Segunda-feira, 07 de março de 2016 Informação atualizada em 07/03/2016, às 23h06 Canibalismo Socialistas simpatizantes ao petismo d...
Segunda-feira, 07 de março de 2016
Informação atualizada em 07/03/2016, às 23h06
Informação atualizada em 07/03/2016, às 23h06
Canibalismo
Socialistas simpatizantes ao petismo dizem que pedir o impeachment de Dilma Rousseff é golpe por parte dos que não aceitam a democracia do voto. E repetem que a intenção de certos partidos de oposição é a de privatizar a Petrobras e/ou de ‘entregá-la’ aos americanos. Talvez estejam certos, talvez não. Mas, esses partidos contrários não teriam sustentação legal, se não houvessem, de fato, fortes indícios para suspeitar que a campanha presidencial petista de 2014 recebeu dinheiro de empreiteiras envolvidas na operação Lava-Jato, que investiga a roubalheira na estatal. Uma das linhas de investigação da referida operação e por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é verificar se tais doações foram ou não de dinheiro desviado da Petrobras. Esses tais partidos de oposição também não teriam sustentação moral se a maior empresa brasileira não tivesse sido alvo de uma quadrilha.
Essa organização criminosa – com direito a ‘pai’, ‘mãe’, ‘filhos’, ‘tios’ etc. – não saqueou apenas. Promoveu um ‘abaporu’, que em tupi guarani significa ‘o homem que come gente’. Promoveu uma espécie de canibalismo, devorando não só uma companhia, como também a própria imagem pública, a economia e o próprio país, ao deflagrar uma grave crise com vieses econômico, político, moral e institucional. É uma fome sem limites. No quadro homônimo da pintora brasileira Tarsila do Amaral, o personagem tem as mãos e os pés bem maiores do que a cabeça. A metáfora em questão é salientar os nítidos rastros que podem ser deixados e que a força bruta ou instintiva é maior do que a inteligência.
Como se não bastasse, os funcionários da estatal estão sendo submetidos a um curso obrigatório e à distância anticorrupção. Querem inverter o efeito pela causa. Porque não foram meros empregados que ‘sangraram’ a empresa. E sim, políticos e funcionários vinculados a três partidos políticos: Progressista (PP), Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o dos Trabalhadores (PT).
Lula é conduzido coercitivamente a depor
Na última sexta-feira (4/3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve de depor à Polícia Federal sob coerção. Os agentes chegaram a seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP), por volta das 6h da manhã, e o conduziram ao aeroporto de Congonhas, onde funciona uma unidade da corporação. Não foi preciso levá-lo até Curitiba, onde centralizam as investigações. Essa 24ª fase da Lava-Jato foi batizada de Aletheia, que significa ‘a busca da verdade’. Enquanto prestava depoimento, do lado de fora ocorriam confrontos entre manifestantes pró-petistas e antipetistas. Uma dúvida aqui é saber se seriam meros militantes ou milícias. Não é nada que os venezuelanos já não conheçam ao longo de anos de Chavismo. Lá, milícias agem em paralelo aos interesses governamentais para provocar tumulto, desordem pública e deslegitimar os protestos antigoverno. Aqui tentam deturpar a liberdade de expressão para prejudicar o trabalho policial. Após mais de três horas depondo, Lula se dirigiu para o diretório municipal do PT em São Paulo.
Lula discursou por mais de 20 minutos a simpatizantes e à imprensa, ‘alfinetou’ a TV Globo, se classificou como o mais honesto do país. Em verdade, ele se considera o próprio Brasil. Mais uma vez, tentou acirrar a velha polaridade entre pobres e ricos e disse que as acusações contra ele são dos que não aceitam o que ele fez em seus dois mandatos. O que parece um mantra é apenas uma saída tangencial. No fundo, não passa de falta de argumentos e de explicações.
Lula não explicou nessa coletiva de imprensa por que empreiteiras investigadas o ‘perseguem’: não disse porque uma delas pagou o transporte de sua mudança e o aluguel de galpões, para que ele pudesse guardar os pertences que levou ao deixar a Presidência da República em 2011, por exemplo. Não explicou por que passa mais tempo num sítio em Atibaia no qual jura não pertencê-lo e que foi reformado por empreiteira ré na operação. A compra de dois sítios nessa região custou R$ 1,5 milhão. Até os pedalinhos num lago no sítio têm o nome de dois netos. Investiga-se também a instalação de uma torre da operadora Oi nesse sítio e que não beneficia a população local. Também não comentou as fortes suspeitas de que a empreiteira OAS tenha gastado pelo menos R$ 380 mil em mobílias e reforma de um apartamento triplex no Guaruja (SP) no qual os investigadores buscam saber se é de sua propriedade. Sobre a emissora de TV, a satirizou, ao dizer que nunca tinha sido convidado para um triplex em Paraty (RJ), supostamente, atribuído à família Marinho e registrado em nome de uma empresa do Panamá. A crítica em relação ao canal televisivo se deve à sua ampla cobertura à operação, especialmente quando ele passa a ser investigado.
