Não se pode mesmo esperar muita coisa da Unasul sobre a crise da Venezuela

Sábado, 25 de abril de 2015 Em fevereiro passado, OPINÓLOGO publicou um artigo , dizendo que não se poderia esperar muita coisa da Uni...

Sábado, 25 de abril de 2015

Em fevereiro passado, OPINÓLOGO publicou um artigo, dizendo que não se poderia esperar muita coisa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na busca de uma solução para a crise da Venezuela, que se agravou após a detenção arbitrária do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. Como se sabe, uma comissão de chanceleres formada por Brasil, Colômbia e Equador, em nome da entidade subcontinental, esteve na ocasião em Caracas para tentar intermediar o caos político instaurado pela ditadura do falecido Hugo Chávez e que se estendeu à de Nicolás Maduro.

Ledezma foi acusado de, supostamente, planejar um golpe de estado contra o governo de Maduro. Está detido sem julgamento há dois meses. Sua prisão foi anunciada como um troféu pelo chefe de Estado. Nenhuma das poucas e supostas provas apresentadas por políticos pró-governo a respeito do tal plano convence. Até porque não se viu nenhum nexo em relação ao mandatário municipal.

Como se sabe também, a maioria dos países-membros do bloco tem governos esquerdistas, tais como: Brasil, Equador, Bolívia, Argentina e Uruguai. A Unasul e a maioria das nações, individualmente, tem se omitido diante das supostas violações de direitos humanos, cerceamento à liberdade de imprensa e de expressão na Venezuela. Com o agravamento da situação, algumas delas, como o Brasil, por exemplo, tiveram de sair de sua zona de conforto e se manifestar sobre o assunto. No entanto, sem criticar de fato o governo. Pois, na verdade, não encaram o governo venezuelano como ditador, e sim 'amigo'.

A visita da Unasul foi, na verdade, uma satisfação à comunidade internacional, para evitar que organismos como as Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) – que inclui países críticos a Maduro como Estados Unidos, Panamá e Canadá – se intrometessem na crise. Até porque não deu em nada.

No início desta semana, o Partido dos Trabalhadores (PT) reafirmou o que este jornalista havia dito. Em suas teses políticas para o 5º Congresso da legenda, que ocorrerá entre os dias 11 e 13 de junho, em Salvador, criticou a oposição venezuelana, ao compará-la com a daqui e que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Na verdade, similar nas condições brasileiras, ao que fazem hoje os reacionários pró-imperialistas nas vizinhas Venezuela e Argentina, disseminando seu ódio de classe ao povo e às organizações dos trabalhadores (sedes do PT incendiadas etc.)”, declarou o PT, ao utilizar-se de velhos clichês como 'imperialistas' e da suposta tentativa de jogar o povo contra o povo, como se a tal burguesia não integrasse a mesma sociedade.

Embora PT e governo não sejam a mesma coisa, apesar de haver uma confusão entre ambos, como também a distorção entre governo e Estado – em que um pretende se sobrepor ao outro –, é preciso levar em conta que um governo age conforme os ideais partidários. Dizem que um fruto nunca cai longe do pomar.

Infelizmente, pode-se dizer, também, que o atual governo brasileiro não está a favor da Venezuela, mas de seu governo. Povo e governo são coisas completamente distintas.

Em documento, o que o PT critica, na verdade, é as esposas e mães venezuelanas que protestam contra um governo que encarcerou seus maridos e filhos, simplesmente, porque fizeram oposição. Critica os que não aceitam mais a escassez de comida, de papel higiênico e de medicamentos em supermercados e farmácias. Critica os que não aceitam se submeter à opressão e ao autoritarismo. Critica o direito de se fazer oposição e os que não se deixam enganar por falácias socialistas.

No caso argentino, a legenda ignora o fato de a presidente Cristina Kirchner ter sido acusada de tentar, supostamente, forjar a inocência de autoridades iranianas num atentado terrorista que deixou 85 feridos e 300 mortos em uma comunidade judaica de Buenos Aires, em 1994. Hipoteticamente, em troca de um suposto acordo comercial com a venda de armas e grãos e a compra de petróleo, como sustentou o falecido promotor Alberto Nisman, dias antes de seu misterioso óbito.