‘Tomei pancada de tudo o que é lado, principalmente das bibas que têm na imprensa’, diz Silas Malafaia em entrevista ao SBT

Quinta-feira, 16 de março de 2017 Imagem: Conexão Repórter - SBT / YouTube / Reprodução Malafaia não gritou tanto para tentar impor...

Quinta-feira, 16 de março de 2017

Imagem: Conexão Repórter - SBT /
YouTube / Reprodução

Malafaia não gritou tanto
para tentar impor sua opinião

O pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Avec), jura que não é homofóbico nem preconceituoso. Costuma dizer que ama o pecador, mas não o pecado. Mas, seu modo de pensar, imposto por seu dogma religioso, o faz cair em contradição, cria uma linha tênue entre o que faz e o que fala e expõe seu radicalismo. Em entrevista (foto 1) ao programa Conexão Repórter, do ‘SBT’, exibido no último domingo (12/3), se refere pejorativamente a jornalistas homossexuais – sem nominá-los – como ‘bibas’. A parte abordada por OPINÓLOGO está a partir dos 6 minutos e 30 segundos da primeira parte do programa disponível no YouTube.

“Tomei pancada de tudo o que é lado, principalmente, com todo o respeito, das ‘bibas’ que têm na imprensa. A imprensa tem muitas ‘bibas’, desculpa o meu português, mas tem que dizer, Cabrini”, disse Malafaia ao apresentador Roberto Cabrini.

“O senhor não está sendo preconceituoso?”, questionou o repórter.

“Não! Eu tô (sic) sendo verdadeiro, eu não vou dar nome pra não ficar chato”, respondeu o pastor.

“Quantas vezes já perguntaram para o senhor se o senhor é homofóbico?”, continuou o apresentador.

“Várias. Eu fico rindo, porque eu sinto que o cara não sabe o que é homofobia, porque homofobia é a psiquiatria que determina, não é o movimento gay. O movimento gay quer rotular o que é homofóbico ou não”, completou o líder religioso.

Os diálogos fazem parte do contexto da conversa sobre o conceito de família, que na opinião de Malafaia é formada por um casal heterossexual e sua descendência. “Porque toda história da humanidade tá (sic) sustentada no homem, na mulher e sua prole. Isso aqui é a humanidade, história da civilização é isso. Querem mudar esse status? Vamos ver o resultado nas gerações futuras”, comentou o líder da Avec.

Durante alguns dias, Roberto Cabrini acompanhou a rotina de Silas Malafaia, em sua residência, na igreja e na editora que o pertence. Ele também mostrou o abrigo para recolher moradores de rua que tem em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Criticou a Disney por ter exibido um beijo entre dois personagens do sexo masculino, pois segundo ele, poderia influenciar as crianças. Só não ficou claro se ele falou como pastor ou como portador de diploma de Psicologia, já que ele costuma se apropriar da ciência para justificar suas posições dogmáticas. Ele negou ter a fortuna de R$ 300 milhões, estimada pela revista ‘Forbes’ em 2013, e afirmou não explorar a fé alheia para enriquecimento pessoal. E também falou sobre os políticos aos quais se arrependeu de ter apoiado em campanhas eleitorais.

Imagem: @pastormalafaia / Twitter / Reprodução

A postagem o inocenta ante a opinião pública

O foco da reportagem, com mais de 40 minutos de duração, era permitir que ele desse sua versão sobre a acusação de que, supostamente, utilizou uma de suas contas para lavar dinheiro de corrupção. Em dezembro passado, o pastor foi alvo da operação Timóteo, que apura um esquema de desvios de royalties do petróleo. Foi indiciado pela Polícia Federal, por ter recebido uma doação de R$ 100 mil em 2013. A cifra foi declarada à Receita Federal e divulgada na época durante um culto aos fieis. Ele nega participação. Em fevereiro passado, reportagem da revista ‘IstoÉ’ fala de seu indiciamento. Malafaia criticou a publicação e disse tratar-se de matéria ‘requentada’. Uma notinha postada na semana passada no blog do colunista Lauro Jardim, em ‘O Globo’, informa que um dos envolvidos no caso teria confirmado aos investigadores que a quantia dada ao líder religioso foi realmente doação. Silas Malafaia não deixou por menos, compartilhou o link várias vezes em suas redes sociais e desafiou (foto 2) a imprensa a dar destaque a isso. A mesma imprensa que ele critica e a qual ele depende para limpar seu nome ante a opinião pública.

O nome da operação se deveu ao primeiro livro bíblico de Timóteo, que fala sobre cair em tentação e em desejos descontroláveis para ficar rico.

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