Sábado, 18 de março de 2017 A operação Carne Fraca mostra que no Brasil tanto a carne quanto a mente são fracas Imagem: Agência B...
Sábado, 18 de março de 2017
A operação Carne Fraca mostra que no Brasil tanto a carne quanto a mente são fracas
Imagem: Agência Brasil / Reprodução / Creative Commons
A operação Carne Fraca mostra que no Brasil tanto a carne quanto a mente são fracas
Imagem: Agência Brasil / Reprodução / Creative Commons
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A operação Carne Fraca, deflagrada ontem (17/3) pela Polícia Federal (PF), já é considerada a maior da história da corporação, até mesmo em comparação à Lava-Jato – que investiga a roubalheira na Petrobras –, que já chegou à 38ª fase. Cerca de 1.100 agentes cumpriram 309 mandados judiciais em sete estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal. Foram expedidos 27 mandados de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em empresas, locais de trabalho e residências dos investigados.
Numa investigação que durou mais de dois anos, com a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal dos suspeitos, a PF detectou uma organização criminosa dentro de algumas superintendências regionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O órgão exonerou 33 funcionários. Mediante o pagamento de propina, os servidores protegiam grandes frigoríficos, facilitando a produção de carnes adulteradas e emitindo certificados sanitários sem qualquer tipo de fiscalização. Entre as irregularidades encontradas estão o uso de produtos químicos para adulterar alimentos vencidos, carnes injetadas de água para dar mais peso, o uso de papelão em lotes de frango e o uso de carne de cabeça de porco na fabricação de linguiças. Entre as empresas investigadas estão, por exemplo, a JBS (detentora das marcas Seara e Friboi) e BRF Brasil Foods (dona das marcas Sadia e Perdigão). O suposto esquema abasteceu os partidos do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Progressista (PP).
Em nota, a JBS se defendeu, dizendo que na ordem judicial não há qualquer menção de que seus produtos apresentem irregularidades sanitárias, mas que um funcionário foi citado e que pretende tomar as medidas cabíveis. Declarou que não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta e informou que nos últimos dois anos suas unidades receberam 340 auditorias de qualidade, inclusive de missões internacionais de inspeção de suas mercadorias.
Já a BRF Brasil Foods informou estar colaborando com as investigações e que cumpre as normas e regulamentações sanitárias e de produção, e que não compactua com práticas ilícitas.
Três frigoríficos foram interditados, sendo um de abate de frangos da BRF Brasil Foods em Mineiros (GO) e dois de produção de salsichas e mortadelas da Peccin Agroindustrial em Curitiba (PR) e Jaraguá do Sul (SC).
Considerando que as investigações começaram entre 2013 e 2014, durante o governo da então presidente Dilma Rousseff, note-se que nesse escândalo não aparece o Partido dos Trabalhadores (PT) nessa suposta organização criminosa. Vale frisar que as três legendas supracitadas são investigadas por, supostamente, terem se beneficiado do esquema do Petrolão. Começa-se a desconfiar de que são partidos “arroz de festa”, porque estão em todas ou em quase todas.
O Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) aguarda a conclusão dos relatórios das diligências da Polícia Federal, para oferecer denúncia contra os envolvidos. Eles poderão ser processados por delitos contra a saúde pública e corrupção ativa.
A operação Carne Fraca, assim como a operação Lava-Jato, entre outras de nomes marcantes, difíceis ou cômicos, abrem as vísceras de um Brasil que tanto a carne quanto a mente são fracas. Nos últimos anos, a corrupção e a política do toma lá, dá cá deixaram de ser um modus operandi para se tornar uma forma de governo. É a República Corruptiva do Brasil, país onde os escândalos de corrupção envolvendo políticos, partidos e agentes públicos disputam diariamente com a segurança pública as páginas policiais dos periódicos e os telejornais.
No Brasil, políticos, agentes públicos e empresários mantêm uma relação de mutualismo e de dependência, o que acaba gerando vícios de função e expõem uma política e uma economia extremamente frágeis.
