Segunda-feira, 24 de agosto de 2015 Ex vice-presidente está presa, acusada dos mesmos crimes Imagem: Wikipédia / Reprodução / Cre...
Segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Ex vice-presidente está presa, acusada dos mesmos crimes
Imagem: Wikipédia / Reprodução /
Creative Commons
Creative Commons
Ao longo do dia, acreditava-se que ele pudesse informar a sua saída. O comunicado à nação estava previsto para ocorrer às 18h locais. Depois, foi adiado para as 21h locais, e então 21h30. Desde o início da tarde desse domingo (23), milhares de guatemaltecos se concentravam em protesto em frente à sede da presidência, para exigir a saída do chefe de Estado. Ele tem enfrentado manifestações há quatro meses.
Em rede nacional de rádio e TV (vídeo), Pérez Molina pediu ‘perdão’ e rejeitou as acusações. “Declaro que rechaço categoricamente a mesma e de ter recebido dinheiro dessa operação aduaneira (...); estou com minha cabeça tranquila”, expressou, ao sustentar que enfrentaria os processos que pesam sobre ele e assumiria as responsabilidades. Também manifestou haver um suposto ‘motim’ de servidores públicos e autoridades ‘inescrupulosas’ para vinculá-lo ao caso.
Em rede nacional de rádio e TV (vídeo), Pérez Molina pediu ‘perdão’ e rejeitou as acusações. “Declaro que rechaço categoricamente a mesma e de ter recebido dinheiro dessa operação aduaneira (...); estou com minha cabeça tranquila”, expressou, ao sustentar que enfrentaria os processos que pesam sobre ele e assumiria as responsabilidades. Também manifestou haver um suposto ‘motim’ de servidores públicos e autoridades ‘inescrupulosas’ para vinculá-lo ao caso.
Vídeo: Gobierno de Guatemala / YouTube / Reprodução
Investigações do Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig) – vinculada às Nações Unidas – apontaram que o mandatário, supostamente, seria ligado a uma extensa rede de corrupção e contrabando na aduana do país. Importadores que queriam pagar menos taxas na compra de produtos vindos do exterior, ligavam para um determinado número para negociar pagamentos menores aos cobrados pela Superintendência de Administração Tributária (SAT), a Receita Federal de lá. Os produtos entravam como contrabando, já que não eram declarados aos órgãos competentes. Estima-se que pelo menos 500 contêineres teriam entrado de forma ilegal. O caso ficou conhecido como ‘La Línea’ (em português: A Linha), em alusão à linha telefônica.
Investigações do Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig) – vinculada às Nações Unidas – apontaram que o mandatário, supostamente, seria ligado a uma extensa rede de corrupção e contrabando na aduana do país. Importadores que queriam pagar menos taxas na compra de produtos vindos do exterior, ligavam para um determinado número para negociar pagamentos menores aos cobrados pela Superintendência de Administração Tributária (SAT), a Receita Federal de lá. Os produtos entravam como contrabando, já que não eram declarados aos órgãos competentes. Estima-se que pelo menos 500 contêineres teriam entrado de forma ilegal. O caso ficou conhecido como ‘La Línea’ (em português: A Linha), em alusão à linha telefônica.
As investigações começaram em maio de 2014 durante a atuação da Cicig, cujo mandato vigora até 2017. O processo contra a suposta rede de corrupção tem 650 mil páginas e 175 mil documentos anexados. Contém 88.920 escutas telefônicas interceptadas e 5.906 mensagens de e-mail. 22 empresas foram denunciadas, segundo o portal local ‘Emissoras Unidas’.
Os investigadores atribuíram o codinome ‘o Um’ ao presidente Otto Pérez, enquanto que a ex vice-presidente Roxana Baldetti seria apelida pela quadrilha de ‘a Dois’. Ela foi presa na última sexta-feira (21), enquanto estava internada em uma clínica psiquiátrica, informou o site ‘Siglo 21’. Baldetti havia renunciado ao posto em maio deste ano por conta da proporção que o escândalo tomou perante a população. Ambos são acusados de corrupção passiva e associação ilícita.
Um dos acusados, o ex-secretário privado da Vice-Presidência Juan Carlos Monzón está foragido desde o último dia 16 de abril, quando o caso veio a público. Desde então, teria fugido para Espanha, Colômbia, El Salvador e, atualmente, Honduras, para evitar ser capturado. Na época, ele estava em viagem oficial com Baldetti na Coreia do Sul. Ao saber que era réu na ação, não retornou à Guatemala. Monzón é um dos fundadores do Partido Patriota (PP), que elegeu Pérez Molina, de acordo com o portal ‘Prensa Libre’.
