Segunda-feira, 09 de março de 2015 Vaias podem ter ofuscado críticas feitas pela presidente As vaias divulgadas nas redes sociais, ...
Segunda-feira, 09 de março de 2015
Vaias podem ter ofuscado críticas feitas pela presidente
As vaias divulgadas nas redes sociais, enquanto a presidente Dilma Rousseff discursava (vídeo 1) em rede nacional, na noite desse domingo (8/3), pelo Dia Internacional da Mulher, podem ter ofuscado alguns pontos importantes de suas declarações. A mandatária considerou 'injustas' as críticas que o governo tem recebido por conta do atual cenário econômico brasileiro, e criticou a imprensa de maneira indireta.
“(…) Pela primeira vez na história, o Brasil ao enfrentar uma crise econômica internacional não sofreu uma quebra financeira e cambial. O mais importante: enquanto nos outros países havia demissões em massa, nós aqui preservamos e aumentamos o emprego e o salário. Se conseguimos essas vitórias antes, temos tudo para conseguir novas vitórias outra vez. Inclusive, porque decidimos, corajosamente, mudar de método e buscar soluções mais adequadas ao atual momento. Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo (...)”, disse.
“(…) Mas todos sabemos que há um longo caminho entre sentir e entender plenamente. É preciso, sempre, compartilharmos nossa visão dos fatos. Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos (...)”, criticou.
Vídeo: TV NBR / YouTube / Reprodução
A governante não só ignora que é parte do problema, como também tenta jogar a 'batata quente' no colo dos outros: 1) a culpa seria da crise internacional; 2) eventuais erros de interpretação aos fatos difundidos pelos noticiários.
“(…) Foi por isso, que começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo(…)”, declarou Rousseff.
A líder sul-americana fecha os olhos para o fato de ter criado obstáculos para o recebimento de direitos trabalhistas. Baixou um vilão chamado 'Aécio Rousseff'. O tempo de recebimento de pensão por morte dependerá do tempo do(a) viúvo(a). Se este(a) tiver menos de 21 anos, desfrutará por no máximo três anos. E não é mais o salário total de segurado, mas apenas 50%, acrescidos de 10% para cada filho, não ultrapassando os 100%.
“Mais importante, no entanto, do que a duração destas medidas [de ajustes fiscais] será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios. Que devem ser perenes no combate à inflação e na garantia do emprego. Que devem ser permanentes na melhoria da saúde, da educação e da segurança pública”, continuou a presidente.
Dilma Rousseff parece viver em outro mundo. Em janeiro agora, por exemplo, a Volkswagen teria demitido 800 trabalhadores em São Bernardo do Campo (SP), e a Mercedes-Benz, outros 244. O principal motivo seria a crise econômica no país, que refletiu na queda de veículos em 7,5% no ano passado, segundo o 'G1'.
As vaias estão entre os assuntos mais falados no Twitter pela hashtag #VaiaDilma, a nível mundial, e podem ter ofuscado o anúncio de que Rousseff sancionará, nesta segunda-feira (9), a Lei do Feminicídio, que torna crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou discriminação de gênero. O vídeo, abaixo, mostra alguns apartamentos com luzes piscando e também é possível ouvir o som de buzinas.
Vídeo: Neguinho & Môre / YouTube / Reprodução
Esse é apenas um entre os vários vídeos compartilhados
As vaias poderiam ser vistas como um aquecimento para o protesto anti-Dilma, em várias cidades do país, no próximo domingo (15), organizado pelo autointitulado Movimento Brasil Livre (MBL). Note-se que a má fase econômica do Brasil poderia ser apenas uma desculpa para pedir o impeachment da presidente da República, quando, no fundo, se sabe que os motivos seriam outros: 1) o velho medo de que o país se torne uma republiqueta bolivariana; 2) e o ódio ao Partido dos Trabalhadores (PT) por seus supostos envolvimentos no Mensalão e, agora, no Petrolão.
Vale lembrar que, logo após sua reeleição, surgiram algumas manifestações pedindo sua deposição. Inclusive, criaram uma petição no site da Casa Branca, sede do governo estadunidense, a favor de uma intervenção contra o que chamaram de expansão bolivariana na América do Sul. Embora o documento tenha conseguido rapidamente as 100 mil assinaturas necessárias, não deu em nada.
A mais nova inimiga de 'infância' de Dilma Rousseff, a ainda senadora petista Marta Suplicy, comentou sobre as vaias:
“Em meio a gritos de protestos, buzinas e panelaço, São Paulo assistiu, atônita e perplexa, o pronunciamento da presidenta Dilma nesta noite de 8 de março.
Tentando se apoiar na ultrapassada justificativa da crise internacional, Dilma negou, mais uma vez, a gravidade e dimensão da atual crise econômica, as responsabilidades de seu governo e as consequências de seus desdobramentos para o povo brasileiro.
O que mais me preocupa, neste momento, é que, a cada ação de seu governo, assistimos ao aumento do grau de seu isolamento e a ampliação de seu distanciamento da sociedade.
Tão séria e grave quanto os problemas econômicos é a crise política e o consequente aprofundamento da falta de confiança e credibilidade”.
A ex-ministra da Cultura ainda parece guardar mágoas de Rousseff, tendo começado o desabafo tão logo que deixou o cargo em novembro passado. Já no início deste ano, teceu suas críticas à legenda: “Ou o PT muda, ou acaba”. De acordo com o 'Estadão', Marta Suplicy poderá se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) para disputar a Prefeitura de São Paulo contra o atual, Fernando Haddad (PT).
A ex-prefeita de São Paulo é apenas parte do processo autofágico vivido pelo PT. Antes mesmo de se distanciar partidariamente, tem procurado fazê-lo moralmente. Talvez as derrotas de Dilma Rousseff no estado de São Paulo e a do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha para o governo estadual – com a vitória em primeiro turno de Geraldo Alckmin, apesar da crise hídrica – tenham aberto seus olhos de que o partido não ganha mais na região. Ao menos na atual conjuntura marcada por escândalos.
Na próxima sexta-feira (13), haverá uma marcha de apoio a Dilma Rousseff, organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e em defesa da Petrobras. Observa-se uma tentativa de vincular a salvação da petrolífera à salvação do PT, como se um e outro fossem uma coisa só, unha e carne como um matrimônio. Em fevereiro passado, a entidade sindicalista e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) da CUT promoveram um ato em defesa da empresa. Assistir tudo isso é comprovar que muitos dos defensores, principalmente os funcionários, sem generalizar, sofrem de uma espécie de Síndrome de Estocolmo, doença na qual o oprimido se apaixona pelo opressor e passa a jogar ao seu lado.
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