Existe mais corrupção agora do que antes??? Não!!! O que existe é uma polícia mais atuante, eficiente e com maior independência para trabalhar. Mas, cabe ao Ministério Público e à Justiça levar os casos adiante, não deixar que prescrevam e punir os culpados no rigor da lei, independente se possuem ou não foro privilegiado. As prisões deveriam servir de exemplo, mas o único exemplo que os corruptos aqui têm é de que o crime realmente compensa.
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Numa investigação que durou mais de dois anos, com a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal dos suspeitos, a PF detectou uma organização criminosa dentro de algumas superintendências regionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O órgão exonerou 33 funcionários. Mediante o pagamento de propina, os servidores protegiam grandes frigoríficos, facilitando a produção de carnes adulteradas e emitindo certificados sanitários sem qualquer tipo de fiscalização. Entre as irregularidades encontradas estão o uso de produtos químicos para adulterar alimentos vencidos, carnes injetadas de água para dar mais peso, o uso de papelão em lotes de frango e o uso de carne de cabeça de porco na fabricação de linguiças. Entre as empresas investigadas estão, por exemplo, a JBS (detentora das marcas Seara e Friboi) e BRF Brasil Foods (dona das marcas Sadia e Perdigão). O suposto esquema abasteceu os partidos do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Progressista (PP).
Em nota, a JBS se defendeu, dizendo que na ordem judicial não há qualquer menção de que seus produtos apresentem irregularidades sanitárias, mas que um funcionário foi citado e que pretende tomar as medidas cabíveis. Declarou que não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta e informou que nos últimos dois anos suas unidades receberam 340 auditorias de qualidade, inclusive de missões internacionais de inspeção de suas mercadorias.
Já a BRF Brasil Foods informou estar colaborando com as investigações e que cumpre as normas e regulamentações sanitárias e de produção, e que não compactua com práticas ilícitas.
Três frigoríficos foram interditados, sendo um de abate de frangos da BRF Brasil Foods em Mineiros (GO) e dois de produção de salsichas e mortadelas da Peccin Agroindustrial em Curitiba (PR) e Jaraguá do Sul (SC).
Considerando que as investigações começaram entre 2013 e 2014, durante o governo da então presidente Dilma Rousseff, note-se que nesse escândalo não aparece o Partido dos Trabalhadores (PT) nessa suposta organização criminosa. Vale frisar que as três legendas supracitadas são investigadas por, supostamente, terem se beneficiado do esquema do Petrolão. Começa-se a desconfiar de que são partidos “arroz de festa”, porque estão em todas ou em quase todas.
O Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) aguarda a conclusão dos relatórios das diligências da Polícia Federal, para oferecer denúncia contra os envolvidos. Eles poderão ser processados por delitos contra a saúde pública e corrupção ativa.
A operação Carne Fraca, assim como a operação Lava-Jato, entre outras de nomes marcantes, difíceis ou cômicos, abrem as vísceras de um Brasil que tanto a carne quanto a mente são fracas. Nos últimos anos, a corrupção e a política do toma lá, dá cá deixaram de ser um modus operandi para se tornar uma forma de governo. É a República Corruptiva do Brasil, país onde os escândalos de corrupção envolvendo políticos, partidos e agentes públicos disputam diariamente com a segurança pública as páginas policiais dos periódicos e os telejornais.
No Brasil, políticos, agentes públicos e empresários mantêm uma relação de mutualismo e de dependência, o que acaba gerando vícios de função e expõem uma política e uma economia extremamente frágeis.
Existe mais corrupção agora do que antes??? Não!!! O que existe é uma polícia mais atuante, eficiente e com maior independência para trabalhar. Mas, cabe ao Ministério Público e à Justiça levar os casos adiante, não deixar que prescrevam e punir os culpados no rigor da lei, independente se possuem ou não foro privilegiado. As prisões deveriam servir de exemplo, mas o único exemplo que os corruptos aqui têm é de que o crime realmente compensa.
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