Quinta-feira, 18 de junho de 2015 Informação atualizada em 18/06/2015, às 19h27 Ônibus com parlamentares brasileiros é apedrejado por mil...
Quinta-feira, 18 de junho de 2015
Informação atualizada em 18/06/2015, às 19h27
Ônibus com parlamentares brasileiros é apedrejado por militantes pró-chavistas
Informação atualizada em 18/06/2015, às 19h27
Ônibus com parlamentares brasileiros é apedrejado por militantes pró-chavistas
Imagem: Aécio Neves / Twitter / Reprodução
Milícias pró-chavistas – definitivamente, não se pode chamá-las de manifestantes – confirmaram a grave crise moral e de direitos humanos vivida na Venezuela. Uma comitiva formada por senadores brasileiros foi atacada em Caracas, nesta quinta-feira (18/6). O grupo de parlamentares viajou à nação vizinha num avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para pedir a libertação dos políticos antigoverno como o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López – preso há mais de um ano e que estaria em greve de fome –, o ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma. Este último encontra-se, atualmente, em prisão domiciliar, enquanto que os dois primeiros, na penitenciária de Ramo Verde.
A comitiva (foto) é formada pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cássio Cunha (PSDB-PB), José Medeiros (PPS-MT), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Sérgio Petecão (PSD-AC). Eles eram aguardados pela ex-deputada María Corina Machado, a esposa de López, Lilian Tintori, e a esposa de Ledezma, Mitzy Capriles.
O ônibus em que estavam os parlamentares foi apedrejado por militantes pró-governo, que bloquearam ruas para impedir que os políticos brasileiros deixassem o aeroporto.
“Fomos cercados por manifestantes bastante hostis. Estamos aguardando que a embaixada garanta proteção para que possamos ir até o presídio”, contou Aloysio Nunes.
“Ficamos por quase meia hora tentando sair das cercanias do aeroporto, mas fomos impedidos. Ouvimos duas justificativas esfarrapadas. A primeira foi a de que o impedimento se deu por causa do transporte de um prisioneiro vindo da Colômbia. A segunda foi um acidente. Por essa razão, decidimos voltar ao aeroporto e esperar que se resolva esse imbróglio”, continuou o senador Aloysio Nunes.
“Quando retornamos ao aeroporto, uma surpresa: o terminal foi fechado. Vamos esperar na van até que o governo venezuelano tome alguma providência. Estamos ilhados”, completou Nunes.
“Desembarcamos em Caracas, na Venezuela. Um ônibus nos recepcionou na pista. Não deixaram que passássemos pelo terminal. Colocaram 8 batedores nos acompanhando. Agora estamos a caminho de Ramo Verde, onde está Leopoldo López, há mais de 20 dias em greve de fome por sua prisão arbitrária. Mais tarde volto com outras informações sobre a nossa comissão externa de senadores em apoio aos presos políticos na Venezuela”, disse mais cedo o senador Ronaldo Caiado.
“Não conseguimos sair do aeroporto. Sitiaram o nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo. Estou tentando contato com o presidente Renan. Filmei o apedrejamento que fizeram contra nosso ônibus, mas o sinal de internet é ruim. O embaixador do Brasil na Venezuela nos recebeu no aeroporto e foi embora. Agora estamos sendo agredidos e não tem representante do governo”, relatou o político democrata.
“O embaixador do Brasil na Venezuela [Rui Pereira] nos recebeu no aeroporto e foi embora. Agora estamos sendo agredidos e não tem representante do governo”, afirmou Caiado.
“Todos os caminhos estão bloqueados. Um bloqueio que parece ter sido preparado por antecipação, para evitar que tivéssemos acesso ao presídio. Mas viemos manifestar nosso apoio à democracia venezuelana. Não é possível prender alguém por manifestar sua opinião contrária a um governo”, falou o senador José Agripino (DEM-RN).
Para o senador Aécio Neves, trata-se de uma 'agressão' ao Congresso Nacional. Ele disse que o presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) cobrará um posicionamento da presidente Dilma Rousseff sobre o tema.
Em fevereiro passado, a Casa aprovou um requerimento do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), quem propôs a criação de uma comissão para avaliar a situação política na Venezuela. Na época, alguns parlamentares acusaram o governo brasileiro de 'omisso' e negligente'.