A edição do Jornal Nacional, da TV Globo, da última sexta-feira (4), gastou cerca de 50 minutos falando sobre a condução coercitiva do petista e atualizando os telespectadores sobre o Petrolão, outro nome para a Lava-Jato. O tempo dedicado na reportagem incomodou os simpatizantes do petismo. Eles acreditam que se trata de uma distração para ocultar a investigação em andamento contra o presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na operação, e que foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A militância também se queixa da falta de destaque a casos de corrupção em governos anteriores e de partidos de oposição. Crê que a cobertura televisiva se trata de um suposto golpe. Não se perdoa o fato de o canal ter apoiado a Ditadura Militar (1964-1985), apesar de as Organizações Globo já terem se desculpado sobre.
Alguns jornalistas, principalmente desse conglomerado midiático, que tentavam fazer cobertura em frente ao diretório petista, foram agredidos e expulsos pela militância. De novo, confunde-se liberdade de expressão e de manifestação com baderna.
A militância também reclama, principalmente em redes sociais, da falta de investigação e/ou de atenção a supostos esquemas de corrupção cometidos por políticos da oposição. Nisso tem razão. Mas, o que aparenta ser um sentimento de inconformismo perante a supostas injustiças ou de justiça seletiva, pode ser subentendido também como tumulto. Dá a entender que não se está preocupado em combater a corrupção. Parece mais um jogo do tipo se um pode, por que o outro não pode. É preciso levar em conta que em algum momento as mudanças precisam começar.
A condução coercitiva de Lula foi interpretada pela militância como um ataque à democracia. É como se o próprio país tivesse sido agredido. A prática de coerção é comum, quando o indivíduo não comparece ou se recusa a depor, e prevista pelo Código de Processo Penal. O que o ex-mandatário jura não ser o seu caso. Desde o início do Petrolão, 117 pessoas, incluindo Lula, já prestaram depoimento sob coerção. E não se ouviu nenhum chilique por quem quer fosse. A democracia precisa ser para todos. Não pode ser seletiva. Assim como os vazamentos e andamento da investigação. Antes de Lula ser ex-presidente da República, é um cidadão brasileiro. Não está acima da lei nem imune. A Procuradoria-Geral da República de Curitiba rebateu as críticas:
“1. Houve, no âmbito das 24 fases da operação Lava Jato (desde, portanto, março de 2014), cerca de 117 mandados de condução coercitiva determinados pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.
2. Apenas nesta última fase e em relação a apenas uma das conduções coercitivas determinadas, a do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, houve a manifestação de algumas opiniões contrárias à legalidade e constitucionalidade dessa medida, bem como de sua conveniência e oportunidade.
3. Considerando que em outros 116 mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um ex-presidente da República.
4. Assim, apesar de todo respeito que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva merece, esse respeito é-lhe devido na exata medida do respeito que se deve a qualquer outro cidadão brasileiro, pois hoje não é ele titular de nenhuma prerrogativa que o torne imune a ser investigado na operação Lava Jato (...)”.
2. Apenas nesta última fase e em relação a apenas uma das conduções coercitivas determinadas, a do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, houve a manifestação de algumas opiniões contrárias à legalidade e constitucionalidade dessa medida, bem como de sua conveniência e oportunidade.
3. Considerando que em outros 116 mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um ex-presidente da República.
4. Assim, apesar de todo respeito que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva merece, esse respeito é-lhe devido na exata medida do respeito que se deve a qualquer outro cidadão brasileiro, pois hoje não é ele titular de nenhuma prerrogativa que o torne imune a ser investigado na operação Lava Jato (...)”.
A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, usou a máquina pública para se solidarizar com o colega petista. “Em primeiro lugar, eu quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato do ex-presidente Lula, Luiz Inácio Lula da Silva, que por várias vezes compareceu, de forma voluntária, para prestar esclarecimentos perante às autoridades competentes, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um outro depoimento (...)”, criticou. A chefe de Estado o visitou em sua residência no último fim de semana. O partido Democratas protocolou, nesta segunda-feira (7/3), uma representação contra a presidente e o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, por improbidade administrativa. Ele alegou que Rousseff se utilizou de recursos públicos (deslocamento, traslado, segurança etc.) para fins político-partidários.
“Isso é uma loucura total. Se a presidente Dilma quisesse se solidarizar com o amigo e correligionário político, ela deveria ter passado a presidência para o vice Michel Temer e custeado, do próprio bolso, as despesas para ir com sua equipe dar apoio ao ex-presidente, contra uma decisão de um poder constituído. Ela não pode misturar os canais. Vamos representar à Procuradoria-Geral da República para que esse dano ao povo brasileiro seja reparado”, sustentou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
O alvo do petismo é o juiz Sérgio Moro, quem autorizou desde Curitiba a condução coercitiva de Lula. Contudo, ignora-se que o magistrado apenas atendia um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que o ex-governante fosse depor novamente.
