Juiz que zomba de Dilma Rousseff por Lei de Feminicídio pede desculpas

Terça-feira, 10 de março de 2015 Mais uma vez, o ofuscado pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, na noite do último domingo (8/3...

Terça-feira, 10 de março de 2015

Mais uma vez, o ofuscado pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, na noite do último domingo (8/3), pelo Dia Internacional da Mulher, está dando o que falar. Agora, com a piada feita pelo juiz federal Alexandre Infante, de Montes Claros (MG), após o anúncio de que a Lei de Feminicídio seria sancionada.

“Dilma disse que vai sancionar amanhã a Lei de Feminicídio. Legislando em causa própria?”, comentou nas redes sociais o magistrado, que é tesoureiro da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).

Com essa lei, as penas serão mais duras e o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou discriminação de gênero passa a ser considerado crime hediondo.

Depois da repercussão negativa que o caso teve, o juiz deletou sua foto de perfil no Twitter e tentou se desculpar (fotos): “Fiz uma piada no Twitter com a declaração de Dilma de que amanhã sancionará a Lei de Feminicídio. Mas ela foi mal compreendida”; “com tanta gente insatisfeita com a presidente, muitos querem 'matá-la', não no sentido literal, mas politicamente, pelo impeachment”; “assim o 'legislando em causa própria?' não contém nenhuma ameaça ou apologia de crime contra a nossa presidente”; “enfim, a piada foi esta: com a Lei do Feminicídio, Dilma estaria se protegendo contra eventual impeachment”; “a turma do 'politicamente correto' imediatamente deturpou a mensagem e começou a me acusar de ameaçar a presidente ou de fazer apologia...”; “peço desculpas a todos que tenham-se (sic) sentido ofendido pela incompreendida piada, mas reitero: foi só uma piada”; “quem me conhece sabe do respeito que tenho pelas mulheres, pelas minorias e pela democracia”.

Imagens: Twitter: Divulgação

Fiz uma piada no Twitter com a declaração de Dilma de que amanhã sancionará a Lei do Feminicídio. Mas ela foi mal compreendida.
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

Com tanta gente insatisfeita com a Presidente, muitos querem "matá-la", não no sentido literal, mas politicamente, pelo impeachment.
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

Assim, o "legislando em causa própria?" não contém nenhuma ameaça ou apologia de crime contra a nossa Presidente.
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

Enfim, a piada foi esta: com a Lei do Feminicídio, Dilma estaria se protegendo contra eventual impeachment.
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

A turma do "politicamente correto" imediatamente deturpou a mensagem e começou a me acusar de ameaçar a Presidente ou de fazer apologia...
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

Peço desculpas a todos os que tenham-se sentido ofendido pela incompreendida piada, mas reitero: foi só uma piada.
— Alexandre Infante (@Alex_Infante) 9 março 2015

As redes sociais podem ser perigosas para que não tem papas na língua. Como foi dito aqui, o discurso de Rousseff foi ofuscado, primeiramente, pelos mini panelaços registrados em algumas cidades do país. Enquanto ela aparecia na TV, eleitores de oposição disparavam buzinas e batiam em panelas e, também, faziam piscar as luzes de seus apartamentos. Em segundo, pelas declarações polêmicas do magistrado mineiro, que servirão de fomento da ala governista para transformá-la em vítima e atacar a oposição e aos que pedem seu impeachment.

Nessa segunda-feira (9), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria dito que 'não adiantaria nada o impeachment' de Dilma Rousseff, noticiou o 'Estadão'. Vale lembrar que a legislação brasileira determina que o vice-presidente assuma se o feito ocorresse nos dois primeiros anos de mandato. Neste caso seria o peemedebista Michel Temer. Nos dois últimos anos de mandato seria outro peemedebista, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que poderia ou não convocar novas eleições para que o sucessor complete o tempo restante do que deixou o cargo.

Note-se que, embora este seja o segundo mandato de Rousseff, a coisa zera, de modo parcial. É um novo mandato, que não tem nada a ver com o anterior.

A mandatária considerou as manifestações contrárias a ela 'legítimas' e disse que seria preciso aclarar as razões para seu impeachment, não para um 'terceiro turno', pois isso seria uma 'ruptura' da democracia, publicou o 'G1'.

Mais cedo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) – derrotado na última eleição presidencial – respondeu sobre isso. Disse que o Partido dos Trabalhadores 'continua tentando tapar o sol com a peneira ao responsabilizar a oposição pelas repetidas, e cada vez mais frequentes, manifestações críticas ao governo'.

“As manifestações que ocorrem nas redes sociais, nos panelaços e nas ruas não defendem um terceiro turno. São manifestações espontâneas e democráticas. Queremos um país em que todos tenham o direito de expressar sua opinião. O PT não é uma instância suprema que pode decidir quais opiniões são legítimas e quais não são, ou quais podem e quais não podem ser expressas”, declarou o parlamentar peessedebista.

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