, ademais da invasão de quartel-general da corporação, ao supor que ele tinha as mesmas ideologias.
Vale lembrar que foi a legenda socialista quem apoiou a viúva de Amarildo, Elizabeth Gomes durante o período que o caso teve repercussão na imprensa. Se por um lado Daciolo coloca em risco a identidade que a legenda criou para si, por outro não se pode negar que o conceito de liberdade que o Psol defende parece ser diferente do que põe em prática, a começar por se opor à linha de pensamento de um filiado.
No fundo, o deputado sai ganhando com isso. Conquista a categoria na qual fez parte e, com seu proselitismo religioso, pode garantir votos entre eleitores evangélicos, muitos dos quais sentem uma necessidade quase visceral de transformar o país numa teocracia.
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No fundo, o deputado sai ganhando com isso. Conquista a categoria na qual fez parte e, com seu proselitismo religioso, pode garantir votos entre eleitores evangélicos, muitos dos quais sentem uma necessidade quase visceral de transformar o país numa teocracia.
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