“(...) Esse grande esquema era coordenado a partir das cúpulas e lideranças dos partidos políticos que compunham a base do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores, o Partido Progressista e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. O ex-presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política. Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa, tanto no tocante à quitação do empréstimo obtido pelo Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin, por meio do direcionamento ilícito de contrato da Petrobras ao grupo Schahin, a pedido de José Carlos Bumlai, como para que um negócio entre OSX e Sete Brasil se efetivasse. No último caso, há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo Bumlai teria informado, para parente do ex-presidente (...)”, justificou o MPF em Curitiba.
Os investigadores apuram o pagamento, supostamente, dissimulado de R$ 1,3 milhão pela OAS entre 2011 e 2016 à empresa de palestras LILS, que pertence a Lula. Dos R$ 35 milhões que o Instituto Lula recebeu entre 2011 e 2014, R$ 20 milhões foram doados pela Andrade Gutierrez, Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC. Todas essas empresas são investigadas no esquema de corrupção da Petrobras.
A suposta delação de Delcídio do Amaral
A visita de policiais federais à residência do ex-presidente aconteceu um dia após a revista ‘IstoÉ’ divulgar parte da suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). O parlamentar foi preso em novembro passado, e desde fevereiro último está em prisão domiciliar. O réu disse não confirmar o conteúdo da reportagem, mas também não desmentiu. O Palácio do Planalto tratou logo de desacreditá-lo, assim como o PT. Note-se que ele não era um senador qualquer, era o líder do governo perante o Senado.
No suposto documento, o senador licenciado do Partido dos Trabalhadores (PT) declarou que Dilma Rousseff, supostamente, tentou interferir nas investigações da Lava-Jato pelo menos três vezes. Uma delas foi em 2015 durante um encontro em Portugal com o então presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. A segunda tentativa foi a do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso – agora na Advocacia-Geral da União (AGU) –, de indicar o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), Nelson Schaefer, a uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STF). Em troca, o ministro convocado, Dr. Trisotto, teria de votar pela libertação dos acusados Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, e Marcelo Odebrecht, da Odebrecht. No entanto, este magistrado se esquivou da tarefa. A terceira tentativa de melar as investigações seria a nomeação do desembargador Marcelo Navarro, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), para o STJ, condicionada ao voto pela libertação dos dois empresários citados neste parágrafo. Dentre os cinco magistrados da corte, apenas Navarro votou favorável à soltura deles.
Ainda, segundo ‘IstoÉ’, a presidente Dilma Rousseff, supostamente, sabia que havia um esquema de superfaturamento na aquisição de uma petrolífera em Pasadena, no Texas (EUA), por mais de US$ 1 bilhão. Na época, a petista presidia o Conselho de Administração da estatal. Tal revelação reafirma o que disse o doleiro Alberto Yousseff em delação premiada, em 2014, à véspera do segundo turno da eleição presidencial. A suposta delação do parlamentar, que precisa ser homologada pelo STF, aponta para um processo de autofagia no Partido dos Trabalhadores (PT). Se esse processo de autodestruição por conta dos escândalos de corrupção, incluindo o Mensalão, não for uma autofagia, ao menos se trata de uma supernova: a morte de uma estrela. Em astronomia, o último estágio para o fim de uma estrela é ficar na cor vermelha. Depois de se consumir vagarosamente, ela explode, dando origem a um buraco negro ou a uma estrela anã branca.
Desrespeito à institucionalidade
Há poucos dias, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) prestou um grande serviço à nação. Em um vídeo-selfie (abaixo) de apoio a Lula, foi possível ouvi-lo ao fundo e aos berros ao telefone com a presidente Dilma Rousseff. “Eles que enfiem no c... todo o processo”. O apoio saiu pela culatra. O que seria uma representação de vitimização se mostrou um desrespeito à institucionalidade por parte do petista.
Vídeo: Cláudio Dantas Sequeira / YouTube / Reprodução
Vídeo: Cláudio Dantas Sequeira / YouTube / Reprodução
2018
Se para os maias o fim do mundo aconteceria em 2012, para o PT e para o Brasil pode ser em 2018. Lula ameaça vir candidato outra vez. Embora seja sempre uma ameaça em potencial à oposição, é difícil que ele venha de fato a disputar o pleito. Caso perdesse, estaria provocando a supernova petista. Em todo o caso, parece mais inteligente ter o poder de indicar candidatos. Pois, em caso de derrota, não seria diretamente a dele, mas a dos próprios. Uma eventual vitória de Lula, o que é praticamente certo não acontecer, demonstraria que mais da metade dos eleitores brasileiros acharam pouco o Mensalão e o Petrolão.
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