Sábado, 22 de agosto de 2015 Presidente da Câmara é denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva Mais gente na rua contra...
Sábado, 22 de agosto de 2015
Presidente da Câmara é denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva
Mais gente na rua contra Dilma do que a favor
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Em São Paulo |
O PT foi muito além, ao declarar que haviam no total 200 mil manifestantes às ruas para defender sua militante, sendo 100 mil só em São Paulo e mais 50 mil no Rio de Janeiro. Fez questão de enfatizar a adesão no Nordeste. Em Fortaleza, no Ceará, afirmou que eram 20 mil.
Note-se que os manifestos pró-Dilma contaram com a adesão de mais de 30 entidades, entre elas: os partidos Socialismo e Liberdade (Psol), Comunista do Brasil (PCdoB), Democrático Trabalhista (PDT), os movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o dos Trabalhadores sem Teto (MTST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), além do próprio PT, de sindicatos e movimentos sociais. Já os protestos pelo impeachment não contaram com o apoio nem a infraestrutura de partidos políticos nem de movimentos sociais e sindicais.
Como pode Rousseff, que se reelegeu no ano passado com mais de 54 milhões de votos, ter um número tão pequeno de eleitores para defender a continuidade do seu mandato??? Das duas, uma: ou ela está desacreditada ou as entidades que querem protegê-la. Talvez ambas, já que esses autointitulados movimentos são extensões do petismo. Na prática significa que tem mais gente disposta a tirá-la do poder do que para que continue nele. Desta vez não houve registros públicos de sanduíche de mortadela. Será que isso fez alguma diferença???
Tudo isso deveria ser motivo suficiente para que Dilma ficasse ‘bolada’, no sentido literal da coisa. Pois, mesmo que a quantidade de brasileiros às ruas contra ela, neste mês de agosto, tenha sido um pouco menor – se comparado com março deste ano que teve mais de um milhão –, ainda assim conseguiu superar os eventos programados por seus simpatizantes.
Mas, ao que parece, o PT tirou uma lição com o fracasso: a de que um protesto de trabalhadores deve ocorrer aos sábados e domingos, e não nos outros dias quando os trabalhadores estão trabalhando. “Cabe destacar que teremos que avançar para que as próximas manifestações se realizem nos finais de semana. É esse o desejo de grande parte dos participantes, bem como de muitos que, por variadas razões, não puderam comparecer”, enfatizou o vice-presidente da legenda, Alberto Cantalice.
Imagem: Fábio Pozzebom / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Em Brasília, manifestante pedia por moradia |
O PT fez a ridícula observação de que também houve ato em apoio a Rousseff em Campina Grande, na Paraíba, como se fosse algo de outro mundo, pelo simples fato de ser a cidade natal do senador Cássio Cunha (PSDB), quem também pede sua deposição. Só esqueceu de mencionar que em Garanhuns, Pernambuco, terra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um grupo de moradores promoveu protesto contra ele e Dilma, no dia 16 deste mês. Em cartaz, os nordestinos diziam: ‘Garanhuns pede desculpas ao Brasil pelo filho corruPTo (sic). Lula na cadeia’.
Eduardo Cunha é denunciado no STF
Os socialistas comemoraram a denúncia contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), protocolada pelo procurador-geral Rodrigo Janot junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (20). O parlamentar é investigado por suposto recebimento de propinas no valor de US$ 5 milhões para não interferir nem melar contratos da Petrobras com o estaleiro Samsung para a construção de navios-sonda, entre 2006 e 2012, segundo relatos do lobista Júlio Camargo à Justiça do Paraná, que centraliza as investigações da Lava-Jato. Nos autos do processo da delação feita pelo empresário constam que o suborno combinado seria de US$ 40 milhões, sendo que em dado momento deixou de ser pago. Na denúncia por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, que ainda precisa ser aceita pelo STF, consta que o ‘branqueamento’ do dinheiro se dava por meio de notas fiscais frias e falsas doações feitas à Igreja Assembleia de Deus na qual frequenta, além de transferências bancárias em ‘offshore’ e empresas de fachada no exterior. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu uma indenização de US$ 80 milhões (na cotação atual, algo em torno de R$ 276 milhões) relativos aos saques e por reparação de danos à administração pública e à Petrobras. Ele terá o prazo de 15 dias para se defender.
