Terça-feira, 08 de março de 2016 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu mensagens de apoio dos presidentes da Venezuela, Nic...
Terça-feira, 08 de março de 2016
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu mensagens de apoio dos presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, e dos ex-presidentes de Honduras, Jose Manuel Zelaya, e do Paraguai, Fernando Lugo. Na última sexta-feira (4/3), o político petista foi conduzido coercitivamente a depor à Polícia Federal na 24ª fase da operação Lava-Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras.
“Lula, o caminho tem sido longo e não puderam contigo. Deste ataque miserável, sairá mais forte. Venezuela te abraça”, postou Maduro em seu perfil no twitter. A Venezuela vive uma crise com vieses econômico, político e moral. A inflação oficial de 2015, informada pelo Banco Central, é de 141,5%. No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), pode ser muito maior. A entidade internacional alerta para a possibilidade de chegar a 720% em 2016. O país sofre escassez de 80% dos alimentos da cesta básica e 90% em medicamentos, segundo o presidente da Comissão Permanente de Relações Exteriores, deputado Luis Florido, em recente visita ao Congresso brasileiro.
“Nossa solidariedade ao companheiro Lula, que nesta manhã foi detido no Brasil. Nossa saudação revolucionária a esse companheiro. A luta segue, não nos rendemos”, expressou Evo Morales, quem está com a popularidade em baixa por conta de supostos casos de corrupção em seu governo. No mês passado, em consulta popular, os bolivianos disseram ‘não’ a um quarto mandato. Morales, que tentava passar por cima da Constituição com legitimação popular, pretendia candidatar-se novamente em 2019 para um mandato entre 2020 e 2025.
“(...) O abuso de força pública na administração da justiça é uma arma de perseguição política, intimidação e estigmatização contra Lula. Esta prática, cada dia mais comum, constitui uma ameaça concreta contra a democracia, a cidadania e a imparcialidade e a transparência judicial (...)”, criticou Zelaya, que é presidente do partido Liberdade e Refundação (Libre). O ex-mandatário foi deposto da presidência em 2009 no que foi qualificado como um golpe militar. Apesar de negado pelas autoridades judiciais, ele tentou fazer uma consulta popular para saber se os eleitores aprovariam sua reeleição. A Constituição não permite reeleição em hipótese alguma, quer seja por mandato consecutivo ou intercalado. Vale frisar que Zelaya colocou o Brasil, então governado por Lula, a um vexame internacional: ele se asilou na embaixada brasileira em Tegucigalpa junto a familiares e militantes. Os serviços de luz, água e telefonia, por exemplo, foram cortados na tentativa de forçá-lo a sair. Depois de uma mediação da embaixada norte-americana, que ficava bem próxima, a sede diplomática passou a receber água e comida por parte da Cruz Vermelha. Contudo, a turma de Zelaya não compartilhava a alimentação com os representantes da diplomacia sul-americana.
“O Brasil para todos e todas tem nome e sobrenome: Lula da Silva. Abraço para ele e para seu povo”; “A perseguição a Lula no Brasil nos recorda muito bem o que fizeram com o processo de mudança política no Paraguai. Dejavu?”, escreveu o ex-presidente e atual senador Fernando Lugo. Ele foi deposto da presidência em 2012 pelo Congresso por conta de um conflito entre camponeses e fazendeiros e que resultou em mortes.
A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) não se posicionou oficialmente sobre o caso. Porém, seu presidente, Ernesto Samper, sim, em sua conta pessoal no twitter: “Minha solidariedade pessoal com o ex-presidente Lula, submetido a um linchamento midiático que afeta o seu direito de presunção de inocência”.
O governo cubano – beneficiado pelo programa ‘Mais Médicos’ e por um obscuro empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do Porto de Mariel –, por meio do Ministério de Relações Exteriores, divulgou nota, criticando os últimos acontecimentos no país.
“(...) A indigna manipulação de luta contra a corrupção tem o propósito de desacreditar e criminalizar um líder emblemático de nossa América, desqualificar a uma das organizações políticas mais combativas da região, derrocar ao governo legítimo da presidente Dilma Rousseff e liquidar o processo progressista da região(...)”, criticou a chancelaria.
O Foro de São Paulo, grupo que reúne partidos de esquerda da América Latina, também se manifestou sobre a condução coercitiva de Lula: “(...) Frente aos atropelos e vexames contra o ex-presidente Lula, o PT (Partido dos Trabalhadores), o Instituto Lula e outras entidades e pessoas do campo popular de esquerda e progressista brasileiro, expressamos nossa indignação e condena, a tempo de reiterar nosso conhecimento e admiração à figura e obra do amigo Luiz Inácio Lula da Silva, exemplo brasileiro e continental de líder político e estadista de dimensão mundial (...)”, disse um trecho da nota assinada pelo coordenador nacional do bloco comunista na República Dominicana, Jose E. Oviedo.
Partidos de esquerda da América Latina, integrantes do Foro de São Paulo, também divulgaram nota de solidariedade ao ex-presidente petista, entre eles o Partido Frente Grande e o Movimento Evita, ambos argentinos. Este último é um braço político do Partido Justicialista, o da ex-presidente argentina Cristina Kirchner.
“Lamentavelmente, os embates midiáticos, as perseguições judiciais e as desestabilizações econômicas continuarão contra os líderes populares de nossa América Latina. Temos visto isso na Venezuela, Bolívia, Equador, Honduras, Paraguai. Padecemos também na Argentina, e isso também está acontecendo no Brasil”, manifestou o Partido Frente Grande, que parece ignorar os supostos indícios de corrupção em várias das nações mencionadas, a crise que o socialismo acarretou para a economia, o cerceamento à liberdade de expressão e de imprensa, entre tantas coisas.
“O Movimento Evita repudia a arbitrária e injustificada detenção do ex-presidente Lula da Silva, expressa sua solidariedade com o ex-mandatário e seu apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e aos companheiros e companheiras do PT (Partido dos Trabalhadores). Os fatos ocorridos constituem uma afronta à vontade popular e um atentado à democracia do país irmão que se inscrevem como um novo capítulo na história dos golpes brandos que vêm acontecendo contra os governos populares e/ou de esquerda da região”, declarou o Movimento Evita, que também afirmou que os meios de comunicação e a justiça estariam a serviço de setores de direita e apoiados pelos Estados Unidos. É preciso deixar claro que Lula não foi detido. Foi intimado a depor. Simplesmente isso. Ademais, o incidente com o petista não se caracteriza golpe, porque ele não é mais presidente do Brasil.
Os investigadores da Lava-Jato apuram se Lula foi ou não beneficiado no esquema de corrupção da Petrobras com a participação de empreiteiras. Sua condução coercitiva poderá servir de combustível para os protestos anti-Dilma que ocorrerão no próximo domingo (13) nas principais regiões do país.
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