Sexta-feira, 14 de agosto de 2015 Líder sindical ameaça pegar em arma e colocar seu ‘exército’ nas ruas, se tentarem tirar Dilma Rousse...
Sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Líder sindical ameaça pegar em arma e colocar seu ‘exército’ nas ruas, se tentarem tirar Dilma Rousseff da presidência
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, resolveu culpar os outros por tentarem ‘criminalizar’ sua fala (vídeo), quando ameaçou pegar em arma e a colocar seu ‘exército’ nas ruas para defender o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
“(...) Gostaria de lembrar aos que tentam criminalizar minha fala que, historicamente, os trabalhadores não empunham armas de fogo, eles são, na verdade, as grandes vítimas deste tipo de violência. Não é essa a prática nem a realidade da CUT. Nosso caminho sempre foi o diálogo para resolução de conflitos. Não é isso que queremos para o Brasil. Estamos sempre prontos para o debate, a negociação e a busca de acordos que garantam os direitos da classe trabalhadora. Esse é o nosso papel”, tentou se corrigir o sindicalista, que também afirmou que a instituição seria contra a violência.
Nessa quinta-feira (13/8), durante o evento ‘Diálogo com Movimentos Sociais’, no Palácio do Planalto, com a presença da petista, Vagner Freitas disse o seguinte: “(...) Quero dizer em alto e bom tom que somos defensores da unidade nacional, da construção de um projeto nacional de desenvolvimento para todos e para todas, e que isso implica agora, nesse momento, ir para as ruas entrincheirados, e com arma na mão, se tentarem derrubar a presidenta Dilma Rousseff. Qualquer tentativa de atentado à democracia à senhora e ao presidente Lula, nós seremos o exército que irá enfrentar essa burguesia na rua (...)”.
Vídeo: NBR / Reprodução
O absolutismo petista
Ao incluir Lula, Freitas ignorou que ele não é mais presidente da República, e sim ex. Suas declarações com vasto sentido denotativo e conotativo colocam o Brasil como um país absolutista, de propriedade do PT, ademais de reforçar que os autointitulados movimentos sociais – como a CUT – são, no fundo, movimentos políticos que atuam como infantaria do petismo. Mais do que isso: poderiam ser subentendidas como um suposto convite à iniciação de uma guerra civil.
A direção nacional da CUT, em uma segunda nota postada no site da entidade nesta sexta-feira (14), falou que repudia ‘qualquer tentativa de impeachment da presidente Dilma [Rousseff], eleita democraticamente pela população brasileira’.
“Resistiremos ao golpe junto com os movimentos sociais e com o povo na rua no dia 20 de agosto em defesa dos direitos, da liberdade e da democracia. Faremos das campanhas salariais em curso neste semestre uma trincheira na defesa dos reajustes dos salários dos trabalhadores, dos direitos trabalhistas e contra qualquer tipo de golpe e, se for necessário, paralisaremos o país com a greve geral em defesa da democracia”, convocou a entidade para a manifestação que realizará na quinta-feira que vem. Vale lembrar que a Central Única dos Trabalhadores está com sua moral em baixa ao associar-se ao petismo. Será praticamente impossível lograr uma paralisação nacional. Recentemente, houve uma tentativa de mobilização nacional nesse sentido, mas os trabalhadores, que não se sentem bem representados, não deram ouvidos ao chamado.
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-SP), a declaração do líder sindical foi vista como ‘insanidade’ e uma ‘mostra de que [ele] não está preparado para a democracia’. “Quem incita a violência, como foi feito, não está preparado para o exercício da democracia. As manifestações de rua, quando pacíficas, são essenciais em um regime democrático. Ele [presidente da CUT] é um ponto fora da curva do sistema democrático”, opinou.
“O roteiro é o mesmo: antes das manifestações algum movimento social ligado ao PT (Partido dos Trabalhadores) tenta criar um fato desestabilizador, amedrontar a população. Antes foi Lula e o exército de Stédile. Agora a CUT de armas na mão? Que presunção é essa? Estou encaminhando ofícios ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal e aos demais órgãos competentes pedindo segurança aos manifestantes e uma atenção maior a essa ameaça à democracia. Não vamos nos desmobilizar, domingo é dia de protesto pacífico e assim será”, comentou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
O discurso do sindicalista, que parece ignorar o conceito de democracia e que protestos também fazem parte do processo, só servirá para fomentar brasileiros insatisfeitos a ir às ruas e insistir no impeachment de Dilma Rousseff, no próximo domingo (16/8). O evento acontecerá simultaneamente nas principais cidades do país e é organizado pelos movimentos Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua.
A tese da derrota
Os protestos e panelaços contra a mandatária, ao longo de 2015, só reforçam a tese de que ela ganhou perdendo a eleição de 2014. A primeira grande manifestação ocorreu em março passado.
O primeiro indício veio ainda durante o final da contagem das urnas no segundo turno da eleição presidencial, no ano passado. Ela só havia recebido 51,64% dos votos válidos. O percentual pode ser considerado baixo por tratar-se de uma reeleição. Em 2010, quando foi apresentada por Luiz Inácio Lula da Silva como sua sucessora e que daria continuidade ao seu trabalho, conseguiu 56,05% dos votos válidos. Tais comparações demonstram que a confiança do eleitorado diminuiu.