Cunha voltou a dizer que era ‘inocente’, contudo, desta vez foi mais sutil em suas palavras, ao falar que seria parte de um suposto plano entre o Planalto e o fiscal da República para vinculá-lo ao caso de corrupção na estatal. Seguem alguns trechos de sua nota:
“(...) Como eu já disse anteriormente, fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado, e ainda, figurando como o primeiro da lista. Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos à comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do Procurador, na tentativa de calar e retaliar a minha atuação política.
Respeito o Ministério Público Federal, como a todas as instituições, mas não se pode confundir trabalho sério com trabalho de exceção, no meu caso, feito pelo Procurador Geral. E, ainda, soa muito estranho uma denúncia divulgada às vésperas de manifestações vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, que tem, dentre seus objetivos, o de me atacar.
Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado.
A evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobrás (...)”, expressou o peemedebista.
Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
No Rio de Janeiro, por mais educação e pelo bom uso da gramática |
O Psol só esperou a confirmação da entrega da denúncia pela PGR, para utilizar com legitimidade tal questão e instar que Cunha deixe a presidência da Câmara. Um abaixo-assinado que circula na Casa conta com o apoio de deputados de nove partidos como PT e o Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), por exemplo.
Em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suposta roubalheira na Petrobras, o deputado federal Ivan Valente (Psol-RJ) criticou a suposta blindagem a Júlio Camargo e a Solange Almeida. Pois, embora tenham sido acusados formalmente e a Comissão instalada há quatro meses, nenhum dos dois foi convocado para prestar os devidos esclarecimentos.
“Porque não convocamos o Júlio Camargo, que é exatamente o delator que denuncia Eduardo Cunha? Ele já falou pra PGR, para o juiz Moro, mas não é convocado pela CPI por conta da blindagem. Já são mais de quatro meses de blindagem. A ex-deputada Solange Almeida também está no centro dos acontecimentos e implica diretamente o presidente da Câmara. Mas esses não são convocados”, indagou o psolista.
“É uma desmoralização para a CPI continuar do jeito que está. Já estamos na terceira semana de agosto e só ouvimos pessoas que são do terceiro escalão de importância nas investigações do escândalo da Petrobras. Não conseguimos trazer aqui quem interessa, quem tem o que dizer, quem pode esclarecer os grandes escândalos que envolvem a estatal”, continuou o deputado Ivan Valente.
Questionado em coletiva de imprensa se pretendia deixar o cargo, Cunha disse que não. “Eu tenho mandato, pelo qual eu fui eleito, e vou continuar exercendo até o último dia. Isso (a denúncia) independe. A Câmara tem as suas decisões pela sua maioria de todas as pautas. O presidente não é dono da Câmara, e sequer consegue ser dono da pauta”, comentou ao reafirmar que o PMDB deveria romper com o PT.
Marketing petista
Ao longo de toda esta semana, o Partido dos Trabalhadores fez o que sabe de melhor: investir em marketing. Acha que algumas peças publicitárias na internet e na TV poderiam reverter o cenário de descontentamento popular fomentado por escândalos de corrupção como o Mensalão e o Petrolão, por exemplo. O spot mais interessante (vídeo) até o momento, na visão de OPINÓLOGO, é o que afirma que qualquer governo ou partido comete erros. Porém, não diz quais. Se não os menciona, então, não os assume.
Vídeo: PT / Youtube / Reprodução
Outra coisa é certa: as ações do PT para tentar reverter o quadro negativo não têm funcionado perante eleitores da oposição. Somente alimenta o apoio de quem já é de esquerda e ainda vive uma espécie de ‘guerra fria’ tupiniquim: a de ricos contra pobres. O tal conflito imaginário entre a ‘elite branca’ e o povo, como se essa ‘elite’ não fizesse parte do povo.
Outro material postado pelo partido nas redes sociais, nesta semana, tenta criar pânico ao apelar para a Ditadura Militar no Brasil. Disse que o golpe que durou 21 anos foi consequência de uma grave crise política. E o Brasil vive uma com vieses político, econômico e moral. 1) político: devido aos protestos pelo impeachment de Rousseff e à relação conflituosa entre o Executivo e o Legislativo; 2) econômico: provocado pelas ‘pedaladas fiscais’ do governo no mandato passado, o que obrigou a tentar adotar uma política de ajustes fiscais, ademais dos constantes aumentos na conta de energia elétrica, por exemplo; 3) moral: o PT, o partido que está no poder há 13 anos, é alvo de pelo menos dois grandes escândalos de corrupção: o Mensalão e o Petrolão; e o PMDB, partido que compartilha desse poder há cinco anos, desde a primeira gestão de Rousseff, é citado nas investigações da Lava-Jato como um dos supostos beneficiados.
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