Domingo, 16 de agosto de 2015 Ministro se estendeu à deposição de Fernando Lugo, no Paraguai, em 2012 Imagem: Orlando Kissner / Rep...
Domingo, 16 de agosto de 2015
Ministro se estendeu à deposição de Fernando Lugo, no Paraguai, em 2012
Imagem: Orlando Kissner / Reprodução
Copiada do site Fotos Públicas
'Liberdade, igualdade, fraternidade e... fora PT'. Valores iluministas sendo adaptados à realidade tupiniquim em ato no Paraná |
“Em outubro de 2014, o povo brasileiro consagrou a vitória da presidente Dilma Rousseff com mais de 54 milhões de votos. A eleição terminou, mas setores derrotados teimam em não aceitar o resultado, e mantêm um clima de agressiva disputa política. Esses segmentos conservadores tentam, de todas as formas, desestabilizar o governo. Semeiam ódio e intolerância.
Conspiram abertamente. Jogam bombas e armam pautas-bomba. Atentam contra a democracia. Querem promover um ‘golpe institucional’, como o impetrado em Honduras, em 2009, e no Paraguai, em 2012 – sem o arbítrio militar, mas espezinhando a Constituição e as leis (...)”, declarou.
O ministro faz uma confusão política e histórica sobre os eventos. Em Honduras, Zelaya foi deposto por tentar transgredir a Constituição de seu país. Apesar da proibição da Justiça, tentou promover uma consulta popular para aprovar sua reeleição, algo proibido por lá. O golpe militar se deveu à sua forte inclinação com o então ditador venezuelano, Hugo Chávez. Na ocasião, foi deixado numa região fronteiriça com a Costa Rica, mas acabou retornando escondido e buscou asilo político na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
No Paraguai, Lugo foi deposto pelo Congresso num processo que levou uns seis dias. Na época, alegou não ter tido tempo suficiente para defender-se. Os parlamentares foram motivados pelo conflito entre fazendeiros e camponeses que registrou várias mortes. Também tinha estreitos laços com o bufão bolivariano. E para punir o país, Brasil e Argentina, supostamente, tramaram para que fosse expulso do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Desse modo, facilitando a entrada da Venezuela que aguardava o Legislativo paraguaio a votar a favor. Sem este, não havia mais impedimento legal, uma vez que os demais, incluindo o Uruguai, já tinham dito sim.
O caso de Dilma Rousseff é bem mais complexo. O Brasil vive uma crise econômica, que obrigou o governo a promover uma série de ajustes fiscais. Durante a campanha pela reeleição, criou uma espécie de terror para coisas que seus adversários, supostamente, fariam se fossem eleitos, mas que mais tarde ela mesma iria fazer. Entre 2006 e 2010, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobras, durante os governos Lula, aprovou a mal explicada aquisição de uma petrolífera em Pasadena, no Texas, Estados Unidos, por mais de US$ 1 bilhão, quando só valia apenas US$ 42 milhões. A operação Lava-Jato investiga se a campanha da petista, em 2014, recebeu ou não dinheiro da Petrobras.
Parte do descontentamento popular com o Partido dos Trabalhadores (PT) é direcionada a Rousseff. A legenda é citada no Mensalão e no Petrolão, por exemplo.
Protestos contra Dilma Rousseff
Imagem: Direita Pernambuco / Cedida ao OPINÓLOGO
Em Pernambuco, manifestantes instavam por intervenção militar |
Até a publicação desta reportagem, a presidente Dilma Rousseff não havia se manifestado publicamente sobre os eventos.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) – candidato derrotado na última eleição presidencial – compareceu ao ato de hoje (16) em Minas Gerais.
“Vim hoje à Praça da Liberdade, na minha cidade, como cidadão brasileiro participar desse momento extraordinário da vida brasileira. O Brasil despertou. Vivemos hoje em um país cidadão onde as pessoas têm o direito e se julgam até mesmo no dever de participar da construção do seu próprio destino. Venho como cidadão indignado com a corrupção, com a mentira, com a incompetência desse governo, que vem fazendo tão mal aos brasileiros com a inflação saindo de controle, desemprego crescendo em todo país, juros na estratosfera. Essa é a obra de um governo que não priorizou os interesses do país, priorizou os seus próprios interesses e a sua manutenção no poder.
Estou muito feliz de estar aqui hoje, repito, porque hoje temos um Brasil cidadão. As pessoas despertaram, e qualquer que seja o governante vai ter que conviver com esse tipo de cobrança. Não importa o tamanho da manifestação porque a indignação hoje dos brasileiros é enorme, é até mesmo maior do que depois das eleições. Mas o Brasil é mais forte que tudo isso, vamos superar essas dificuldades”, declarou.
“Essa manifestação foi uma vitória e ajuda as forças democráticas do país. Mostra que a sociedade não vai aceitar um acordão palaciano e entre os poderes da República”, afirmou o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), quem participou do evento em São Paulo.
Na última sexta-feira (14), o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) informou que pediria proteção aos manifestantes junto aos ministérios da Justiça e Público e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por conta das ameaças proferidas pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que se tirassem a mandatária do cargo, pegaria em armas e colocaria seu ‘exército’ às ruas para garantir sua permanência no poder. O discurso foi ouvido por Dilma Rousseff, quem sequer deu um pio ou o rechaçou.
Depois da repercussão negativa que deu, Freitas tentou, novamente, se justificar: “Forçaram a barra com isso. Foi uma força de expressão. Nossas armas são a democracia, as paralisações, greve, diálogo, unidade dos trabalhadores. Jogaram uma bomba no Instituto Lula e parece que não aconteceu nada. Pinçaram uma frase minha e fizeram um carnaval, não tem cabimento isso. Estou sofrendo ameaças”.
O Clube Militar, no Rio, criticou as ameaças do sindicalista. “(...) É bom lembrar que o Brasil só tem um Exército, que dispõe legalmente do monopólio da força, em defesa do Estado Brasileiro. Qualquer outro grupo armado que venha às ruas terá de enfrentá-lo.
Cuidado com a língua e com as ameaças, Vagner Freitas. Você terá a oportunidade de esclarecer em juízo o verdadeiro sentido de suas palavras, na ação que será movida a esse respeito”, advertiu o general Gilberto Rodrigues Pimentel, presidente dessa entidade.
Ato pró-Lula
A CUT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), o coletivo Fora do Eixo, sindicatos e movimentos sociais promoveram, também neste domingo (16), um manifesto (foto 3) em frente ao Instituto Lula, em São Paulo. Recentemente, o local – que leva o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – foi alvo de uma bomba caseira, cuja autoria ainda está sendo investigada pela Polícia Federal.
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil /
Reprodução / Creative Commons
Predominou a cor vermelha |
Os participantes gritavam ‘não vai ter golpe’, em referência a um possível impeachment de Rousseff.
Na próxima quinta-feira (20), grupos pró-governo farão um ato em 10 cidades brasileiras. Além de se manifestarem a favor de Dilma Rousseff, mas contra sua política de ajuste fiscal, o farão contra o presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por ter aprovado em plenário projetos como o de redução da maioridade penal, terceirização de mão de obra etc.
Os organizadores dizem marchar pela ‘democracia’, mas parecem ignorar os constantes casos de corrupção. Dizem também que são formados por movimentos de trabalhadores, no entanto, promovem eventos no meio da semana, quando os verdadeiros trabalhadores não podem participar dos atos, apenas representantes de entidades políticas e sociais, várias dessas que recebem algum tipo de apoio, ajuda e/ou financiamento estatal.
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