Segunda-feira, 09 de março de 2015 Para oposição, a presidente confundiu o 8 de março com o 1º de abril O Partido dos Trabalhadores...
Segunda-feira, 09 de março de 2015
Para oposição, a presidente confundiu o 8 de março com o 1º de abril
O Partido dos Trabalhadores afirmou, nesta segunda-feira (9/3), que as vaias à presidente Dilma Rousseff durante seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher, ontem (8), fracassaram, e as atribuíram a partidos de oposição e a moradores de classe média. Ela comentou sobre o ajuste fiscal que o governo tenta promover, a futura Lei de Feminicídio, apenas citou a Petrobras, entre outras coisas, além de pedir mais paciência aos brasileiros.
“(...) Foi um movimento restrito que não se ampliou como queriam seus organizadores”, disse o secretário nacional de Comunicação, José Américo Dias.
“Tem circulado clipes eletrônicos sofisticados nas redes, o que indica a presença e o financiamento de partidos de oposição a essa mobilização”, continuou.
Foram divulgados vídeos com mini 'panelaços' em: Ipanema, Zona Sul do Rio; Morumbi e Vila Mariana, em São Paulo; e em Águas Claras, no Distrito Federal.
“Existe uma orquestração com viés golpista que parte principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta”, falou o vice-presidente da legenda, Alberto Cantalice.
Cantalice comparou as vaias à chamada que estimulou a 'Marcha da Família com Deus pela Liberdade', que derrubou o então presidente João Goulart, em 1964, supostamente apoiada pela mídia. Para bom entendedor, um pingo é letra: declara que os eventos desse domingo (8) foram supostamente incentivados pela imprensa.
Não custa nada lembrar que, no ano passado, Cantalice elaborou uma lista negra de jornalistas e celebridades, responsabilizando-os pelas vaias que a mandatária recebeu durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014.
Note-se que a tática de atribuir à 'burguesia' as recentes manifestações é a mesma utilizada no ano passado durante o torneio mundial, com o intuito de criar uma espécie de polarização entre ricos e pobres.
As vaias ofuscaram o conteúdo do pronunciamento e ficaram entre os assuntos mais falados no Twitter, a nível mundial, com a hashtag #VaiaDilma. A guerra virtual também colocou entre as mais a hashtag #DilmadaMulher, em apoio a Rousseff.
Partidos comentam
“Essas declarações de que a oposição teria financiado essas manifestações espontâneas beiram o ridículo e traduzem a absoluta ‘dessintonia’ entre o PT e o sentimento das ruas”, expressou o presidente nacional do Democratas, senador José Agripino (RN).
“É como se o PT quisesse retirar das pessoas o direito de se indignar”, criticou o parlamentar, que tachou a gestão petista de 'desgoverno'.
Para o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE), Dilma Rousseff teria confundido o 8 de março com o 1º de abril, com 'desculpas falaciosas, e que ela perdeu uma chance de se reconciliar com o país. “Parece que a presidente confundiu o 8 de março – Dia Internacional da Mulher – com o 1º de abril, dia da mentira”, disse.
“(…) Assistimos a uma presidente acuada pela crise, pela incompetência do seu governo. Dilma fez uma fala defensiva para justificar o grave ajuste fiscal, mas esqueceu de dizer que seu governo geriu mal as finanças e economia. Sobre a crise ética e o escândalo da Petrobras, apenas dirigiu uma rápida palavra e não assumiu as suas responsabilidades. O povo queria ouvir um pedido de desculpas e não meras desculpas da incompetência governamental”, continuou o peessedebista.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) – derrotado na última eleição presidencial – também comentou o pronunciamento na TV:
“(…) E é, especialmente, uma crise de valores, descortinada por escândalos em série, que alimentam o descrédito da classe política junto à população.
O governo não consegue oferecer à sociedade nenhum horizonte que fortaleça a esperança das famílias brasileiras ou um caminho que acalme o país e responda aos desarranjos que ele legou a si próprio. Esse cenário de intranquilidade tem se tornado um grande desafio às nossas instituições e as encontra em um trecho de história especialmente importante, quando se afirmam e ganham clara autonomia (…)”
Já o deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) – líder da oposição na Câmara – classificou o discurso como uma 'verdadeira peça de ficção'. Salientou que os protestos demonstram que os brasileiros não engoliram as explicações dadas por Rousseff.
“Foi um tapa na cara das pessoas de bom senso. Qualquer um que assistiu ao pronunciamento, preparado pelo marqueteiro João Santana, observou que foi uma verdadeira zombaria. Uma presidente que, na eleição de poucos meses atrás, não falava de crise e jurava a manutenção do controle de preços de energia, combustível, impostos e a preservação de direitos, de repente muda o discurso e o mundo vira o culpado das mazelas do país. O que assistimos foi uma verdadeira peça de ficção”, comentou Bruno Araújo.
Para o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) – líder do partido na Câmara – o discurso da governante serviu como combustível para os protestos que ocuparão várias cidades do país no próximo domingo (15), para pedir seu impeachment, organizado pelo autointitulado Movimento Brasil Livre (MBL): “Os protestos espontâneos contra o pronunciamento ecoaram por todo o país. O pronunciamento foi um tiro no pé. Dá a dimensão de como o governo está perdido. Parece que Dilma vive no mundo de Pollyanna. Temporária deve ser a permanência dela na presidência”. Este último trecho foi dito em alusão aos sacrifícios temporários que ela falou na TV.
“[Dilma Rousseff] mentiu como na campanha eleitoral. Enfim uma fraude continuada”, declarou o presidente nacional do Partido Popular Socialista, Roberto Freire.
Para o presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Luiz Araújo, Rousseff teria perdido uma chance de anunciar novos rumos no seu segundo mandato: “(…) A presidenta, entretanto, perdeu uma bela oportunidade de anunciar mudanças de rumo em seu segundo mandato, que breve em termos de dias, parece um governo bastante envelhecido e sem rumo. O eixo foi a explicação do inexplicável, ou seja, justificar que defendeu um rumo no segundo turno da campanha e está fazendo outra coisa após a vitória apertada que teve (...)”
Luiz Araújo enfatizou que o alvo do pronunciamento 'não foi a classe média revoltada e que votou em Aécio Neves, mas, certamente, foram os setores mais pobres'.
“(…) A presidenta foi genérica [sobre o escândalo da Petrobras], como se nada tivesse a ver com a forma de se governar, com as alianças, com o acobertamento do toma-lá-dá-cá vigente na política brasileira. Verdade que a corrupção não começou com o PT (não podemos ser injustos com os governos anteriores, inclusive dos 'éticos' tucanos), mas se esperava que a 'faxina' anunciada no início do seu primeiro mandato tivesse surtido algum efeito. Apenas disse que está sendo aplicada “duramente a mão da justiça contra os corruptos”. Mas quem são os corruptos? O que o governo (que está há doze anos no poder) fez para desmontar os esquemas? E, sabendo dos mesmos, que providências estruturais decidiu tomar? (...)”, manifestou o dirigente psolista.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) está organizando para a próxima sexta-feira (13) um ato em apoio à líder sul-americana e em defesa da Petrobras. Coincidentemente, a data tem o mesmo número da legenda. E foi em 13 de março de 1964, que o então presidente João Goulart, em comício, anunciou reformas políticas como a expropriação de terras e o controle de cinco refinarias que operavam no país.
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