Instituto Lula critica imprensa por divulgar 'imprecisões' e 'mentiras' sobre confissão feita a Mujica

Sábado, 09 de maio de 2015 O Instituto Lula, pertencente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou, nessa sexta-feira (8/5),...

Sábado, 09 de maio de 2015

O Instituto Lula, pertencente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou, nessa sexta-feira (8/5), reportagens de que o petista teria, supostamente, confessado ao ex-presidente do Uruguai José Mujica estar ciente do Mensalão.

“Lamentamos que uma vez mais a imprensa brasileira se utilize de imprecisões para gerar interpretações equivocadas e divulgar mentiras”, disse.

Em vez de divulgar uma nota, a entidade preferiu defender seu proprietário, utilizando uma matéria do portal 'G1', com uma fala do jornalista uruguaio Andrés Danza, um dos autores do livro 'Una Oveja Negra en el Poder' (em tradução literal: 'Uma Ovelha Negra no Poder'), explicando o que o ex-líder brasileiro quis dizer. A obra narra a vida política do socialista uruguaio.

“Essa (o Mensalão) era a única forma de governar o Brasil”, teria expressado o petista ao colega Mujica. Mas, para o escritor supracitado, o que o ex-líder pernambucano quis dizer é que era difícil governar o país com chantagens e coisas imorais.

“Não, Lula estava falando sobre as 'coisas imorais', e não sobre o mensalão. O que Lula transmitiu ao Mujica foi que é difícil governar o Brasil sem conviver com chantagens e 'coisas imorais'”, explicou Danza.

No entanto, chama atenção o fato de a revista semanal 'Búsqueda' – na qual Andrés Danza é o editor-chefe e o escritor Ernesto Tulbovitz, redator do caderno Política' – publicar reportagem com o seguinte título: “Lula: o Mensalão 'era a única forma de governar o Brasil'”. O parágrafo que explicita a questão é: “'Lula não é corrupto, como era [Fernando] Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros', disse Mujica. Mas, a seguir narrou como um Lula cabisbaixo disse a Mujica e a [Danilo] Astori (ex vice-presidente do Uruguai) pouco antes de 1º de março de 2010, que teve de 'lidar com muitas coisas imorais, chantagens'. Lula chegou a justificar o Mensalão: 'essa era a única forma de governar o Brasil'”. A data mencionada foi a que Mujica tomou posse da presidência.

O assunto rendeu tanto, que ficou ao longo do dia entre os mais comentados no Twitter por meio da palavra 'Mujica'.

Enfim, vai ficar um jogo de empurra-empurra entre o dito e o não dito. Ou no máximo, o ex-governante uruguaio poderá ser acusado de não saber o que diz, devido aos seus 80 anos etc.

Críticas de parlamentares da oposição

“Dizer que o Brasil só pode ser governado com base em um crime [o Mensalão] é uma frase própria de quem já aderiu ao crime. Todas as pessoas que adotam conduta criminosa passam a defender o crime como única forma de agir, e é o que estamos assistindo agora. É uma prática igual à que vemos em qualquer presídio”, expressou o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), quem complementou que Mujica teria dito o que 'todos já desconfiavam: que seria impossível Lula desconhecer a existência do Mensalão'.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), quem havia se manifestado sobre a suposta confissão, pretende convidar José Mujica, através da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a explicar sobre a questão.

“A acusação é muito séria, até porque é a própria esquerda brasileira que trata Mujica como uma espécie de mártir e coloca sua índole acima de qualquer suspeita. Se ele diz que o ex-presidente Lula, não só confirmou ter conhecimento sobre o Mensalão, como admitiu que era a sua única forma de governar o país, isso coloca em xeque toda a tese que o inocentou do esquema”, comentou o democrata.

“As investigações do Mensalão pararam justamente quando estava a centímetros de chegar em Lula. É preciso acabar com essa barreira imaginária de proteção ao Palácio do Planalto. A Lava Jato não pode cair no mesmo erro de isentar Dilma e Lula”, complementou o parlamentar goianense.

“Todos esses modelos de desvio de dinheiro público para a perpetuação no poder fazem parte de uma continuidade do Mensalão e tem ajudado, não só o PT no Brasil, como outros tiranetes mundo afora. É o modelo adotado pelo Foro de São Paulo, financiado principalmente pelo Estado brasileiro e disseminado entre as lideranças de esquerda da América Latina”, salientou Caiado.

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