Mais cedo, os ministros da Economia, Sergio de la Torre, e da Educação, Cynthia del Águila, e o assessor especial da Presidência para a Competitividade, Juan Carlos Paiz, se demitiram. Esta noite foi a vez do ministro de Saúde Pública e Assistência Social, Luis Enrique Monterroso, a repetir o feito de seus homólogos, ao comunicar verbalmente ao mandatário e em redes sociais (abaixo). Isso significa perda de apoio político.
Imagem: Twitter / Reprodução
Ministro presenta la renuncia verbal del puesto de Ministro de la cartera de Salud. 2/7
— MSPAS Guatemala (@saludguatemala) 24 agosto 2015
“O ministro apresenta a renúncia verbal do posto de ministro da pasta de Saúde”, informou o Ministério de Saúde e Assistência Social.
Na última sexta-feira (21), o Comitê Coordenador de Associações Agrícolas, Comerciais, Industriais e Financeiras (Cacif) havia instado a saída do líder estatal: “(...) Em nome da governabilidade e da transparência e com o afã de fortalecer a democracia e preservar a institucionalidade, demandamos a Otto Pérez Molina sua imediata renúncia ao cargo de presidente da República”. O comunicado foi justificado diante das evidências apontadas pelo Ministério Público e pela Cicig, ‘o que compromete gravemente a sua situação e posição à frente do Executivo e a fazem certamente insustentável’.
“Ao Congresso da República exigimos que tome medidas específicas e concretas que assegurem a transparência e o fortalecimento da democracia para colocar fim a uma estrutura de clientelismo, corrupção e controle patrimonial do Estado”, continuou comitê empresarial.
Há pouco, o Cacif acusou o presidente Pérez de tentar distrair a população com seu pronunciamento e rechaçou a existência de um plano para derrubá-lo. Comentou que ‘as provas falam por si só’.
Há pouco, o Cacif acusou o presidente Pérez de tentar distrair a população com seu pronunciamento e rechaçou a existência de um plano para derrubá-lo. Comentou que ‘as provas falam por si só’.
No próximo dia 6 de setembro, a população votará para presidente e vice-presidente e deputados. A insistência de Pérez Molina acontece faltando menos de um mês para o aniversário de 194 anos de independência, no dia 15 do mês que vem.
Outro escândalo
Em maio passado, o Ministério Público e a Cicig deflagraram outro caso de corrupção: desta vez, envolvendo funcionários ligados à presidência que, supostamente, recebiam propina de 15% de um contrato firmado entre o Instituto Guatemalteco de Seguridade Social (IGSS) – a previdência social de lá – e a empresa farmacêutica mexicana Pisa. A empresa prestava serviço de diálise a pacientes com insuficiência renal. O valor do contrato era de 116 milhões de quetzais, a moeda local, o equivalente a R$ 53 milhões na cotação atual.
Breve análise
A renúncia do líder guatemalteco poderia ser um breve indício de vitória da América Latina no combate à corrupção, tendo em vista que vários governos da região – Brasil, Argentina, Venezuela e Honduras, por exemplo – estão tomados por denúncias desse tipo.
Note-se que desde abril deste 2015, quando o caso ‘La Línea’ se tornou público, não se viu nenhum governo de esquerda defender Pérez Molina e acusar políticos de direita de tentar derrubar governos ‘progressistas’. Isso se deve ao simples fato de o guatemalteco não pertencer à patota simpatizante do bolivarianismo.
No Brasil, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff e seu Partido dos Trabalhadores (PT) enfrentam uma grave crise política, por conta do suposto envolvimento da legenda no Mensalão e no Petrolão, por exemplo. Desde março passado, eleitores oposicionistas exigem seu impeachment. Aliás, instam sua saída desde que ela foi reeleita em outubro passado. No domingo passado (16), 700 mil pessoas em mais de 200 cidades protestaram para pedir sua deposição.
A diferença da crise enfrentada por Dilma Rousseff, em relação a Pérez Molina, é que não pesa sobre ela qualquer acusação de corrupção.
Breve resumo sobre Pérez Molina
Otto Pérez é um general reformado e tem 64 anos. Seu mandato teve início em 2012 com duração de quatro anos. É o primeiro militar eleito democraticamente após o fim da ditadura, encerrada em 1985.
Na eleição presidencial de 2007, ficou em segundo lugar. O feito o tornou o principal líder da oposição. Em 2004, por exemplo, foi eleito deputado.
Em 1983, o Exército da Guatemala, por meio de Perez Molina, retirou o então presidente Jorge Serrano Elías do cargo após ter proclamado um autogolpe para tomar o poder.
Dez anos mais tarde, em 1993, Molina foi eleito como um dos 10 líderes mais influentes do país pela Câmara de Empresa, equivalente a uma associação empresarial.
Leia também:
Guatemala: presidente Otto Pérez Molina renuncia
Guatemala: Mc Donald's e Domino's apoiam impeachment de presidente
Leia também:
Guatemala: presidente Otto Pérez Molina renuncia
Guatemala: Mc Donald's e Domino's apoiam impeachment de presidente
COMMENTS