Naquele mesmo mês, uma comitiva da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) – formada por chanceleres do Brasil, da Colômbia e do Equador – esteve em Caracas para conversar com autoridades venezuelanas sobre a situação política e econômica. Na verdade, tentou-se dar um calaboca a que exigia uma postura austera por parte do bloco em relação à detenção arbitrária de Ledezma, acusado de participar de um suposto e desacreditado plano de derrubar o presidente Nicolás Maduro. Note-se que eles não estiveram com qualquer dos detentos.
No início do ano, os ex-presidentes Andrés Pastrana (Colômbia), Felipe Calderón (México) e Sebastian Piñera (Chile), em visita a Caracas, foram impedidos de visitar Leopoldo López na cela. Tudo isso só reforça a ditadura que rege o país vizinho, cuja cumplicidade é evidenciada pelos demais do continente, por se omitirem sobre o assunto ou tratá-lo como uma questão interna.
“A agressão aos parlamentares brasileiros é uma agressão ao Brasil e aos princípios que ensejaram a visita dos senadores a Caracas – de solidariedade, de defesa da democracia e do Estado de Direito. Tão grave quanto essas agressões seria a omissão do governo brasileiro nessa questão, sob pena de ser cúmplice desse gravíssimo ato de desrespeito aos representantes brasileiros e conivente com os atentados que lá se cometem contra a liberdade de expressão e os direitos humanos. O mínimo que se espera é uma manifestação de repúdio por parte do Itamaraty”, expressou o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Câmara dos Deputados aprova moção de repúdio ao protesto contra os senadores
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quinta-feira (18), uma moção de repúdio ao protesto enfrentado pela comitiva.
“Esse Parlamento dá uma demonstração clara de repúdio contra agressões sofridas por brasileiros na Venezuela”, destacou o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ) criticou a aprovação da moção, ao alegar que as informações sobre o incidente em Caracas seriam insuficientes. “Por enquanto, só tenho o relato de vossa excelência [Eduardo Cunha (PMDB-RJ)] e o twitter do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), com todo o respeito que tenho por ele e sabendo de suas posições ideológicas, que são claras”, justificou.
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a moção não representa nenhuma afronta ao governo venezuelano: “Essa moção do Parlamento está enxuta, não acusa governos e fala do devido respeito a uma comitiva parlamentar”.
O deputado federal Celso Russomano (PRB-SP) recordou que a Venezuela, ao entrar no Mercado Comum do Sul (Mercosul), concordou com as regras da entidade, entre elas a de que a democracia nos países-membros seja fiscalizada pelos demais, em alusão ao Protocolo de Ushuaia.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi acionado pela presidente Dilma Rousseff a tentar resolver o impasse.
Leia também:
O que a esquerda brasileira não consegue entender sobre o incidente na Venezuela envolvendo senadores
Após apedrejamento, protesto e bloqueios no trânsito da Venezuela, comitiva de senadores retorna ao Brasil
Câmara dos Deputados aprova moção de repúdio ao protesto contra os senadores
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quinta-feira (18), uma moção de repúdio ao protesto enfrentado pela comitiva.
“Esse Parlamento dá uma demonstração clara de repúdio contra agressões sofridas por brasileiros na Venezuela”, destacou o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ) criticou a aprovação da moção, ao alegar que as informações sobre o incidente em Caracas seriam insuficientes. “Por enquanto, só tenho o relato de vossa excelência [Eduardo Cunha (PMDB-RJ)] e o twitter do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), com todo o respeito que tenho por ele e sabendo de suas posições ideológicas, que são claras”, justificou.
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a moção não representa nenhuma afronta ao governo venezuelano: “Essa moção do Parlamento está enxuta, não acusa governos e fala do devido respeito a uma comitiva parlamentar”.
O deputado federal Celso Russomano (PRB-SP) recordou que a Venezuela, ao entrar no Mercado Comum do Sul (Mercosul), concordou com as regras da entidade, entre elas a de que a democracia nos países-membros seja fiscalizada pelos demais, em alusão ao Protocolo de Ushuaia.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi acionado pela presidente Dilma Rousseff a tentar resolver o impasse.
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