O PSDB de Aécio Neves que pediu a cassação da chapa Dilma-Temer é citado por recebimento de doação via caixa dois na campanha de 2014

Sexta-feira, 03 de março de 2017 Imagem: Agência Brasil / Reprodução / Creative Commons Aécio Neves também já foi citado como supost...

Sexta-feira, 03 de março de 2017

Imagem: Agência Brasil / Reprodução /
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Aécio Neves também já foi citado como suposto
beneficiário de propinas em Furnas

Em audiência nessa quinta-feira (2/3) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente de Odebrecht Infraestrutura Benedito Júnior disse que a empresa teria, supostamente, repassado R$ 9 milhões via caixa dois para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), em 2014, ano de campanha eleitoral, depois que o presidente da legenda, senador Aécio Neves – à época candidato a presidente da República –, pediu doações oficiais no valor de R$ 15 milhões ao empresário Marcelo Odebrecht, informou o jornal ‘O Globo’. O depoimento foi dado no processo que trata da cassação da chapa Dilma-Temer, que poderia fazer com o que presidente Michel Temer (PMDB-SP) perdesse o mandato.

Em nota, Aécio Neves (PSDB-MG) disse que, como dirigente partidário, solicitou ‘apoio para inúmeros candidatos de Minas [Gerais] e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei’ e que todas as contribuições recebidas na última campanha presidencial ‘foram oficiais’.

Não é novidade para ninguém que logo após a reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT-RS), em 2014, o PSDB ingressou com uma ação no TSE, instando a cassação da chapa Dilma-Temer. O argumento para tirar o reinado do Partido dos Trabalhadores (PT) era de que a campanha petista, supostamente, recebeu dinheiro de corrupção, principalmente de empreiteiras investigadas no esquema de roubalheira da Petrobras. Na época, a mandatária acusou a oposição de tentar promover um ‘terceiro turno’ eleitoral. Mas, isso não colou, e cada vez mais a coligação vencedora tinha a imagem desgastada ante a opinião pública por conta dos escândalos aos quais seu partido estava involucrado. 

Isso foi em 2014 e já estamos em 2017. O processo ainda não foi julgado pela máxima corte eleitoral. A chapa Dilma-Temer é investigada por ter, supostamente, recebido via caixa dois R$ 150 milhões da Odebrecht, uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava-Jato e que é o pivô de escândalos de corrupção tanto no Brasil quanto em vários países latino-americanos, por exemplo.

Em nota, a assessoria de imprensa de Dilma Rousseff (PT-RS) falou que ‘a verdade irá prevalecer’ e tachou de ‘mentirosa’ a informação de que ela tivesse pedido a Marcelo Odebrecht, via caixa, dois doações para as campanhas de 2010 e 2014. Também acrescentou que as contas das duas campanhas foram aprovadas pelo Justiça Eleitoral.

“(...) Também não é verdade que Dilma Rousseff tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais. Nas duas eleições, foram designados tesoureiros, de acordo com a legislação. O próprio ex-ministro Guido Mantega desmentiu tal informação.

A insistência em impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos.

Estranhamente, são divulgadas à imprensa, sempre de maneira seletiva, trechos de declarações ou informações truncadas. E ocorrem justamente quando vêm à tona novas suspeitas contra os artífices do golpe de 2016, que resultou no impeachment da ex-presidenta da República (...)”, manifestou a assessoria da petista.

O marqueteiro João Santana, responsável pela campanha de 2014 de Dilma Rousseff, é investigado no Petrolão por, supostamente, ter recebido dinheiro de caixa dois no exterior por parte de empreiteiras investigadas no esquema. Os investigadores apuram se a grana foi pagamento da campanha petista ou não. Ele foi preso no ano passado durante a operação Acarajé, um dos desdobramentos do Lava-Jato junto com a esposa Mônica Moura.

É sabido também que a oposição se antecipou ao longo processo na corte eleitoral e promoveu o juízo político contra Dilma Rousseff, com o protagonismo do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), cujo vice integra a chapa Dilma-Temer. Seu processo de impeachment, autorizado pela Câmara, então comandada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi aberto pelo Senado, do então senador Renan Calheiros (PMDB-AL), em 12 de maio de 2016, data que Michel Temer assumiu provisoriamente a presidência da República. Em 31 de agosto do mesmo ano, ela perdeu definitivamente o cargo.  Ao longo desses três meses, o país acompanhou inerte os noticiários que relatavam áudios de ‘caciques’ peemedebistas conversando sobre a importância de tirar a petista do poder, para diminuir a pressão da opinião pública sobre as investigações nas quais são acusados de terem se beneficiado do esquema que quase arruinou a Petrobras. No entanto, não se pode dizer que ela tenha sido vítima, porque pesava a acusação de suposto crime de responsabilidade, ou seja, de maquiar as contas públicas para gerar saldo positivo.

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