Dias depois, um segundo sinal: uma petição foi criada no site da Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos (EUA), pedindo uma intervenção contra a sua reeleição e a ‘expansão comunista na América Latina’. Embora tenha sido uma atitude patética, nota-se um certo desespero de quem a criou, a ponto de tentar colocar em xeque a soberania do próprio país. Já era previsto que não daria em nada. E não deu mesmo!!!
Pesquisa feita pelo Ibope, e divulgada em julho último, apontou que a chefe de Estado só tinha 9% de aprovação, sendo rejeitada por 68%. Em abril, o índice de aprovação era um pouco maior: 12%.
No mês passado, por exemplo, o presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou seu rompimento político com o governo, o qual ele acusa de tramar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para vinculá-lo ao Petrolão. Em delação à Justiça, o presidente da empresa Toyo Setal Júlio Camargo declarou que o parlamentar teria lhe pedido US$ 10 milhões em propina para a concretização de um contrato de navios-sonda com a Petrobras. Na ocasião, o Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) disse que se tratava de uma ‘posição pessoal’ do parlamentar, e que ele não falava em nome da legenda.
Atualmente, Cunha é a principal ‘dor de cabeça’ do governo de Dilma Rousseff. Alguns meios de comunicação chegaram a publicar que o país vivia uma espécie de parlamentarismo não oficial, já algumas propostas do governo foram derrotadas na Câmara, entre elas a do financiamento empresarial em campanhas e a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em primeira votação.
Artigo 86 da Constituição
Eduardo Cunha pode ser o parlamentar adequado para levar ao plenário projetos de impeachment de Dilma Rousseff por supostos crimes de responsabilidade. Caso decida seguir adiante, que seja pelos motivos certos, não os errados. Não deve agir por razões pessoais, isto é, motivado pelo sentimento de vingança por estar sendo investigado na Operação Lava-Jato. Ao menos é essa a impressão que se tem. Isso poderia colocar por terra todo o processo. Desde o início deste ano, vários pedidos de deposição da presidente foram apresentados na Câmara. Não se soube de qualquer ação do deputado a respeito de dar prosseguimento, exceto quando a coisa parecia se complicar para o seu lado. Desde que assumiu a presidência do Legislativo, tem se mostrado mais da oposição do que a própria oposição.
No entanto, ele não é o mais apropriado para assumir o governo. Para começar, sua investigação no Petrolão seria paralisada, tendo em vista que um presidente da República adquire imunidade durante sua gestão por crimes não cometidos em razão do cargo, conforme Artigo 86 da Constituição Federal.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também é investigado por, supostamente, ter recebido dinheiro do supracitado esquema, com base na delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em março passado, o peemedebista cogitou criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério Público, que o investiga. Se assumisse o governo, também seria favorecido pelo Artigo 86.
Aliás, o PMDB não seria o mais indicado para assumir a presidência da República em caso da saída da petista. A legenda, que tem Michel Temer como vice-presidente, nunca rompeu de fato com o governo. Portanto, não é vítima, e sim cúmplice do ‘modus operandi’ do PT. Deveria tê-lo feito logo após o Mensalão, contudo, o partido optou ficar no poder pelo poder. Na operação Lava-Jato, a legenda aparece como uma das supostas beneficiadas, assim como os partidos Progressista (PP) e o dos Trabalhadores (PT). Ao colocar o PMDB contra a parede, Eduardo Cunha fez o que seu partido não teve coragem.
Só para deixar claro: não existe nada contra o PMDB por parte deste site nem de seu jornalista. A opinião aqui firmada é, na verdade, um apanhado dos fatos que não podem ser omitidos nem esquecidos.
A ferrenha oposição de Cunha a Dilma Rousseff está servindo para alguns propósitos: 1) tentar criar um certo distanciamento de seu nome a qualquer coisa envolvendo corrupção; 2) transformar-se junto com o PMDB nos libertadores da pátria; 3) o parlamentar é a principal arma de políticos de oposição contra o governo.
Impeachment
Talvez seja ousadia dizer que não seria interessante ao PMDB que Dilma fosse deposta agora, ou ao menos durante os dois anos iniciais de sua nova administração. Porque seria preciso convocar novas eleições. Se isso ocorresse durante os dois anos finais, o sucessor assumiria até o término do mandato, em 2018. Enquanto nada acontece, resta levar o tema em ‘banho-Maria’ para 2016. Publicamente, a legenda mostra-se ao lado da mandatária.
Para os que pensam que se Rousseff cai, Lula entra – ao candidatar-se outra vez –, estão enganados. A queda dela enfraquece sua ascensão. Afinal, foi ele quem a apresentou como sua sucessora. Sua ameaça potencial de concorrer sempre será mais útil ao partido, porque alimenta um certo medo na oposição, além de influenciar na escolha de novos candidatos. Se perdesse, colocaria por terra todo o mito do eterno vencedor.
'A culpa é da estrela'
O PT, ao opor-se ao ajuste fiscal proposto por sua militante Dilma Rousseff tenta tangenciar-se da culpa que o cabe e que tem reforçado o descontentamento popular com o atual governo. Embora o país viva uma crise econômica, a governante tem recebido toda a carga negativa que seu partido criou contra si mesmo por conta dos escândalos de corrupção. A simples retração econômica do país talvez fosse compreendida, se não fosse o combo de supostas irresponsabilidades, mentiras ditas durante a última campanha, as novas burocracias na obtenção de direitos trabalhistas, a autorização de compra de uma refinaria em Pasadena, no EUA, e por aí vai...
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